Armando regimes autoritários no Oriente Médio
FRONTPAGE MAGAZINE - Moshe Phillips - 25 Junho, 2025
Por que Israel teve que destruir caças de fabricação americana no Irã?
Quando a Força Aérea Israelense destruiu dois caças F-14 em uma base aérea iraniana em 16 de junho, muitos americanos fizeram a mesma pergunta:
Como o Irã — um inimigo jurado dos Estados Unidos e de Israel — acabou com aeronaves militares de primeira linha fabricadas nos Estados Unidos?
A resposta, por mais incômoda que seja, deve servir como um poderoso alerta. Os EUA venderam esses F-14 para o Irã antes da Revolução Islâmica de 1979, quando o Irã era governado pelo Xá e visto como um aliado estratégico dos EUA na região. Mas quando o regime do Xá caiu e extremistas islâmicos tomaram o poder, esses mesmos caças caíram nas mãos dos adversários dos EUA.
Isto não é história antiga. É uma lição sobre os riscos a longo prazo de armar regimes autoritários — especialmente no volátil Oriente Médio — e é mais relevante do que nunca hoje.
Nos últimos anos, os EUA concordaram em vender sua aeronave mais avançada, o caça stealth F-35, para países como os Emirados Árabes Unidos (EAU). O Bahrein e outros regimes autoritários do Golfo também manifestaram interesse em adquirir tecnologia semelhante. Essas vendas podem ser vistas como vitórias diplomáticas ou benefícios econômicos de curto prazo, mas representam profundos riscos estratégicos.
Os recursos militares mais sofisticados dos Estados Unidos não devem ser colocados nas mãos de governantes autoritários, cujo controle do poder é inerentemente instável. O regime "amigável" de hoje pode se tornar o adversário de amanhã. Como vimos no Irã, basta uma única revolução ou golpe para que armas de fabricação americana sejam usadas contra os interesses americanos — ou de nossos aliados.
O caso dos F-14 iranianos, destruídos há poucos dias pelo exército israelense, não deve ser descartado como uma relíquia da Guerra Fria. Essas aeronaves, outrora símbolos da parceria EUA-Irã, tornaram-se ameaças potenciais que precisavam ser neutralizadas pela força. Não podemos permitir que a história se repita.
Aqueles que defendem o armamento dos ditadores do Oriente Médio frequentemente apontam para alinhamentos temporários de interesses. Citam inimigos comuns, como o Irã ou grupos extremistas. Destacam oportunidades econômicas para empresas de defesa americanas. Mas esse tipo de pensamento é perigosamente míope.
O que acontece quando esses regimes caírem? E se os governantes de amanhã, em Abu Dhabi ou Manama, não forem tão cooperativos com Washington quanto os de hoje? Será que devolverão os F-35 e outros sistemas avançados, por boa vontade? É altamente improvável. E, uma vez que essas armas estejam em mãos estrangeiras, elas podem ser submetidas a engenharia reversa, vendidas a adversários ou usadas para ameaçar aliados americanos, como Israel.
Os críticos podem argumentar que a retenção de armas levará esses países a recorrer a outros fornecedores, como China ou Rússia. Essa pode ser uma preocupação. Mas comprometer nossa própria segurança nacional — e a de nossos aliados mais próximos — não é uma solução. A política externa dos EUA deve ser pautada por interesses estratégicos de longo prazo, não por ganhos econômicos ou conveniências políticas de curto prazo.
Os Estados Unidos devem priorizar parcerias com aliados democráticos — nações que compartilham nossos valores e são governadas pelo Estado de Direito. Israel é um excelente exemplo. Suas instituições democráticas, a supervisão civil das Forças Armadas e os profundos laços culturais e políticos com os EUA tornam Israel um receptor muito mais seguro de tecnologia de defesa sensível do que qualquer autocracia no Golfo.
Os eventos de 16 de junho devem servir de alerta para o Congresso. Os legisladores precisam agir agora para impor limites rigorosos à venda de sistemas de armas avançados para regimes autoritários. Isso inclui não apenas caças, mas também sistemas de mísseis, tecnologia de vigilância e outros ativos militares de alto nível.
É hora de reconsiderar a venda de armas como ferramenta diplomática. Em vez de recompensar regimes que reprimem a dissidência e limitam as liberdades, os Estados Unidos deveriam promover a estabilidade regional por meio de alianças mais fortes com parceiros democráticos, controles de exportação mais rigorosos e uma ênfase renovada nos direitos humanos em nossas decisões de política externa.
Não podemos mudar o passado. Os F-14 vendidos ao Irã do Xá podem finalmente ter desaparecido. Mas podemos aprender com esses erros. Vender os caças mais avançados do mundo para ditadores pode servir a objetivos estratégicos de curto prazo, mas as consequências a longo prazo podem ser catastróficas.
Vamos garantir que, daqui a alguns anos, não estejamos perguntando como os F-35 de fabricação americana foram parar nas mãos do inimigo e lamentando o fato de não termos agido quando tivemos a chance.