(IMPORTANTE LEITURA!) A Contra-Igreja dentro da verdadeira Igreja Católica <RELIGION
É claro que a estratégia da mídia é apresentar Joe Biden como um católico praticante.
ARTIGO ENVIADO POR EMAIL
Pe. José A. Marcone, IVE - 25 JANEIRO, 2021
- TRADUÇÃO DO ORIGINAL EM ESPANHOL: HEITOR DE PAOLA
1. A notícia
O jornal digital “La Gaceta”, da Espanha, publicou um artigo intitulado “O jesuíta que dirige Joe Biden”1. O padre católico a quem o jornalista se refere é o padre Leo JeremiahO'Donovan, da Companhia de Jesus, ou seja, um jesuíta. Embora o colunista não diga que o referido padre é o diretor espiritual de Joe Biden, ele diz textualmente: “O padre é a coisa mais próxima de um diretor espiritual para o líder democrata”. É isso que o escritor quer insinuar com seu título.O artigo apresenta Joe Biden como católico. Ele literalmente diz: “Ele é o segundo católico a residir na Casa Branca, depois de John Fitzgerald Kennedy”2. Ele ainda lista as igrejas católicas onde Joe Biden vai à missa. As duas igrejas católicas que frequentou enquanto vice-presidente pertenciam aos jesuítas.
É claro que a estratégia da mídia é apresentar Joe Biden como um católico praticante. Assim, por exemplo, a mídia noticiou que Joe Biden, antes de tomar posse como presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro de 2021, assistiu à missa na Catedral de São Mateus Apóstolo, em Washington, DC. Nesse caso, chegou a comparecer acompanhado “dos quatro líderes do Congresso”3.
O artigo define Pe. O'Donovan como uma 'celebridade'. Ele diz textualmente: "O Pe. Leo é uma 'celebridade' na América do Norte (...) o que o levou a conviver com presidentes e líderes empresariais." E narra: “Conduzido pelo ex-presidente da =Disney, Michael Eisner, pai de um de seus alunos, o Pe. O'Donovan aceitou fazer parte da diretoria da multinacional justamente no momento em que as críticas de diversos grupos cristãos criticou-a por ter produzido filmes como "Priest", com um padre homossexual como protagonista, ou a própria "Pocahontas", que grupos ultracatólicos acusam de promover o paganismo e a Nova Era. "Também foi iniciado um boicote porque a empresa estendeu os benefícios familiares dos funcionários a casais gays."
De acordo com o artigo, Pe. O'Donovan "define o novo presidente como "um católicoprofundamente fiel e muito crente". E conta que o padre O'Donovan, nos anos 1990, quando era reitor da Universidade de Georgetown, convidou Joe Biden "para dar uma palestra sobre como ser católico na vida pública".Além disso, o autor do artigo põe na boca do Pe. O'Donovan as seguintes palavras referindo-se a Joe Biden: “Não tenho certeza de quão consciente ele está do quanto ele incorpora o Concílio Vaticano II, mas a encíclica Gaudium et Spes fala do nascimento de um novo humanismo no qual as pessoas são definidas por suas responsabilidades para com seus irmãos e irmãs. E esse é Joe Biden." O autor do artigo diz que, com este julgamento sobre Joe Biden, o que Pe. O'Donovan quer é expressar “como o líder democrata pode encarnar a Doutrina Social da Igreja nos próximos quatro anos”. O autor do artigo diz que esta opinião do Pe. O'Donovan sobre Joe Biden não é compartilhada cem por cento pelos bispos norte-americanos, por causa da "posição ambígua de Joe Biden sobre o aborto".
O artigo também conta que Joe Biden participou de "uma campanha virtual de arrecadação de fundos para o Serviço Jesuíta paraRefugiados, conduzidos pelo padre” e que escreveu o prefácio de um livro escrito pelo Pe. O'Donovan4.
