Investimento estrangeiro na China atinge mínima de 3 anos em janeiro
Apesar dos esforços de Pequim para atrair os investidores, a China registrou um recorde de US$ 168 bilhões em retirada líquida de investimento estrangeiro direto em 2024
THE EPOCH TIMES
20.02.2025 por Dorothy Li
Tradução: César Tonheiro
O investimento estrangeiro direto (IED) na China caiu 13% em relação ao ano anterior em janeiro, mostram dados oficiais divulgados em 19 de fevereiro, destacando as dificuldades que Pequim enfrenta para reconquistar empresas estrangeiras em meio a tensões geopolíticas em curso.
O Ministério do Comércio chinês informou que o IED utilizado despencou para 98 bilhões de yuans (US $ 13 bilhões) em janeiro, marcando o menor início de ano em três anos. Esse número caiu de 113 bilhões de yuans (US$ 16 bilhões) no mesmo mês do ano passado e de 128 bilhões de yuans (US$ 18 bilhões) em janeiro de 2023.
O declínio no investimento estrangeiro ocorre após um ano de esforços das autoridades chinesas que têm lutado para impulsionar a economia em declínio do país. Questões como uma crise imobiliária em curso e a lenta demanda do consumidor continuam a pesar muito sobre a segunda maior economia do mundo.
Esses desafios econômicos são agravados ainda mais pelo aumento das tensões com seus principais parceiros comerciais, particularmente os Estados Unidos.
No início deste mês, o presidente Donald Trump impôs uma tarifa adicional de 10% sobre os produtos chineses, citando preocupações com o influxo de produtos químicos relacionados ao fentanil vindos da China. Minutos depois que as taxas extras entraram em vigor em 4 de fevereiro, o regime chinês anunciou uma série de medidas retaliatórias, incluindo uma investigação do Google por seu órgão fiscalizador da concorrência.
O Ministério do Comércio de Pequim, por sua vez, adicionou o PVH Group, um gigante do varejo dos EUA que possui marcas como Calvin Klein e Tommy Hilfiger, e a Illumina Inc., uma empresa americana de sequenciamento de genes, à sua lista negra comercial, conhecida como "lista de entidades não confiáveis". As empresas nesta lista estão proibidas de participar de atividades de importação e exportação e de investir na China.
Em meio à escalada das tensões geopolíticas e uma desaceleração econômica, a China tem procurado atrair de volta os investidores estrangeiros. Em 18 de fevereiro, o regime lançou uma iniciativa prometendo criar novos incentivos destinados a estabilizar os investimentos estrangeiros em 2025.
As autoridades chinesas reafirmaram repetidamente o compromisso do regime em apoiar as empresas internacionais. Em 17 de fevereiro, o vice-primeiro-ministro He Lifeng recebeu um grupo de executivos japoneses em Pequim, incentivando-os a expandir seus investimentos na China.
Em março passado, o líder chinês Xi Jinping também participou de uma reunião com líderes empresariais dos EUA, instando-os a continuar investindo no país. Destarte, as entidades estrangeiras tornaram-se cada vez mais cautelosas com a potência asiática após uma série de repressões regulatórias, que incluíram multas pesadas e prisões de seus funcionários.
'Ambiente de investimento mais restritivo'
No entanto, o ímpeto do êxodo de capital estrangeiro parecia mostrar poucos sinais de abrandamento. No ano passado, o investimento estrangeiro real caiu 27%, após um declínio de 8% em 2023, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Comércio em 17 de janeiro.
Essa desaceleração também se refletiu nos números da Administração Estatal de Câmbio da China (sigla em inglês SAFE), que avalia o investimento estrangeiro em uma base líquida.
Em 2024, a China experimentou um recorde de US$ 168 bilhões em retirada líquida de IED, de acordo com dados preliminares divulgados pela SAFE em 14 de fevereiro. Esse número é ainda pior do que em 2023, quando as entradas líquidas ainda totalizaram US$ 42,7 bilhões.
Observadores externos dizem que o declínio no investimento pode ser mais severo do que os números oficiais indicam, apontando para os esforços intensificados de Pequim para estabilizar o investimento estrangeiro.
"Com tantas medidas sendo implementadas, a saída de capital estrangeiro chegou a um ponto que assusta o Partido Comunista Chinês", disse Frank Tian Xie, professor da Escola de Administração de Empresas da Universidade da Carolina do Sul Aiken, ao Epoch Times.
Xie expressou ceticismo em relação aos incentivos de Pequim para atrair investidores estrangeiros, apontando para as contradições em sua abordagem. Enquanto as autoridades chinesas pedem que as empresas estrangeiras e privadas mantenham ou aumentem seus investimentos, na tentativa de ajudar a revitalizar a economia, elas simultaneamente reforçam o controle sobre essas empresas e exigem a adesão às diretrizes do Partido Comunista Chinês.
"O regime comunista chinês continua a exercer pressão mesmo enquanto busca ajuda. Não é de admirar que os investidores estrangeiros hesitem em permanecer no país", disse Xie.
De acordo com a declaração do ambiente psicológico de investimento de 2024 do Departamento de Estado dos EUA sobre a China, as principais preocupações que afetam a confiança das empresas americanas incluem os regulamentos "excessivos" de segurança cibernética e privacidade de dados da China, "tratamento preferencial" para concorrentes domésticos, "um sistema regulatório obscuro" e "aplicação inconsistente de leis que protegem os direitos de propriedade intelectual".
O governo Trump também destacou as preocupações das empresas americanas no site do Departamento de Estado.
"A economia da China é um dos ambientes de investimento mais restritivos do mundo, inclusive para investidores dos EUA", afirmou o departamento em um informativo atualizado em 13 de fevereiro.
"A China também se envolve em práticas comerciais desleais, incluindo o uso de trabalho forçado e subsídios estatais maciços, colocando as empresas americanas em desvantagem e tornando-as cúmplices dos abusos dos direitos humanos da China."
Luo Ya contribuiu para este relatório.
Dorothy Li é repórter do Epoch Times. Entre em contato com Dorothy em dorothy.li@epochtimes.nyc.
https://www.theepochtimes.com/china/foreign-investment-into-china-hit-3-year-low-in-january-5813329