Uma atualização sobre a Síria: sunitas massacram alauítas, estabilidade do regime, outrora um jihadista e os interesses duradouros do Irã
Por Winfield Myers
29 de março de 2025
Começamos nossa edição sobre a Síria com a análise de Daniel Pipes sobre o recente massacre sunita de alauítas. Pipes lembra ao Ocidente que repelir a agressão islâmica representa um interesse ocidental central — além disso, a responsabilidade moral exige ação urgente para evitar um possível genocídio.
A partir daí, oferecemos várias análises — e alertas — sobre o novo regime em Damasco, que continua sendo jihadista em natureza e intenção (apesar de ternos e gravatas). O líder sírio Ahmed al-Sharaa não tem desejo de abandonar a maioria de seus aliados jihadistas, e nenhuma capacidade de fazê-lo para não enfraquecer seu regime fatalmente. O Irã, ferido, mas ainda determinado, não desistirá.
Terminamos com o apelo de Michael Rubin para que o novo presidente do Líbano, Joseph Aoun, não desperdice o momento, mas o aproveite e resgate o Líbano enquanto pode. Se ele falhar, não terá ninguém para culpar além de si mesmo.
"Não deixem ninguém vivo": sunitas contra alauitas na Síria
O massacre de mais de 3.000 alauítas desarmados entre 6 e 10 de março ressalta a vulnerabilidade de longa data da comunidade e o potencial explosivo de violência sectária na Síria.
Este evento trágico destaca a posição precária dos alauítas em uma nação profundamente dividida.
Frequentemente perseguidos e às vezes massacrados durante os últimos dois séculos, os alauítas se isolaram geograficamente do mundo exterior permanecendo em suas terras altas.
Contexto: A ascensão dos alauítas ao poder em 1966 derrubou o domínio sunita tradicional.
O domínio implacável da Síria pelos alauítas pelos 58 anos seguintes fez com que a maioria da população muçulmana sunita do país se rebelasse em 2011, levando a uma guerra civil em larga escala que terminou em dezembro de 2024, quando os sunitas derrubaram o governo alauíta e retornaram ao poder.
O panorama geral: para os sunitas, uma decisão alauíta em Damasco é comparável a um “intocável” se tornando marajá ou um judeu se tornando czar — um acontecimento sem precedentes e chocante.
Seu domínio provocou profundo ressentimento entre a maioria sunita, preparando o cenário para um conflito contínuo.
As queixas sunitas aumentaram à medida que eles sofriam a dominação de um povo que consideravam inferior, pois percebiam discriminação em aspectos da vida (como as famílias sunitas pagando quatro vezes mais que os alauitas pela eletricidade).
O que vem a seguir: A derrubada do governo alauíta pelos sunitas em 2024 marca uma mudança significativa no poder.
O fato de os líderes do HTS terem surgido da Al-Qaeda e do Estado Islâmico dá um ar de teatro ao fato de eles vestirem blazers ou ternos e gravatas, e depois abraçarem conversas alegres sobre direitos humanos enquanto culpam os alauítas pela violência.
A resposta pública a esse perigo? Silêncio virtual. Nenhuma marcha nas capitais ocidentais, nenhum acampamento nas universidades.
Repelir a agressão islâmica representa um interesse central do Ocidente, além de que a responsabilidade moral exige ação urgente para evitar um possível genocídio.
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Desvendando o Novo Acordo na Síria
O acordo assinado pelo líder das Forças Democráticas Sírias (FDS), general Mazloum Abdi, e pelo governante interino sírio Ahmed al-Sharaa, em 10 de março, alinha-se estreitamente com o apelo do líder curdo militante e preso Abdullah Öcalan por desarmamento, destacando acontecimentos críticos na Síria.
Este acordo segue o apelo de Öcalan para dissolver grupos armados, o que gera tensões geopolíticas.
Por que isso é importante: Os esforços persistentes da Turquia para desmantelar a autonomia curda na Síria visam estabelecer um regime pró-turco.