2. A realidade
A realidade, apesar das afirmações do Pe. O'Donovan e do próprio Joe Biden, é que este último não é católico, pois é uma pessoa explicitamente a favor do aborto. O Concílio Vaticano II define o aborto como um "crime abominável" (Gaudium et Spes, nº 51) e dificilmente pode ser um modelo de cumprimento do Concílio Vaticano II, como diz o P. O'Donovan, que contraria uma das questões mais prementes e urgentes do referido Conselho. Joe Biden foi vice-presidente de um dos presidentes americanos que mais promoveu o aborto: Barack Obama. E agora ele tem como vice-presidente uma defensora declarada do aborto até o nono mês de gravidez: Kamala Harris. Muito poderia ser escrito sobre as diferentes maneiras pelas quais Joe Biden promoveu e promove o aborto, mas para o escopo deste artigo, esses dados serão suficientes.
3. A explicação
Como é possível que um padre católico apresente como modelo de católico um estadista que promove o aborto com todas as suas forças e eficácia? Como chegamos a esta 'confusão infernal', como alguém me disse ao comentar esta notícia? Aqui está a explicação5.
Padre Meinvielle diz que o mundo moderno ou a civilização moderna vem se desenvolvendo e construindo um mundo contra Deus e contra o homem. O mundo moderno está construindo, diz Pe. Meinvielle textualmente, “uma cidade tecnocrática que deve adorar Satanás. Uma tecnocracia e uma satanocracia”6. Ele então explica que para concluir sua obra de construção de uma sociedade satanocrática, o Mundo tem um obstáculo: a Igreja Católica. E o mundo moderno sabe perfeitamente que não pode derrotar a verdadeira Igreja Católica, porque vai se chocar contra ela e ela não prevalecerá. Por isso, sua nova estratégia não é opor-se a ela de frente, mas utilizá-la e instrumentalizá-la para seus próprios fins.Pe. Meinvielle diz textualmente: “O processo histórico que se desenvolve entre a Igreja e o mundo percorre o caminho de constituir o mundo em uma totalidade profano-religiosa de Satanás —uma satanocracia—, que procura dominar a própria Igreja e colocá-la a seu serviço na construção desta satanocracia.
“(...) Neste livro mostrei como tudo nos conduz a um Mundo entregue ao Príncipe deste mundo, Satanás. Constituindo este mundo como um todo e achando-se impotente para suprimir e aniquilar a Igreja – que, em virtude das promessas divinas, é indefectível – tende a absorvê-la e a utilizá-la para os seus próprios fins. (...). Para cumprir esta tarefa de servir-se da Igreja, o Mundo, com a sua Revolução Anticristã, tenta penetrar no interior da Igreja” (p. 163)7.
E Pe. Meinvielle continua dizendo: “Para manter suas chances de penetração, é necessário que o erro entre e caminhe dentro da Igreja, deve ser inserido nela. E para isso, usando artimanhas, escorregando, rastejando, enrolando, pervertendo imperceptivelmente o sabor da verdade, levantando uma oposição oculta contra o magistério por meio de propaganda lateral heterodoxa, vestindo a história de modo a fazê-la testemunhar a seu favor”8 .
Nisso, o chamado 'progressismo cristão' desempenha um papel fundamental: “'O 'progressismo cristão' consiste precisamente nisso, no uso da 'doutrina' e da 'santidade' da Igreja para a construção da Cidade de Satã .”9.
Assim, para usar e instrumentalizar a Igreja Católica na construção de uma sociedade satanocrática, o Mundo procura infiltrar-se nela e, sem exercer violência sobre ela, procura desvirtuar as suas verdades, o seu comportamento e todos os seus elementos constitutivos, tornando-a constitutiva e perder sua essência. Em outras palavras, busca criar uma contra-igreja dentro da Única Igreja Católica Verdadeira.
