Confiança das empresas da UE na China cai para mínimos históricos, diz inquérito
Os resultados indicam que uma dissociação silenciosa está em andamento, de acordo com um analista.
01.06.2025 por Alex Wu
Tradução: César Tonheiro
A confiança das empresas europeias que operam na China caiu para um nível recorde, de acordo com uma pesquisa anual, com os entrevistados citando a desaceleração econômica da China e o aumento das tensões geopolíticas.
Na Pesquisa de Confiança Empresarial 2025 da Câmara de Comércio da União Europeia na China, publicada em 28 de maio, um recorde de 73% dos 503 entrevistados disseram que é mais difícil fazer negócios na China. A pesquisa com 503 membros da câmara foi realizada em janeiro e fevereiro, antes da escalada da guerra tarifária em abril.
Apenas 5% das empresas da UE acreditavam que a situação havia melhorado, sendo o menor percentual desde que a pesquisa foi realizada pela primeira vez em 2011.
29% das entrevistadas relataram otimismo sobre suas perspectivas de crescimento na China nos próximos dois anos. Apenas 12% das entrevistadas estavam otimistas sobre a lucratividade futura na China nos próximos dois anos, caindo 3% em relação ao ano passado. Ambos os números são mínimos históricos.
Enquanto isso, um recorde de 49% das entrevistadas expressaram pessimismo sobre a lucratividade futura na China nos próximos dois anos.
Além disso, 60% das empresas pesquisadas expressaram pessimismo sobre a pressão competitiva futura, indicando que a atratividade do mercado chinês para empresas de capital estrangeiro está diminuindo.
"A incerteza resultante da escalada das tensões comerciais e geopolíticas, as preocupações com a economia doméstica da China e a persistente deflação dos preços ao produtor pesam nas mentes das empresas europeias e chinesas", disse Jens Eskelund, presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China, sobre os resultados da pesquisa.
Um recorde de 63% das entrevistadas disseram que perderam oportunidades de negócios na China no ano passado devido a restrições de acesso ao mercado e barreiras regulatórias.
Entre as empresas pesquisadas, 44% acreditavam que era difícil alcançar uma concorrência justa entre empresas estrangeiras e locais, indicando que a desigualdade institucional ainda é grave na China.
O relatório descreve o mercado chinês como "uma economia, dois sistemas". Em particular, em setores como tecnologia da informação, dispositivos médicos e direito, as empresas estrangeiras há muito são limitadas por requisitos de localização e incertezas de conformidade. Além disso, os membros da Câmara de Comércio da UE geralmente temem que as políticas de compras públicas da China tenham uma orientação de compra de produtos domésticos desfavorável às empresas estrangeiras, comprimindo ainda mais o espaço operacional das empresas estrangeiras, de acordo com o relatório da pesquisa.
"Nossa principal mensagem para os formuladores de políticas é: a disparidade entre o crescimento da oferta e a demanda está corroendo os lucros e a confiança das empresas. Alcançar um melhor equilíbrio não apenas beneficiaria as empresas e tornaria a China um destino de investimento mais atraente, e também poderia levar a uma redução nas tensões comerciais", disse Eskelund.
O economista norte-americano Davy J. Wong disse ao Epoch Times que a pesquisa da Câmara de Comércio da UE revela "um profundo declínio na confiança empresarial entre as empresas europeias que operam na China, o que revela que é fundamentalmente uma quebra sistêmica da confiança".
Isso se deve à "crescente imprevisibilidade do ambiente regulatório e político da China", disse Wong, já que as empresas da UE não sabem "se as regras de hoje ainda se aplicarão amanhã".
Além da crescente falta de transparência regulatória do regime chinês, Wong disse que "o crescente alinhamento político com regimes autoritários como Rússia, Irã e Coreia do Norte" e as "ameaças à propriedade intelectual e à liderança da transição energética" também contribuíram para o declínio da confiança das empresas da UE em fazer negócios na China.
Frank Xie, professor de negócios da Universidade da Carolina do Sul Aiken, disse ao Epoch Times em 28 de maio que "as empresas estrangeiras estão perdendo a confiança porque a economia chinesa está em declínio".
Ele observou que, ao contrário das empresas americanas que produzem bens na China e os exportam para os Estados Unidos, "muitas empresas europeias vêm produzir para vender bens na China".
"Portanto, a Europa é um pouco dependente da China como mercado externo, e eles produzem na China", disse Xie.

Ele disse que "a demanda no mercado chinês está diminuindo e a economia chinesa está em declínio, e não está mais tão fácil para essas empresas europeias ganhar dinheiro na China, então elas perderam a confiança".
'Dissociação silenciosa'
Houve mais empresas da UE que já retiraram investimentos existentes ou decidiram se retirar, atingindo 17% e 16%, respectivamente, 4% a mais do que no ano passado, de acordo com a pesquisa.
No entanto, a pesquisa também descobriu que 26% das entrevistadas relataram mais transferência de suas cadeias de suprimentos para a China, o que representa um aumento de 5% em relação ao ano anterior.
Wong disse que esse movimento dos 26% das empresas pesquisadas "não deve ser interpretado erroneamente como um voto de confiança renovada".
"Em vez disso, reflete uma recalibração tática", disse ele.
Ele disse que "o reshoring para a China oferece vantagens de custo e eficiência de curto prazo, que atuam como um sistema de proteção para a volatilidade global". No entanto, em alguns casos, acrescentou, "sinaliza uma consolidação pré-saída — um reposicionamento, não um reinvestimento".
Wong disse que a pesquisa mostra que "a verdadeira transformação em andamento é uma dissociação silenciosa".
"As empresas não estão 'deixando a China' inteiramente, mas adotando uma arquitetura em camadas: China para receita, Sudeste Asiático para manufatura e Europa para PI e isolamento geopolítico."
Luo Ya e Chen Ting contribuíram para este relatório.