FOTOS: Arqueólogos descobrem uso antigo de sítio arqueológico sob o Santo Sepulcro em Jerusalém
CATHOLIC NEWS AGENCY - Marinella Bandini - 18 abril, 2025
Uma pedreira fora dos muros de Jerusalém, mais tarde abandonada e convertida em um cemitério com túmulos escavados na rocha e áreas cultivadas — era assim que a Basílica do Santo Sepulcro parecia na época de Jesus.
No entanto, escavações arqueológicas em andamento dentro da basílica, iniciadas em 2022 como parte de um grande projeto de restauração do piso e da infraestrutura subjacente, renderam dados significativos sobre o uso e a aparência originais do local.









A professora Francesca Romana Stasolla, da Universidade Sapienza de Roma, que está dirigindo a escavação, confirmou à CNA: “Documentamos o uso funerário e agrícola antes da reestruturação de Adriano (por volta de 130–136 d.C.), e análises paleobotânicas revelaram a presença de plantas como oliveira e videira.”
Poucos dias antes da Páscoa, Stasolla guiou o CNA pelo Santo Sepulcro, oferecendo informações sobre a história, as tradições e a arqueologia de um dos locais cristãos mais sagrados do mundo.
Uma longa história
“Este lugar, antes de tudo, conta a longa história de Jerusalém”, ela começou. “O processo de cristianização é apenas parte dessa história, entrelaçada aos eventos mais amplos desta cidade.”
As escavações levaram a equipe de arqueólogos de volta no tempo “até a Idade do Ferro” (por volta de 1300 a.C.), quando a área era “um ambiente de pedreira fora dos muros da cidade”.
"Havia uma colina aqui", explicou Stasolla, "parte da qual foi escavada para criar uma pedreira. A basílica atual fica nessa depressão."
O Calvário — o esporão rochoso agora encerrado dentro da basílica — foi incorporado ao Santo Sepulcro durante o período das Cruzadas. O acesso é feito por uma escadaria à direita da entrada.
"O Calvário era elevado acima da depressão criada pela exploração de pedreiras", disse Stasolla. Em alguns lugares, o solo da pedreira atingia profundidades de 25 a 30 metros (cerca de 80 a 100 pés).
Segundo a tradição cristã, este é o local onde Jesus foi crucificado ao lado de dois criminosos (cf. Lucas 23:33). Hoje, duas capelas — uma católica e outra ortodoxa grega — erguem-se no topo do Calvário, comemorando a crucificação e a morte de Cristo.
Uma parte da rocha é visível ao longo do deambulatório da basílica e no topo através de um painel de vidro na capela ortodoxa grega. Os visitantes também podem tocar a rocha do Calvário através de uma abertura sob o altar — que se acredita marcar o local exato da crucificação de Jesus.
“À medida que a pedreira foi gradualmente abandonada”, observou Stasolla, “ela foi reutilizada para fins funerários, com túmulos esculpidos na rocha”.
Algumas áreas eram “terraçadas com muros de pedra seca para cultivo, um uso comum em pedreiras abandonadas que poderia facilmente coexistir com práticas de sepultamento”, ela destacou.
Construído pela fé
Embora certas descobertas possam parecer apoiar as narrativas do Evangelho, Stasolla pediu cautela: “Esse tipo de raciocínio é enganoso”, disse ela.
A pesquisa científica fornece dados. A interpretação vem depois. Como arqueólogos, somos responsáveis por oferecer uma interpretação histórica — mas há também uma interpretação pessoal e subjetiva.
O que considero enganoso é a tentativa de fundamentar razões puramente de fé em dados científicos. Do meu ponto de vista, isso prejudica tanto a fé quanto a história.
O Santo Sepulcro, iniciado no período constantiniano, “foi construído pela fé daqueles que creram e continua a viver pela fé daqueles que creem hoje”, disse Stasolla.
O fato histórico é que, ao longo dos séculos, houve uma jornada de fé — de uma comunidade, de várias comunidades, de muitas pessoas — que produziu uma arquitetura e gerou uma gama de fenômenos culturais e econômicos. Nessa perspectiva, a fé daqueles que creram moldou a história.
A edícula do Santo Sepulcro, que envolve o venerado túmulo, está no centro desta história.
No início do século II, o imperador romano Adriano fundou a colônia de Élia Capitolina, incorporando à cidade a área onde hoje se encontra a basílica. Naquela época, a pedreira foi aterrada para nivelá-la com a paisagem urbana circundante.
No início do século IV, sob o imperador Constantino, a área foi completamente transformada. "Uma monumentalização em larga escala do túmulo, do Calvário e dos pátios adjacentes foi iniciada", explicou Stasolla.
“Em frente à edícula, as escavações trouxeram uma forte confirmação disso”, continuou ela.
Documentamos uma extensa operação para remover a rocha ao redor do túmulo, criando um pequeno monumento que o cobria por fora. Também encontramos vestígios de uma colunata ao redor do túmulo — ainda a céu aberto. Somente no final do século IV a estrutura começou a se assemelhar à que vemos hoje.
Ao longo dos séculos, o Santo Sepulcro passou por destruições e restaurações. No século XII, sob o domínio dos cruzados, uma grande restauração deu ao edifício sua configuração atual.
Uma das características mais veneradas da basílica — a Pedra da Unção em frente à entrada — remonta a esse período.
A lápide comemora a preparação do corpo de Jesus com óleos e bálsamos antes do sepultamento. No entanto, Stasolla esclareceu: "sabemos que o corpo teria sido preparado na antecâmara da câmara mortuária".
No caso do túmulo venerado, isso corresponde ao que hoje é conhecido como Capela do Anjo — o pequeno espaço dentro da edícula, pouco antes da câmara funerária.
Apesar dessa imprecisão histórica, centenas de fiéis — especialmente da tradição ortodoxa — se curvam todos os dias para beijar e ungir a pedra.
Na noite da Sexta-feira Santa — tanto para católicos quanto para ortodoxos — o rito de preparação do corpo de Jesus para o sepultamento é encenado nesta pedra durante o chamado “cortejo fúnebre”.
Hoje, três comunidades — a Ortodoxa Grega, a Católica Latina e a Armênia — compartilham a custódia do Santo Sepulcro. Este ano, elas celebrarão a Páscoa no mesmo dia, no mesmo espaço, em uma interação multifacetada de ritos, cânticos e tradições — respeitando o antigo Status Quo, o acordo que rege todos os movimentos dentro da basílica.

Stasolla e sua equipe passaram os últimos três anos trabalhando dentro do Santo Sepulcro, muitas vezes incluindo turnos noturnos quando necessário. Eles ocupam uma sala modesta atrás da edícula, que serve como escritório, espaço de trabalho, sala de reuniões e até mesmo sala de descanso, quando necessário. Há sempre café — oferecido não apenas aos arqueólogos, mas também aos trabalhadores, frades, monges e curiosos que passam por ali.
O contato com representantes das três comunidades é quase constante, já que cada intervenção deve ser acordada coletivamente e cada resultado é compartilhado.
“O que vivenciamos, de fato, foi uma grande sensação de acolhimento por parte de todos”, disse Stasolla. “Encontramos hospitalidade — mas também diversidade. O fato de essas duas coisas poderem coexistir é profundamente significativo e nos dá muito o que refletir.”
Nascida e criada na Itália, Marinella Bandini é jornalista profissional desde 2008. Trabalha para diversas agências de notícias e jornais online no âmbito católico. Atualmente radicada em Jerusalém, colabora com a Custódia da Terra Santa.