Tradução: Heitor De Paola
Costuma-se dizer que um comandante militar deve deixar todas as opções de ação militar em aberto até que a decisão final seja tomada. Essa estratégia tem a vantagem de manter o inimigo desequilibrado, sem saber o que esperar. No entanto, essa estratégia tem desvantagens, e abordarei por que acredito que, na situação atual, as desvantagens superam em muito os benefícios para uma dessas opções.
Primeiramente, estou profundamente preocupado com o artigo de hoje na Newsweek intitulado "Donald Trump está considerando armas nucleares táticas contra o Irã?". Essa questão foi levantada porque alguns ex-oficiais militares especularam em programas da Cable News que somente com o uso de armas nucleares táticas seríamos capazes de penetrar com sucesso nas instalações subterrâneas de enriquecimento de urânio no Irã. O artigo da Newsweek citou uma reportagem da Fox News segundo a qual um funcionário da Casa Branca disse que o governo Trump "não retirou nada da mesa, incluindo o uso de armas nucleares táticas". Vale a pena reafirmar que armas nucleares táticas são armas nucleares.
Esse tipo de reportagem maníaca foi levado a sério pela Rússia, levando o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a declarar o óbvio: qualquer uso de armas nucleares táticas pelos Estados Unidos no Irã seria um acontecimento catastrófico.
Há alguns dias, o Paquistão, uma potência nuclear bem armada, ameaçou lançar armas nucleares sobre Israel se Israel as usasse contra o Irã. Não acredito que o Paquistão esteja fazendo uma ameaça vã e não quero que nosso país seja responsável pela destruição de Israel. Esse tipo de conversa precisa acabar imediatamente.
As tensões no mundo já estão muito altas, e deixar o uso de armas nucleares "sobre a mesa" é preservar uma opção que acredito que os Estados Unidos jamais empregariam. Permitir uma discussão tão aberta sobre os EUA iniciarem o uso de armas nucleares coloca todos em risco. Enquanto essa possibilidade existir, outros países desenvolverão planos para contra-atacar com armas nucleares. Quando armas nucleares estão em jogo, mesmo que seja apenas especulação, existe a possibilidade de enganos e erros de cálculo.
As primeiras vítimas de um engano ou erro de cálculo nuclear seriam as tropas americanas em bases no Oriente Médio e navios americanos na região – mas não pararia por aí. Armas nucleares não são utilizadas desde a Segunda Guerra Mundial, e não podemos nos dar ao luxo de que este conflito leve o mundo "para cima na escada da escalada nuclear".
Se eu estivesse aconselhando o Presidente, recomendaria, da forma mais veemente possível, que ele declarasse que os Estados Unidos não iniciarão o uso de armas nucleares contra o Irã. Eu não recomendaria esperar duas semanas para fazer esse anúncio; eu o incentivaria a fazê-lo agora. É hora de fechar e pregar a tampa da caixa de Pandora que contém as temidas armas nucleares.
[Este artigo ssaiu horas antes do ataque]
<genflynn@substack.com>