O apelo de desarmamento de Öcalan foi aproveitado pela Turquia para atingir as SDF, equiparando-as ao PKK para justificar a agressão.
O panorama geral: a integração das SDF com o exército sírio levanta preocupações sobre o futuro do autogoverno curdo no nordeste da Síria governado pelos curdos, ou Rojava.
O acordo inclui a integração de instituições militares ao estado sírio, questionando a continuação da autonomia curda.
O que vem a seguir: Um helicóptero dos EUA levou Abdi a Damasco para assinar o acordo, demonstrando os interesses americanos na região.
A presença dos EUA significa que a implementação de qualquer acordo não deve colocar as tropas americanas em risco de confronto com a Turquia ou facções apoiadas pela Turquia, incluindo o HTS e o Exército Livre da Síria.
A cláusula de cessar-fogo é crucial, dados os recentes massacres liderados pelo HTS, com o objetivo de estabilizar a situação e proteger os territórios curdos.
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Não acredite no absurdo sobre a reforma do novo presidente sírio
Com o fim do governo Biden, a Secretária de Estado Assistente Barbara Leaf se encontrou com o líder do Hay'at Tahrir al-Sham (HTS), Ahmad al-Sharaa, apesar de seu status de terrorista procurado com uma recompensa de US$ 10 milhões dos EUA.
Este encontro demonstra uma falta de seriedade na política dos EUA, potencialmente apoiando um grupo envolvido em terrorismo e massacres de civis.
Por que é importante: À primeira vista, a reivindicação de liderança de al-Sharaa é ridícula. Sua coalizão, no papel, controla no máximo metade da Síria.
Com milicianos do HTS devastando áreas povoadas por alauítas e cristãos e massacrando civis, está claro que a imagem que al-Sharaa e seus apologistas em Washington promovem é falsa.
O panorama geral: o Irã e a Turquia há muito exploram narrativas semelhantes de moderação para promover agendas antiamericanas.
Diplomatas turcos, por exemplo, bebiam raki ou vinho com seus colegas ocidentais, enquanto a Turquia apoiava o Estado Islâmico e fornecia suprimentos para grupos ligados à Al Qaeda e ao Hamas.
O que vem a seguir: O presidente Trump, conhecido por sua postura linha-dura, pode reconsiderar essa estratégia de engajamento arriscada.
Trump deveria restabelecer a recompensa de al-Sharaa e revogar até mesmo o reconhecimento de fato de seu regime apoiado pela Turquia.
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Novo líder sírio continua sendo uma ameaça à segurança, apesar da mudança de marca
Em uma entrevista , o colega de redação do MEF, Amine Ayoub, alerta que Israel não deve confiar no presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, conhecido por seu passado jihadista.
A transformação de Al-Sharaa de líder afiliado à Al-Qaeda em estadista é uma manobra estratégica.
Por que isso é importante: Al-Sharaa representa uma ameaça significativa à segurança, apesar de sua aparência política.
As ações brutais de seu regime, incluindo o massacre de alauítas e minorias, ressaltam sua ameaça contínua.
O panorama geral: Israel não pode se dar ao luxo de ser complacente, especialmente com os acontecimentos na frente síria e nas Colinas de Golã.
O passado jihadista de Al-Sharaa significa que Israel deve permanecer sempre vigilante para salvaguardar sua segurança.
Conflito em Gaza e Hamas: Ayoub apoia os ataques aéreos violentos de Israel em Gaza, afirmando a necessidade de desmantelar completamente o Hamas.
Ele condena qualquer negociação com terroristas, pedindo ações decisivas para proteger os interesses israelenses.
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Hay'at Tahrir al-Sham da Síria não pode abandonar seus aliados jihadistas
Desde a queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro de 2024, o governo interino da Síria, liderado pelo Hay'at Tahrir al-Sham (HTS), apoiado pela Turquia, vem consolidando o controle, com jihadistas recompensados com posições-chave.
