China se expande: exportações, companhias aéreas e logística
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29.01.2025 por Anders Corr
Tradução: César Tonheiro
As exportações da China estão sendo bem sucedidas — com um recorde de US$ 3,4 trilhões em 2024 — de acordo com dados divulgados por Pequim em 14 de janeiro. Grande parte desse dinheiro alimentará os gastos militares destinados a conquistar Taiwan e derrotar qualquer tentativa dos Estados Unidos de defender a democracia da ilha.
As tarifas dos EUA e aliados sobre a China subjugarão um pouco a expansão econômica da China, mas não resolverão todo o problema.
Muitas empresas chinesas estão se mudando para o exterior — incluindo Vietnã, México, Indonésia, Tailândia, Hungria e Alemanha — para evitar as tarifas dos EUA. Algumas empresas globais de logística, entre elas países americanos e europeus, estão entrando para ajudar seus clientes chineses (e lucrar) enviando alguns de seus funcionários chineses para o exterior.
Todas essas empresas também tiveram contratos com o governo dos EUA. Seus clientes incluem o Exército dos EUA, o Departamento de Estado e o FBI, o que levanta preocupações de segurança nacional. Os cidadãos chineses que trabalham para empresas de logística em países no exterior podem acessar mais facilmente dados sobre remessas do governo dos EUA para ou através desses países.
Também é preocupante o potencial do Partido Comunista Chinês (PCC) de usar cidadãos chineses que trabalham para empresas de logística global para espionagem industrial ou influência política.
Uma reportagem de 12 de janeiro no Financial Times citou o diretor-gerente da China de uma empresa francesa com sede em Marselha dizendo que a equipe chinesa da empresa no exterior poderia ajudar os clientes chineses a "se comunicar e entender melhor a política local". Há uma área cinzenta aqui em que pode haver questões de segurança envolvidas.
Uma terceira questão é que algumas empresas de logística poderiam ajudar a China a se evadir das tarifas dos EUA. Embora isso possa ser legal atualmente, há um movimento em Washington para fechar a brecha, por exemplo, de empresas chinesas que montam peças chinesas em produtos no México [maquiladoras] para exportação livre de tarifas para os Estados Unidos.
O indicado do presidente Donald Trump para representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, propôs uma solução para esse problema. Greer gostaria de limitar a entrada de produtos chineses nos Estados Unidos através de países terceiros, negando a essas importações tratamento preferencial, segundo o acordo de livre comércio EUA-México-Canadá (USMCA). A restrição também se aplicaria a produtos fabricados com grande quantidade de peças chinesas, como automóveis e eletrodomésticos. Deve-se aplicar a qualquer proporção do valor de um bem, incluindo apenas 1%, que vem de peças originárias da China.
Uma questão relacionada na Europa é o papel crescente das companhias aéreas comerciais estatais da China devido à proibição de voos para companhias aéreas ocidentais sobre a Rússia. Moscou retaliou contra a maioria das companhias aéreas dos EUA e da Europa como parte da guerra na Ucrânia, proibindo seus voos sobre o espaço aéreo russo. Mas Moscou não proibiu as companhias aéreas chinesas, o que dá às três grandes — Air China, China Eastern e China Southern — uma vantagem crítica sobre a concorrência ocidental em tempos de voo e custos de combustível reduzidos.
Pequim está pressionando ainda mais as companhias aéreas ocidentais, subsidiando suas próprias companhias aéreas, apesar das perdas persistentes. As três grandes companhias aéreas chinesas perderam US$ 1,8 bilhão em 2023, por exemplo. Os subsídios de Pequim podem ser voltados para aumentar a influência política e econômica do regime chinês na Europa, sem mencionar os gastos dos turistas europeus para impulsionar a economia da China.
As três grandes da China oferecem voos diretos entre a Europa Ocidental e a China com uma economia de custos de até 35% em comparação com as companhias aéreas ocidentais. Como resultado, as três grandes provavelmente tiveram um aumento de 45% no tráfego entre a China e três países europeus — Reino Unido, Espanha e Itália — nos três primeiros trimestres de 2024 em comparação com 2019.
Os voos entre a China e a Arábia Saudita também tiveram um aumento maciço de mais de 700% no mesmo período. Isso é preocupante, dada a importância da Arábia Saudita para as importações de energia dos EUA e o sistema de alianças dos EUA no Oriente Médio. Compare o aumento dos voos China-Arábia Saudita com os voos China-EUA, que caíram 70% desde 2019.
Não há uma boa razão para que as companhias aéreas da China se beneficiem às custas das companhias aéreas ocidentais devido à proibição da Rússia e aos subsídios injustos de Pequim. No mínimo, os Estados Unidos e a União Europeia devem impor tarifas para compensar ambos os efeitos.
A expansão global das companhias aéreas, empresas de logística e fábricas voltadas para a exportação da China criou uma rede poderosa que alimentará os gastos militares de Pequim. Essa rede está em grande parte sob o comando do PCC e pode ser usada para espionagem, hackeamento, sabotagem, suborno e operações de influência política.
Os Estados Unidos, a Europa e nossos outros aliados globais devem fazer muito mais para limitar a expansão dessa rede global e revertê-la sempre que possível. Para salvar a democracia, a briga agora deve rolar solta.
As opiniões expressas neste artigo são opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.
Anders Corr é bacharel / mestre em ciência política pela Universidade de Yale (2001) e doutor em governo pela Universidade de Harvard (2008). Ele é diretor da Corr Analytics Inc., editora do Journal of Political Risk, e conduziu uma extensa pesquisa na América do Norte, Europa e Ásia. Seus livros mais recentes são "A Concentração de Poder: Institucionalização, Hierarquia e Hegemonia" (2021) e "Grandes Potências, Grandes Estratégias: o Novo Jogo no Mar da China Meridional" (2018).
https://www.theepochtimes.com/opinion/china-expands-exports-airlines-and-logistics-5798671