Netanyahu resiste à pressão dos EUA sobre o controle da rota Filadélfia
Primeiro-ministro israelense rejeita pressão de Biden-Harris para patrulhas multinacionais da ONU e insiste na soberania das IDF no corredor crítico de Gaza
VIRTUAL JERUSALEM
STAFF - 22 AGO, 2024
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu demonstrou mais uma vez sua determinação diante da pressão internacional, desta vez se mantendo firme contra a pressão dos mais altos níveis do governo dos Estados Unidos. Nas últimas semanas, fontes próximas ao assunto revelaram que tanto o presidente Joe Biden quanto a vice-presidente Kamala Harris exerceram intensa pressão sobre Netanyahu para suavizar sua posição em relação à Rota Filadélfia, a faixa crítica de terra ao longo da fronteira Gaza-Egito.
A administração dos EUA, preocupada com a escalada da violência e o potencial para uma desestabilização regional mais ampla, supostamente propôs um acordo que veria as forças das Nações Unidas patrulhando a área em vez das Forças de Defesa de Israel (IDF). A sugestão, que visava reduzir as tensões e as críticas internacionais, foi recebida com firme resistência de Netanyahu, que se recusou a ceder o controle do corredor estrategicamente vital.
A Rota Philadelphi, uma estreita faixa de 14 quilômetros, tem sido um ponto crítico no conflito entre Israel e o Hamas. Ela serve como uma linha crucial de defesa para Israel, impedindo o contrabando de armas e militantes do Egito para Gaza. Netanyahu, que sempre priorizou a segurança de Israel, vê a presença das IDF lá como inegociável.
De acordo com altos funcionários israelenses, a proposta do governo Biden foi vista como parte de uma tentativa mais ampla de se reengajar com a comunidade internacional no conflito israelense-palestino. O presidente Biden, em suas comunicações com Netanyahu, enfatizou a importância de encontrar uma solução diplomática que reunisse apoio internacional, especialmente à luz das crescentes críticas às operações militares de Israel em Gaza.
A vice-presidente Harris, que assumiu um papel mais ativo na diplomacia do Oriente Médio do que muitos de seus antecessores, supostamente fez um apelo pessoal a Netanyahu, pedindo que ele considerasse os benefícios de longo prazo da internacionalização dos arranjos de segurança no corredor de Filadélfia. Ela argumentou que permitir que as forças da ONU patrulhem a área poderia ajudar a acalmar a situação, reduzir as baixas civis e potencialmente abrir a porta para novas negociações de paz.
Netanyahu, no entanto, permaneceu firme em sua posição. Ele teria dito a Biden e Harris que Israel não poderia e não contaria com forças internacionais para sua segurança. O primeiro-ministro apontou para as falhas dos esforços internacionais de manutenção da paz em outras zonas de conflito, enfatizando que apenas a IDF tem a capacidade e o mandato para proteger as fronteiras de Israel de forma eficaz.
“A segurança de Israel não pode ser terceirizada”, Netanyahu teria dito em uma reunião a portas fechadas com seus principais conselheiros de segurança. “A IDF é a única força em que se pode confiar para defender nosso povo e nossa terra.”
Este último impasse ressalta o relacionamento cada vez mais complexo e às vezes tenso entre a administração Biden e o governo Netanyahu. Embora os EUA continuem sendo o aliado mais importante de Israel, as diferenças sobre como lidar com a situação de Gaza destacaram as abordagens divergentes entre os dois governos.
Para Netanyahu, manter o controle sobre a Rota Filadélfia não é apenas uma questão de segurança, mas também de soberania. Permitir que as forças da ONU assumam a patrulha seria visto por muitos em Israel como uma concessão significativa, potencialmente minando as credenciais de linha dura de Netanyahu em um momento em que ele já está enfrentando desafios domésticos significativos.
Críticos da postura de Netanyahu argumentam que sua recusa em se comprometer está isolando Israel internacionalmente e aumentando o risco de conflito prolongado. Os proponentes, no entanto, elogiam sua defesa inflexível do direito de Israel à autodefesa e seu ceticismo em relação a intervenções internacionais, que eles acreditam frequentemente não terem a determinação ou imparcialidade necessárias para proteger os interesses israelenses.
A recusa de Netanyahu em ceder na Rota Filadélfia terá implicações significativas para as relações de Israel com seus vizinhos e aliados. Sem uma resolução à vista, o impasse sobre quem deve controlar esse corredor crítico provavelmente continuará a ser um grande ponto de discórdia no atual conflito israelense-palestino.