O governo de Netanyahu enfrenta um possível colapso enquanto a oposição tenta dissolver o parlamento
THE HILL - MELANIE LIDMAN, Associated Press - 11 Junho, 2025

JERUSALÉM (AP) — O governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu enfrentou um grande teste na quarta-feira, depois que a oposição apresentou um projeto de lei para dissolver o parlamento, com seus parceiros de coalizão ultraortodoxos ameaçando apoiar a medida e forçar eleições antecipadas.
Os partidos ultraortodoxos estão furiosos porque o governo não conseguiu aprovar uma lei isentando sua comunidade do serviço militar obrigatório, uma questão que há muito tempo divide o público judeu israelense, especialmente durante a guerra de 20 meses na Faixa de Gaza.
Embora muitos esperem um acordo de última hora, a votação é o desafio mais sério ao governo de Netanyahu desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, a maior falha de segurança na história de Israel.
A oposição apresentou um projeto de lei para dissolver o Knesset, o parlamento israelense. Em resposta, os membros da coalizão apresentaram diversos projetos de lei, lotando a agenda de quarta-feira e ganhando tempo para negociações de última hora.
A votação sobre a dissolução, caso não seja realizada, deve ocorrer tarde da noite. Separadamente, o presidente argentino, Javier Milei, discursará no Knesset na quarta-feira.
O projeto de lei precisa passar por mais três leituras antes que o parlamento seja dissolvido, um processo que pode levar dias ou semanas.
Mesmo que o projeto de lei seja aprovado, pode levar semanas ou meses para que novas eleições sejam convocadas. Se o projeto for reprovado, a oposição não poderá apresentar outra votação pela dissolução por pelo menos seis meses. A oposição ainda poderá retirar o projeto de lei se não houver apoio suficiente e apresentá-lo novamente nas próximas semanas.
A coalizão de Netanyahu inclui dois partidos ultraortodoxos, e ambos precisariam apoiar o projeto de lei de dissolução para que ele fosse aprovado. Na terça-feira, os principais rabinos ultraortodoxos, ou haredi, emitiram um decreto religioso enfatizando sua posição contra o serviço militar, o que dificulta a capacidade de negociação dos políticos haredi.
O serviço militar é obrigatório para a maioria dos judeus em Israel, mas os politicamente poderosos ultraortodoxos, que compõem cerca de 13% da sociedade israelense, tradicionalmente recebem isenções se estiverem estudando em período integral em seminários religiosos.
Os ultraortodoxos, também conhecidos como haredim, ou “tementes a Deus” em hebraico, dizem que a integração ao exército ameaça seu modo de vida tradicional.
Israel está envolvido na mais longa guerra ativa da história do país, que levou suas forças armadas ao limite. A recusa generalizada dos haredim em servir e as ameaças de derrubar o governo durante a guerra enfureceram muitos israelenses, especialmente aqueles que serviram várias vezes na reserva.
Desde o início da guerra, 866 soldados israelenses foram mortos.