Exportações de veículos da China irá desacelerar em 2025 devido às tarifas da UE e dos EUA
14.01.2025 por Panos Mourdoukoutas
Tradução: César Tonheiro
O crescimento das exportações de veículos da China deve cair drasticamente em 2025, já que as tarifas da União Europeia e dos Estados Unidos entrarão em vigor, tornando os fabricantes de automóveis do país menos competitivos. A previsão reflete uma desaceleração mais ampla nas exportações e no crescimento econômico da China neste novo ano.
As vendas de veículos da segunda maior economia do mundo devem aumentar 5,8%, para 6,2 milhões de unidades em 2025, abaixo dos 19,3% em 2024, de acordo com um relatório da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (sigla em inglês CAAM) divulgado em 13 de janeiro.
A previsão domesticada para o crescimento das exportações de veículos da China para este novo ano contrasta com o forte crescimento geral das exportações em dezembro de 2024, que marcou o nono mês consecutivo de crescimento de volume e o crescimento de valor mais significativo em três anos.
No entanto, há uma explicação razoável para a forte exibição das exportações chinesas gerais no mês passado: a antecipação de pedidos de alguns fabricantes, incluindo montadoras, em face de novas tarifas, principalmente dos Estados Unidos sob o segundo governo Trump. Essa perspectiva pode explicar um salto de 15,6% nas exportações da China para os Estados Unidos, o maior entre todos os destinos de exportação.
A situação pode mudar este ano, quando essas tarifas entrarem em vigor. Elas atingirão duramente o setor de veículos elétricos (sigla em inglês EVs) da China, que tenta competir com a pioneira norte-americana Tesla. Elas também podem afetar o crescimento econômico geral do país, que já está desacelerando, já que as exportações ainda são uma grande parte de sua economia.
Apesar do progresso econômico da China nos últimos 30 anos, o país ainda precisa fazer a transição para uma sociedade de consumo para impulsionar o crescimento econômico, como foi o caso da maior economia do mundo – os Estados Unidos – e outras economias de mercado emergentes.
Além disso, ainda precisa desenvolver um mercado bem integrado onde as commodities possam fluir livremente entre as regiões, semelhante aos Estados Unidos e à União Europeia.
Como resultado, a China continua a depender das exportações para o crescimento econômico. A partir de 2023, as exportações do país representaram quase 20% do PIB, em comparação com 11% nos Estados Unidos.
Embora essa estratégia tenha funcionado nos primeiros anos da abertura da China aos mercados mundiais, quando a escala das exportações era pequena e o escopo estreito, ela não funciona hoje em dia, pois suas exportações se expandiram. Isso coloca a segunda maior economia do mundo contra seus principais parceiros comerciais, como os Estados Unidos e a União Europeia.
Além disso, a estratégia de exportação da China é baseada na pirataria, cópia e replicação de produtos desenvolvidos principalmente nos Estados Unidos e na UE, em vez de inovação doméstica. Esta situação obriga os exportadores chineses a competir em termos de preços e não de uma verdadeira diferenciação dos produtos, como evidenciado pela queda dos preços no atacado ou da deflação.
No entanto, a concorrência de preços prejudica as economias dos parceiros comerciais da China, levando-os a tomar medidas para mitigar os efeitos adversos dessa concorrência, incluindo contramedidas como tarifas.
Em outubro de 2024, por exemplo, a UE impôs uma tarifa de 45,3% sobre os veículos elétricos chineses, enquanto é uma questão de dias até que o novo governo dos EUA imponha suas novas tarifas, que se estenderão além dos veículos elétricos.
O alerta da CAAM sobre o menor crescimento de veículos de exportação em 2025 não foi surpresa para Georgios Koimisis, professor associado de economia e finanças da Universidade de Manhattan.
"Tarifas mais altas em certos mercados estão levando as montadoras chinesas a repensar suas estratégias – especialmente com foco em híbridos – o que pode levar a novas ideias e inovações", disse ele ao Epoch Times por e-mail.
"Para o consumidor médio, qualquer pequena mudança de preço pode ser compensada pela ampla gama de marcas globais, todas competindo por uma fatia do mercado."
Koimisis acredita que ainda pode haver efeitos indiretos se menos carros chineses chegarem aos mercados estrangeiros, como pequenos problemas de oferta ou menos opções em áreas específicas.
"No entanto, o mercado automotivo global é bastante resiliente e, com o tempo, outros fabricantes de automóveis se adaptarão, ajudando a manter um fornecimento estável e variedade para os compradores", disse ele.
Panos Mourdoukoutas é professor de economia na LIU em Nova York. Ele também ensina análise de segurança na Universidade de Columbia. Ele foi publicado em jornais e revistas profissionais, incluindo Forbes, Investopedia, Barron's, New York Times, IBT e Journal of Financial Research. Ele também é autor de muitos livros, incluindo "Estratégia de Negócios em uma Economia Semiglobal" e "Desafio da China".