Panamá diz que não renovará acordo de "Cinturão e Rota" com a China após visita de Rubio
O anúncio ocorreu após a reunião do presidente José Mulino com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, na Cidade do Panamá no domingo.
02.02.2025 por Aldgra Fredly
Tradução: César Tonheiro
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse no domingo que seu país não renovará seu memorando de entendimento com a China para fazer parte da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) do Partido Comunista Chinês (PCC).
Falando a repórteres, Mulino disse que o acordo deve ser renovado em dois anos e seu governo está analisando a possibilidade de rescindi-lo mais cedo, de acordo com relatos da mídia local.
"Vamos estudar a possibilidade de terminar mais cedo ou não. Acho que deve ser renovado em um ou dois anos", disse ele em espanhol.
Mulino fez o anúncio após uma reunião com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, na Cidade do Panamá no início do dia, durante a qual Rubio pediu ao Panamá que abordasse urgentemente a influência do PCC sobre a região. O governo Trump acusou o país de não garantir a neutralidade do Canal do Panamá construído pelos EUA, que era um requisito estabelecido pelo "Tratado Relativo à Neutralidade Permanente e Operação do Canal do Panamá" de 1977. O tratado abriu caminho para os Estados Unidos entregarem o controle do canal ao Panamá em 1999.
"Não sinto que haja qualquer ameaça real neste momento contra o tratado de [neutralidade], sua validade", disse o líder panamenho.
O Panamá assinou o acordo para ingressar no projeto de infraestrutura global da China em 2017 sob a antiga administração do presidente Juan Carlos Varela, depois de romper os laços diplomáticos com Taiwan.
Autoridades dos EUA alertaram que o projeto da Belt and Road Initiative (BRI) é uma "diplomacia da armadilha da dívida" do PCC. Em todo o mundo, o PCC ofereceu empréstimos por meio de acordos da BRI a nações em desenvolvimento para projetos de infraestrutura que acabaram levando a níveis de dívida insustentáveis para as nações participantes, deixando sua infraestrutura estratégica vulnerável ao controle da China.
Durante suas conversas em 2 de fevereiro, Rubio disse a Mulino que o presidente dos EUA, Donald Trump, está preocupado com a "atual posição de influência e controle" do PCC sobre a área do Canal do Panamá, citando o tratado de neutralidade.
Rubio deixou claro que o status quo é "inaceitável" e disse que os Estados Unidos "tomarão as medidas necessárias para proteger seus direitos" sob o tratado, de acordo com a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce.
Em resposta, Mulino afirmou a soberania de seu país sobre o Canal do Panamá e disse que a hidrovia continuará a funcionar como "uma entidade autônoma", de acordo com uma leitura em espanhol emitida por seu gabinete.
"Eu entendo que esta é uma preocupação do presidente Donald Trump, dada a época em que esses tratados foram assinados e a situação atual" da Hutchison Ports, com sede em Hong Kong, que opera os portos em ambas as extremidades do canal, disse Mulino.
O Panamá também se comprometeu a formar uma equipe técnica para "esclarecer quaisquer dúvidas" que as autoridades dos EUA possam ter sobre as operações da hidrovia, afirmou seu gabinete.
Mulino acrescentou que o Panamá expandirá seu memorando de entendimento de julho de 2024 com o Departamento de Segurança Interna dos EUA para ajudar as autoridades dos EUA em questões de imigração ilegal.
Várias autoridades dos EUA foram às redes sociais para comemorar a decisão de Mulino de encerrar o acordo com a BRI, com o conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz descrevendo-o como um "passo na direção certa".
O deputado Bill Huizenga (R-Michigan) elogiou Rubio por seus esforços em combater a influência do PCC no Panamá.
"Temos visto muita influência da China aqui no Hemisfério Ocidental. Agora vamos para a África e outros lugares ao redor do mundo", afirmou Huizenga no X.
O Comitê de Relações Exteriores da Câmara afirmou no X que "o Panamá parece pronto para fechar a torneira" após a única visita de Rubio ao país.
As negociações marcaram a primeira viagem de Rubio ao exterior desde que assumiu o cargo há menos de duas semanas. A viagem, que inclui paradas em El Salvador, Costa Rica, Guatemala e República Dominicana, também marca a primeira vez em um século que um secretário de Estado dos EUA fez da América Latina o primeiro destino oficial, refletindo o desejo dos EUA de conter a crescente invasão diplomática chinesa na região.
Os Estados Unidos passaram uma década construindo o Canal do Panamá, que conecta o Mar do Caribe ao Oceano Pacífico. Em 1999, sob o tratado de 1977, o Panamá assumiu o controle da hidrovia de 51 milhas de extensão.
Eva Fu contribuiu para este relatório.
Aldgra Fredly é redatora freelancer que cobre notícias dos EUA e da Ásia-Pacífico para o Epoch Times.