Legisladores dos EUA se movem para banir pesquisadores chineses de laboratórios nacionais
"Não se engane, Pequim está explorando ativamente protocolos de segurança fracos", disse o senador Mike Lee (R-Utah)
13.03.2025 por Dorothy Li
Tradução: César Tonheiro
Os legisladores republicanos propuseram uma legislação que impediria os laboratórios nacionais de admitir cidadãos de adversários estrangeiros, particularmente os da China comunista.
O projeto de lei foi apresentado pelo senador Tom Cotton (R-Ark.) em 11 de março em meio a crescentes preocupações em Washington sobre roubo de propriedade intelectual e atividades de espionagem apoiadas por Pequim.
"Os estrangeiros nos laboratórios mais sensíveis de nosso país representam uma clara ameaça à nossa segurança nacional e devem terminar imediatamente", disse Cotton, presidente do Comitê Seleto de Inteligência do Senado, em um comunicado ao apresentar a legislação.
"O Partido Comunista Chinês [PCC] e outros regimes hostis têm sistematicamente como alvo esses laboratórios, atraindo os principais cientistas e usando a pesquisa americana para alimentar suas ambições militares", disse o senador Mike Lee (R-Utah), co-patrocinador do projeto de lei, em um comunicado.
A Lei de Proteção da Tecnologia Americana da Exploração (sigla em inglês GATE) visa proibir cientistas estrangeiros da China, Rússia, Irã, Coréia do Norte e Cuba de visitar ou trabalhar nos Laboratórios Nacionais do Departamento de Energia.
Tal proibição não afetaria os cidadãos dos EUA ou aqueles com residência permanente, e há disposições para isenções. De acordo com o texto do projeto de lei, o secretário de energia poderia conceder uma isenção para visitantes acadêmicos dessas cinco nações se eles pudessem demonstrar que os benefícios de sua presença "superam a segurança nacional e os riscos econômicos para os Estados Unidos".
'Reciprocidade Zero'
Atualmente, existem 17 laboratórios nacionais supervisionados pelo Departamento de Energia, que se envolvem em pesquisas em diversos campos científicos, desde tecnologias de energia até dissuasão nuclear.
De acordo com o escritório de Cotton, no ano fiscal de 2023, cerca de 40.000 cientistas estrangeiros acessaram esses laboratórios, com quase 8.000 deles da China e da Rússia. O número significa que um em cada cinco cientistas estrangeiros que entram nos principais laboratórios dos Estados Unidos vem dos "adversários estrangeiros mais perigosos", afirmou o escritório de Cotton.
Durante uma audiência realizada em fevereiro pelo Comitê de Energia e Recursos Naturais do Senado, Cotton perguntou aos legisladores e pesquisadores: "Você acha que um em cada cinco cientistas estrangeiros em um local equivalente chinês ou russo é americano?"
Ele acrescentou: "Não há reciprocidade nesta questão".
O senador James Risch (R-Idaho), presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, ecoou essas preocupações sobre pesquisadores acadêmicos da China.
"Um engenheiro que vem aqui e vai para um dos laboratórios pode não ter ideias malignas, mas para uma pessoa que vive em um país comunista e autocrático, nada pertence a ela", disse Risch ao painel de energia.
"Sua propriedade não pertence a elas; seu pensamento não pertence a elas; seu conhecimento intelectual não pertence a elas. Pertence ao Partido Comunista Chinês", acrescentou.
'Uma estratégia deliberada'
Autoridades dos EUA há muito alertam que o PCC se envolveu em uma ampla campanha de espionagem contra a propriedade intelectual (PI) americana, incluindo roubo sistemático, transferência forçada, hacking e outros métodos em sua tentativa de alcançar sua ambição global e superar os Estados Unidos. Em 2021, o então diretor do FBI, Christopher Wray, disse aos legisladores que sua agência lançava investigações de contrainteligência relacionadas à China "a cada 12 horas".
Pequim também iniciou programas de recrutamento de talentos, incluindo o Plano de Mil Talentos, para atrair especialistas estrangeiros, incluindo chineses étnicos e estrangeiros, para trabalhar na China.

Lee, presidente do Comitê de Energia e Recursos Naturais do Senado, disse durante a audiência que, por meio do Plano de Mil Talentos e outros programas de recrutamento, "o PCC recrutou sistematicamente cientistas de elite, cidadãos da República Popular da China que são treinados no Ocidente, construíram suas carreiras em laboratórios americanos e trabalharam com financiamento americano para desenvolver tecnologia americana, e então o PCC os atraiu de volta para a China."
"É uma estratégia deliberada para alavancar a experiência financiada pelos contribuintes dos EUA para o benefício dos militares chineses", disse ele.
"E, tragicamente, estamos começando a ver as consequências", continuou ele. "Ex-pesquisadores [do Departamento de Energia] estão ajudando a China a desenvolver mísseis hipersônicos, ogivas de penetração profunda na Terra e submarinos avançados — essas são armas projetadas para superar e deter os Estados Unidos.
"Não se engane, Pequim está explorando ativamente protocolos de segurança fracos."
Um relatório de 2021 da Strider Technologies, uma empresa privada de inteligência, descobriu que pelo menos 162 cientistas que trabalharam no Laboratório Nacional de Los Alamos — lar do desenvolvimento da primeira bomba atômica do mundo — foram recrutados por Pequim para trabalhar em seus programas militares nas últimas três décadas.
Um ex-cientista de Los Alamos foi condenado a cinco anos de liberdade condicional em 2020 depois de se declarar culpado de mentir sobre seu envolvimento no Programa Mil Talentos, patrocinado pelo Estado chinês.
Em resposta às crescentes preocupações, a Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA) de 2025, que foi sancionada em dezembro de 2024 pelo presidente Joe Biden, inclui uma disposição que restringe um cidadão ou "agente" de quatro adversários estrangeiros — incluindo a China — de acessar áreas não públicas dos laboratórios de segurança nacional do Departamento de Energia e instalações de produção de armas nucleares.
A restrição, em vigor no próximo mês, abrange apenas o Laboratório Nacional de Los Alamos, o Laboratório Nacional Lawrence Livermore e os Laboratórios Nacionais Sandia.
Durante a audiência de fevereiro, Paul Dabbar, que atuou como subsecretário de ciência do Departamento de Energia durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump, apontou que, de acordo com a Lei de Segurança Nacional da China, os cidadãos chineses devem entregar todas as informações mediante solicitação.
Dabbar, o novo vice-secretário de comércio, recomendou expandir a proibição de cidadãos chineses em todos os laboratórios nacionais, a menos que eles obtenham uma isenção.
"Houve literalmente toda uma geração de esforços bem-sucedidos da China comunista em roubar coisas", disse ele.
Dorothy Li é repórter do Epoch Times. Entre em contato com Dorothy em dorothy.li@epochtimes.nyc.