Os EUA responderam a uma bomba-relógio, mas a mídia ainda culpou Israel
HONEST REPORTING - Gil Hoffman - 22 Junho, 2025
Tomou 66 americanos como reféns na embaixada dos EUA em Teerã em 1979. Matou 258 americanos em três atentados separados em Beirute em 1983. Matou 19 militares da Força Aérea dos EUA na Arábia Saudita em 1996. Matou 603 militares americanos no Iraque entre 2003 e 2011. Matou três americanos na Jordânia em janeiro de 2024. Tentou assassinar o presidente dos EUA, Donald Trump, no ano passado. Danificou a filial da embaixada dos EUA em Tel Aviv na semana passada.
Esta é apenas uma lista parcial do que a República Islâmica do Irã fez aos Estados Unidos desde que o regime chegou ao poder há 46 anos.
No entanto, desde que Trump ordenou ataques às instalações nucleares iranianas na noite de sábado, os principais meios de comunicação dos EUA e do mundo todo relataram que os EUA não tinham motivo para se envolver, a não ser para ajudar Israel.
Isso é factualmente falso — não apenas por causa do longo histórico de agressões iranianas listadas acima, mas porque um Irã nuclear representaria uma ameaça futura direta não apenas ao chamado "Pequeno Satã" em Israel, mas também ao "Satã do Meio" (Europa) e ao "Grande Satã", os Estados Unidos.
Essa narrativa é perigosa. Quando o Irã retaliar contra os EUA, qualquer baixa americana provavelmente será atribuída a Israel por aqueles que foram enganados por uma mídia que está noticiando de forma imprecisa e irresponsável.
A manchete do New York Times diz: "Com a decisão de bombardear o Irã, Trump injeta os EUA no conflito do Oriente Médio". A verdade é que o regime iraniano injetou os EUA no conflito imediatamente após assumir o poder, e isso não teve nada a ver com Israel. O subtítulo é ainda pior, com a afirmação de que "os EUA se juntaram à guerra de Israel contra o país". Por que o New York Times decide que somente Israel pode se envolver em impedir que um regime maníaco obtenha armas nucleares?
A manchete da Associated Press não é melhor: "EUA se inserem na guerra entre Israel e Irã". O CEO da Fundação para a Defesa das Democracias, Mark Dubowitz, deu outra razão pela qual isso está errado no X : "A maioria não entende isso: Khamenei deu permissão aos seus cientistas de armas nucleares — pela primeira vez — para se aproximarem de uma ogiva DURANTE as conversas com Trump e Witkoff. Esse foi o gatilho. Cruzado. Detectado. Compreendido. O motivo pelo qual os ataques israelenses começaram."
A Reuters descreveu "a decisão de Trump de se juntar à campanha militar de Israel contra seu principal rival, o Irã, como uma grande escalada do conflito, que também corre o risco de abrir uma nova era de instabilidade no Oriente Médio". Vale lembrar que isso foi publicado em uma notícia, não em uma análise – esta é a visão dos jornalistas Phil Stewart e Steve Holland, que acreditam que a medida causará instabilidade no mesmo Oriente Médio que já passou por 625 dias de guerra em sete frentes. Talvez deter um regime com armas nucleares, cujos representantes desestabilizam a região há décadas, possa, na verdade, aumentar a estabilidade, Phil e Steve?
Nayyera Haq, colunista da MSNBC, descreveu "os líderes voláteis do Irã ou de Israel" ao especular sobre o que poderia acontecer a seguir. Mas os líderes democraticamente eleitos de Israel não são moral ou politicamente equivalentes aos clérigos opressores e aos líderes não eleitos do Irã. Como o próprio Trump observou, o Irã teve muitas chances de evitar a guerra.
Jo Floto, chefe do escritório da BBC no Oriente Médio, escreveu : "Se o tom de Netanyahu foi triunfante e o sorriso mal contido, não é de surpreender. Ele passou a maior parte de sua carreira política obcecado com a ameaça que acredita que o Irã representa para Israel." Mas não é só Netanyahu. Impedir a busca do Irã por uma arma nuclear é uma questão de consenso em Israel, não uma "obsessão" pessoal. Chamar isso assim implica irracionalidade quando a ameaça é existencial. Floto também creditou Netanyahu por "mudar a mente de um presidente dos EUA que fez campanha contra aventuras militares no exterior", ignorando as repetidas declarações públicas de Trump de que tomaria qualquer ação necessária para impedir a nuclearização do Irã.
Esses exemplos refletem um padrão mais amplo de reportagens desonestas sobre o ataque americano a Fordow. Se essa tendência continuar, há um sério risco de que antissemitas e extremistas anti-Israel nos EUA respondam com violência, visando judeus americanos por uma decisão legítima do presidente em defesa de seu próprio país.
Ainda não é tarde demais para a imprensa internacional corrigir o curso — para relatar com precisão e situar os ataques em seu devido contexto histórico — antes que narrativas falsas desencadeiem uma onda de reação anti-Israel ou antissemita em casa.