ISRAEL PREPARA INVASÃO DO SUL DO LÍBANO, ENVIADO DOS EUA ADVERTE
Amos Hochstein adverte Beirute em meio a tensões crescentes e atrasos na entrega de armas pela administração Biden
VIRTUAL JERUSALEM
STAFF - 20 JUN, 2024
O Enviado Especial dos EUA, Amos Hochstein, emitiu um aviso severo às autoridades libanesas, indicando que Israel está a preparar uma invasão militar do Sul do Líbano nas próximas 5 semanas. Esta revelação surge no meio da escalada das hostilidades e das crescentes provocações do Hezbollah, o grupo militante apoiado pelo Irão e entrincheirado na região. Para agravar a tensão está a controvérsia sobre o atraso na entrega de armas essenciais dos EUA a Israel, cruciais para operações ofensivas e defensivas.
Falando num briefing à porta fechada com autoridades libanesas, Hochstein transmitiu a crescente frustração de Israel com os contínuos ataques de foguetes e escaramuças fronteiriças do Hezbollah. “A situação é insustentável”, teria dito Hochstein. “A paciência de Israel está se esgotando e eles estão se preparando para uma resposta militar significativa.”
AUMENTOS DE TENSÕES AO LONGO DA FRONTEIRA
O alerta segue-se a uma série de confrontos violentos ao longo da fronteira Israel-Líbano. No mês passado, o Hezbollah intensificou o lançamento de foguetes contra o norte de Israel, provocando ataques aéreos retaliatórios das Forças de Defesa de Israel (IDF). As FDI também relataram inúmeras tentativas de combatentes do Hezbollah de se infiltrarem no território israelense.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, tem falado abertamente sobre a ameaça representada pelo Hezbollah. “Não toleraremos essas provocações”, afirmou Gallant no início desta semana. “Israel está preparado para tomar medidas decisivas para proteger os seus cidadãos e garantir a nossa segurança nacional.”
ATRASO NA ENTREGA DE ARMAS DOS EUA ROILS WASHINGTON
Somando-se à complexidade da situação está o atraso na entrega de armas cruciais dos EUA a Israel. Estas armas, consideradas essenciais para as operações planeadas e a defesa de Israel, foram retidas devido a questões burocráticas e logísticas dentro da administração dos EUA. O atraso provocou frustração em Tel Aviv, com as autoridades a expressarem preocupação quanto à sua capacidade de responder eficazmente às ameaças do Hezbollah sem a chegada atempada destes fornecimentos.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu expressou forte insatisfação com o atraso, chamando de “inconcebível” que os EUA retenham a ajuda militar crítica num momento tão crucial. “É inconcebível que o nosso aliado mais próximo atrase a entrega de armas essenciais para a nossa defesa”, afirmou Netanyahu. “Contamos com estas armas para salvaguardar a nossa nação e responder às ameaças que enfrentamos diariamente do Hezbollah e de outros adversários.”
A Casa Branca e o secretário Antony Blinken pareceram irritados com os comentários, mas admitiram que algumas entregas ainda estavam “sob revisão”. A administração Biden vem retardando as entregas há meses.
ESFORÇOS DIPLOMÁTICOS DOS EUA
O aviso de Hochstein faz parte de esforços diplomáticos mais amplos dos Estados Unidos para acalmar a situação. Washington teme que uma invasão israelita em grande escala possa desestabilizar a região e desencadear um conflito mais amplo envolvendo o Irão e outros actores regionais.
Nas suas reuniões com responsáveis libaneses, Hochstein instou Beirute a controlar o Hezbollah e a demonstrar um compromisso em manter a paz ao longo da fronteira. “É crucial que o Líbano assuma o controlo da situação”, enfatizou Hochstein. “As consequências da inacção poderão ser catastróficas tanto para o Líbano como para o Médio Oriente em geral.”
A POSIÇÃO DESAFIANTE DO HEZBOLLAH
Apesar destes avisos, o Hezbollah não deu sinais de recuar. O líder do grupo, Hassan Nasrallah, fez recentemente um discurso inflamado, prometendo continuar a resistência contra Israel. “Não seremos intimidados por ameaças ou invasões”, declarou Nasrallah. “O Hezbollah está pronto para defender a soberania do Líbano a qualquer custo.”
O governo libanês, entretanto, encontra-se numa posição precária. Embora algumas facções dentro do governo estejam alinhadas com o Hezbollah, outras apelam à contenção e a uma resolução diplomática para a crise.
REAÇÕES INTERNACIONAIS
A comunidade internacional reagiu com preocupação às crescentes tensões e à controvérsia sobre o atraso no envio de armas dos EUA. As Nações Unidas apelaram à desescalada imediata e enviaram forças adicionais de manutenção da paz para a região. Autoridades da União Europeia também instaram Israel e o Líbano a evitarem ações que possam levar a uma guerra total.
À medida que a situação continua a evoluir, a perspectiva de uma invasão israelita do Sul do Líbano torna-se cada vez maior. O aviso de Hochstein sublinha a urgência dos esforços diplomáticos para evitar um conflito devastador, enquanto o atraso na entrega de armas dos EUA acrescenta uma camada de complexidade aos cálculos estratégicos de Israel. As fortes observações do Primeiro-Ministro Netanyahu destacam a natureza crítica do apoio dos EUA. Os próximos dias e semanas serão críticos para determinar se a paz poderá ser restaurada ou se a região entrará num novo ciclo de violência.