Padre Meinvielle, em outro livro, chama essa contra-Igreja que se desenvolve dentro da Única Igreja Católica Verdadeira “a igreja da publicidade”. Padre Meinvielle diz: “Ele não admite nenhuma dificuldade em admitir que a Igreja da publicidade pode ser conquistada pelo inimigo e se tornar de uma Igreja Católica numa Igreja Gnóstica. Pode haver duas Igrejas, uma de publicidade, uma Igreja engrandecida em propaganda, com bispos, padres e teólogos divulgados (...); e outra, a Igreja do silêncio (...) com alguns padres, bispos e fiéis que a ela se dedicam, espalhados como 'pusillusgrex' (pequeno rebanho) por toda a terra. Esta segunda seria a Igreja das promessas, e não aquela primeira, que poderia desertar”10. «O Mysteriuminiquitatis de que fala o Apóstolo (2 Ts 2,7), talvez deva ser entendido, em seu sentido pleno, precisamente a partir desta utilização para o diabo daquilo que poderia, por efeito do órgão de publicidade, ser considerado como a Igreja de Cristo"11.
Pe. Leonardo Castellani, outro grande pensador católico argentino, pensa o mesmo que Pe. Meinvielle, com a particularidade de situar o advento dessa contra-igreja ou "igreja da publicidade" nos últimos tempos. Padre Castellani coloca o seguinte monólogo na boca de um de seus personagens: “O mundo quer se unir e atualmente o mundo não pode se unir senão numa falsa religião. Ou as nações se fecham em nacionalismos hostis (...) ou se unem infelizmente com numa nova religião, um falso Cristianismo; que naturalmente odiará o verdadeiro até a morte. Somente a religião pode criar vínculos supranacionais. (...) Essa falsa religião era anterior a São João quando, no livro do Apocalipse, ele descreveu a Besta; e o caráter, nome, signo e culto da Besta; ou, em grego, da Fera”12.
E depois dá a sua interpretação da Grande Prostituta que se senta sobre a Besta (Apoc 17,3-4): "A Meretriz e a Mulher Blasfema é a religião adulterada já formulada na Pseudo-Igreja nos últimos tempos, prostituída aos Poderes deste mundo e baseada no formidável poder político e império tirânico do Anticristo”13.
4. A conclusão
Um padre que faz parte do Conselho de Administração da Disney, justamente no momento em que a Disney produz um filme em que o protagonista é um padre homossexual, faz outro filme promovendo a Nova Era e reconhece os casais gays como verdadeiros casais, é um padre que é plenamente inscrito naquilo que, com Meinvielle e Castellani, chamamos de 'igreja da publicidade' ou 'contra-igreja'.
Um padre que elogia um presidente abortista dos EUA como um exemplo de estadista católico é um representante conspícuo da 'pseudo-igreja' ou 'falsa igreja'.E, claro, se esse presidente abortista dos Estados Unidos se diz católico, ele também se inscreve nessa “igreja de propaganda” ou “igreja gnóstica”.
Por essas razões, minha conclusão pessoal é que tanto Joe Biden quanto o padre O'Donovan são representantes conspícuos do que acabamos de descrever: a contra-igreja, a pseudo-igreja, a falsa-igreja, a igreja da propaganda, a igreja das celebridades, Igreja Gnóstica, Igreja Adúltera e até Anti-Igreja, como também o chama Pe. Castellani14. Se o Anticristo existe, a Anti-Igreja também existirá.
Aqui está a explicação de como uma confusão desse tipo pode existir.
5. Ensino
Escrevi este artigo para os verdadeiros, simples e comuns católicos. Na verdade, foi um simples e ordinário católico quem me apresentou o artigo de "La Gaceta", consultando-me sobre esta 'confusão infernal'. Portanto, os verdadeiros católicos devem desenvolver o órgão de percepção e discernimento para detectar os membros da Pseudo-Igreja, da Falsa-Igreja. Quero dar-lhe alguns critérios simples para descobrir os membros da Pseudo-Igreja.
1. Eles não afirmam claramente a divindade de Jesus Cristo, que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, perfeito Deus e perfeito homem.