Combatentes estrangeiros, agora em cargos de alto escalão, ressaltam a dependência da coalizão de atores externos.
Por que isso é importante: As nomeações de Al-Sharaa geram alarmes nas capitais ocidentais, gerando preocupações de segurança à medida que os jihadistas ganham influência.
Governos ocidentais pressionam Damasco por reformas, vinculando o alívio das sanções à remoção dos jihadistas do poder.
Visão geral: a lealdade da Al-Sharaa aos aliados jihadistas vai além da ideologia e é uma necessidade estratégica, garantindo a estabilidade da coalizão em meio a desafios territoriais.
Apesar das promessas de inclusão, o HTS consolida o poder entre seus partidários, marginalizando desertores seculares e ex-oficiais do regime.
O que vem a seguir: A presença de jihadistas no governo é uma bomba-relógio, que traz riscos de conflitos futuros.
Equilibrar apaziguamento e repressão será crucial, pois qualquer passo em falso pode desencadear instabilidade.
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Próximo capítulo da Síria: Irã reavalia sua abordagem
No início da guerra civil síria, o Irã negou sua presença, justificando posteriormente seu envolvimento sob proteção religiosa e ao mesmo tempo se enraizando profundamente na Síria.
A posição estratégica de Teerã transcendeu o simbolismo religioso, pois sacrificou milhares de vidas para defender seus interesses.
Por que isso é importante: A queda de Assad em dezembro de 2024 desafiou a influência iraniana e russa, mas o comprometimento ideológico e estratégico do Irã continua crucial.
Apesar de sua oposição ao regime islâmico sunita em Damasco, o Irã, como um estado xiita, mantém influência sobre a comunidade alauíta, a espinha dorsal do antigo regime de Assad.
O panorama geral: o regime interino da Síria, enfrentando conflitos internos, luta para afirmar o controle em meio à agitação alauíta, ao governo curdo no nordeste, ao governo druso no sul e a uma constituição transitória excludente.
A estratégia histórica do Irã reflete sua influência sobre o Iraque, prestes a ser replicada por meio dos alauítas.
O Irã buscará um momento oportuno para reutilizar a estratégia e tentará impedir que a Turquia, que investiu significativamente menos na Síria, colha os benefícios políticos e econômicos que a Síria oferece.
O que vem a seguir: As regiões ocidentais da Síria permanecerão voláteis, com a presença do Irã desafiando tanto a Turquia quanto os novos governantes sírios.
O novo regime em Damasco não tem capacidade para conter a influência arraigada do Irã.
A perspectiva de Israel enfatiza a ameaça de um regime sunita, acrescentando complexidade à dinâmica regional.
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Joseph Aoun, do Líbano, perderá a oportunidade de resgatar o Líbano?
O Líbano comemora a ascensão de Joseph Aoun à presidência enquanto ele busca reorientar o Líbano em direção ao Ocidente.
As primeiras decisões de Aoun, incluindo a nomeação de conselheiros tecnocráticos, visam estabilizar o Líbano em meio à crise financeira.
Por que é importante: A recuperação e a reconstrução do Líbano, estimadas em US$ 11 bilhões, dependem de uma liderança livre de corrupção e interesses sectários.
Com o Hezbollah afastado, Aoun tem uma rara oportunidade de colocar o nacionalismo libanês em primeiro lugar.
O panorama geral: Aoun enfrenta vagas críticas na liderança do Banco Central e das Forças Armadas Libanesas.
Adiar nomeações atrai oposição de poderosos pró-Hezbollah e elites corruptas.
O que vem a seguir: Aoun deve agir rapidamente, nomeando Karim Souaid como governador do Banco Central e o brigadeiro-general Rudolph Haykal como líder das forças armadas, sem esperar pela aprovação dos EUA.
A hesitação corre o risco de perder força e prejudicar o caminho do Líbano para a reforma.
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Sinceramente,
Winfield Myers
Editor-chefe, Middle East Forum
Diretor, Campus Watch
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