Colômbia: Todos a defender a Constituição de 1991
Este é um chamado patriótico para confrontar um movimento aberto a todos, pluralista, dialogante mas firme e determinado, em defesa da Constituição de 1991, com manifestações pacíficas e maciças, todos os sábados, em cada cidade da Colômbia.
Tradução: Graça Salgueiro
Serão manifestações entusiasmadas, não silenciosas, com tribunas e oradores, volantes, cartazes, bandeiras e livros, um sábado após o outro, até que Gustavo Petro renuncie a seu propósito anti-colombiano de querer abolir nossa querida Constituição e impor um estatuto imundo, brutal, sem verdadeiros direitos, liberdades e deveres, quer dizer, uma vertical do poder copiada das ditaduras de Putin, Ortega e Maduro.
“É melhor acender uma pequena chama do que queixar-se da escuridão”, diz um conhecido ditado. Ele resume bem o que temos que fazer, as maiorias amplíssimas da Colômbia que não suportamos mais o caos subversivo instalado na cúpula da administração pública por Gustavo Petro e sua claque voraz que tratam de se impor e perpetuar-se pela força, a corrupção, a demolição e a mentira.
Acendamos pois uma chama e não permitamos que o pessimismo e a queixa de que “ninguém luta” e tudo está perdido nos divida e nos deixe sem orientação. Na realidade, milhões de colombianos lutam em centenas de cidades e povoados, com seus meios limitados ou importantes. São eles a grande oportunidade que o país tem de evitar ir como cordeiros para uma eleição presidencial trucada pela minoria petrista. Acendamos uma tocha que nos guie na noite.
Tal é a primeira resposta que se impõe a nós no momento atual: a tomada das ruas e avenidas, de forma pacífica, reiterada e inflexível.
A segunda está intimamente ligada à anterior. Seu propósito é examinar se a busca e obtenção de aliados é um impulso legítimo. Temos o direito de defender os interesses da Pátria? Temos o direito de defender as liberdades e nossas instituições democráticas acorrendo também à ajuda exterior?
Não é certo o que Petro gesticula nestes dias: que pedir ajuda estrangeira e diplomática e política neste combate contra o totalitarismo que ele impulsiona é incorrer em traição à pátria. Não o é pois Petro não é, nem representa, nem simboliza, nem encarna a Pátria.
O presidente Petro trata de inocular essa idéia dissolvente desde 2 de julho passado, quando disse que iniciará uma demanda penal contra seu ex-ministro Álvaro Leyva Durán “por conspiração e traição à pátria”, por este haver, supostamente, pedido apoio a senadores republicanos dos Estados Unidos, para impedir o agravamento do desastre petrista e a re-eleição em 2026 do atual inquilino da Casa de Nariño.
Sem entrar na discussão de se Leyva Durán tem ou não razão ao denunciar os graves excessos de ordem pessoal e política do atual chefe de Estado, é indispensável reiterar que é legítimo que um povo que luta pela perenização de suas liberdades contra um poder brutal e minoritário que não respeita as leis nem a Constituição, peça todo tipo de ajuda e respaldo internacional.
A re-eleição como presidente motiva toda a ação desesperada de Petro. Porém, essa re-eleição não é permitida pela Constituição de 1991. Isso explica os descomunais esforços retóricos e financeiros - subtraídos do tesouro público -, utilizados pelo governo para passar, se o permitirmos, por cima da ordem jurídica superior, mediante uma constituinte encardida, de algibeira, escolhida a dedo pelos efêmeros colaboradores do chefe de Estado.
Sem um pacto geral entre todos os partidos de oposição que aceitem federar-se para vigiar as votações em cada mesa nos dias eleitorais de 2026, os petristas utilizarão milhares de “testemunhas” eleitorais pagas, como em 2022, para impor, em cada urna, as cifras que o petrismo dite.
Se os atuais 35 pré-candidatos e seus partidos se comportam como atletas centrados em seus partidários e em apenas sua performance individual, a minoria petrista desgastada vencerá a maioria nas eleições de 2026.
Ontem, 9 de julho, o sistema deu um primeiro passo para enredar essas eleições. A Registradoria Nacional do Estado Civil confirmou que havia entregado à empresa Thomas Greg & Sons a “solução integral logística, tecnológica, informática e de serviços para a organização e realização das eleições presidenciais de 2026”, mediante um contrato que ascende aos 2,1 bilhões de pesos. Isso é o que a RNEC chama “a logística” das eleições do próximo ano.
Essa firma, propriedade dos irmãos Bautista, havia montado o questionado cenário de 2022: com as horríveis urnas opacas de papelão sob a mesa e entre as pernas dos jurados, e estes todos vindos de um grêmio ultra politizado (FECODE); com fraca presença dos partidos, incapazes de verificar os conteúdos de formulários e resumos; com transmissão de dados unicamente mediante as redes e serviços de telecomunicações dessa firma, e com diferenças entre os votos depositados em cada urna e as cifras transmitidas ao centro da RNEC em Bogotá.
Esse trabalho havia sido deixado nas mãos de Thomas Greg & Sons. Agora essa firma volta a ser protagonista, quando, pelo contrário, a Registradoria Nacional do Estado Civil e o Conselho Nacional Eleitoral deveriam recuperar a direção e a vigilância efetiva das eleições. A Procuradoria Geral da Nação também deve se articular a cada uma das provas técnicas realizadas e não só “a seis componentes do processo”, como diz a resolução da RNEC.
O silêncio ensurdecedor que a RNEC e o CNE mantêm sobre o voto eletrônico e os equipamentos de software de votar e escrutinar deve terminar: o país sabe que as experiências de 2022 foram negativas e que o Estado deve voltar ao método seguro e verificável do voto em papel, empregado nas democracias avançadas. Estas rechaçam o voto digital por suas falhas intrínsecas: por ser suscetível de ser penetrado por hackers exteriores e pela impossibilidade de verificar a legalidade das aplicações, algorítimos, protocolos e firmwares embarcados.
O dia das eleições legislativas e as duas da eleição presidencial devem ser preparados pelos partidos de oposição como verdadeiros combates em cada mesa de votação, não como trâmites sem substância.
Chama muito a atenção a atitude que Petro adota ante a volta de Thomas Greg & Sons: “Desconfio da transparência das eleições de 2026”, afirmou em explicação alguma. Tem razão o prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez, ao responder nesse 9 de julho: “Eu desconfio de quem foi eleito congressista, prefeito de Bogotá e presidente com o sistema eleitoral atual, e hoje diz desconfiar dele, só com a intenção de ficar no poder ao saber que em 2026 não ganhariam as eleições através de mecanismos democráticos. Olho, Colômbia, e olho comunidade internacional. Assim começam as ditaduras”.
As mobilizações entusiasmadas, um sábado após o outro, não silenciosas, com debates, tribunas e oradores, com cartazes, bandeiras, volantes e livros, são o coração do dispositivo para impedir que uma nova fraude eleitoral decida os destinos do país. “É melhor acender uma pequena chama que se queixar da escuridão”.
https://lalinternaazul2.wordpress.com/2025/07/11/todos-a-defender-la-constitucion-de-1991/