2. Falam muito de esperança, mas sempre se referem a uma esperança intratemporal, não à esperança da vida eterna. São 'progressistas', ou seja, acreditam no mito do 'progresso indefinido', que se dará, segundo eles, aqui na terra e no tempo. Eles não têm fé na vida transcendente. Esta é uma das redes mais insidiosas, onde muitos católicos desavisados ficam deslumbrados e presos na beleza da palavra 'esperança', mas não uma esperança de vida eterna baseada na graça de Cristo, mas uma esperança que se encerra neste mundo e neste momento.
3. Como se deduz do ponto anterior, eles não acreditam no fim do mundo e na segunda vinda de Jesus Cristo.
4. E muito importante: são elogiados e apresentados como grandes personagens ('celebridades') pelas redes sociais.
Para descobrir, desmascarar e confrontar a Pseudo-Igreja, o melhor caminho é ler e estudar o Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1993 por São João Paulo II. Esse é o melhor antídoto contra a heresia da 'igreja publicitária', 'contra-igreja' ou 'anti-igreja'.
Sem querer fazer juízo sobre o tempo em que se cumprirá a profecia da Grande Prostituta sentada sobre a Besta (Apoc 17,3-4); e sem querer afirmar de forma alguma que Joe Biden é a Besta e que Pe. O'Donovan é a Grande Prostituta, porém, deixando claro o que acabei de dizer, acho que Pe. O'Donovan sentado na fama de Joe Biden , dinheiro e poder constituem uma metáfora clara e tremenda para a Grande Prostituta sentada na Besta.
***
REFERÊNCIAS
1 BELTRÁN, JOSÉ, El jesuita que dirige a Joe Biden, en DIARIO DIGITAL “LA GACETA”, España, 17 de enero de 2021; link:
https://www.larazon.es/gente/20210116/zpbppzhq2fcpnalikgvoenmpse.html. El artículo, como puede verse, lleva firma. Además, “La Gaceta”, de España, es undiariocuyosdirectores se hacenresponsables de lasinformaciones que presentan. Por otro lado, hechequeadola noticia enotrosmedios y todos losdatosson coincidentes. Todo lo que esté entre comillas es textual del artículo.
2 La comparacióncon John Kennedy mira a aquilatar lasupuesta ‘catolicidad’ de Joe Biden, comparándolaconla de unverdadero y gran católico como efectivamentelofue John Kennedy.
3 LA NACIÓN, Asunción de Joe Biden, en vivo: el minuto a minuto de lanuevapresidenciaen Estados Unidos, 20 de enero de 2021, 13:30 hs.
4 Se trata del libro “Benditos seanlos refugiados: LasBienaventuranzas de losniñosinmigrantes”, escrito por el P. O’Donovanenelaño 2018.
5 Para esto nos serviremos de los profundos análisis que haceel P. JulioMeinvielleensu fundamental libro “La Iglesia y el mundo moderno”: MEINVIELLE, JULIO, La Iglesia y el mundo moderno, EdicionesTheoria, Buenos Aires, 1966.
6 MEINVIELLE, JULIO, La Iglesia y el mundo moderno..., p. 107.
7 MEINVIELLE, JULIO, La Iglesia y el mundo moderno..., p. 163. Diceel P. Meinvielleenotro lugar del libro: “Nosotros pensamos que existe laposibilidad de que laIglesia, de algunamanera, sea utilizada como factor de subversión para laedificación de laCiudad terrestre del Diablo” (p. 107 – 108).
8 MEINVIELLE, JULIO, La Iglesia y el mundo moderno..., p. 165.
9 MEINVIELLE, JULIO, La Iglesia y el mundo moderno..., p. 109.
10 MEINVIELLE, JULIO, De laCábala al Progresismo, Buenos Aries, 1994, p. 363; laprimeraedición de este libro es de 1970.
11 MEINVIELLE, JULIO, La Iglesia y el mundo moderno..., p. 108.
12 CASTELLANI, L., Los papeles de Benjamín Benavidez, Biblioteca Dictio, Buenos Aires, 1978, p. 292.
13 CASTELLANI, L., Los papeles..., p. 229.
14 CASTELLANI, L., Los papeles..., p. 51.