Por trás de dados econômicos otimistas, americanos lutam para sobreviver
Comer fora com menos frequência, sacar recursos da poupança (401(k), comprar medicamentos no exterior, escolher produtos mais baratos — os americanos dizem que estão sentindo a dor da inflação.
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8 de maio de 2024 por Emel Akan
Tradução: César Tonheiro
Monica Lomax, de 59 anos, moradora de Elkridge, Maryland, tem sentido o arrocho do aumento dos custos.
Ela teve que apertar seu orçamento, especialmente para mantimentos e roupas. Agora, suas viagens de compras são principalmente para o essencial, um ajuste necessário em sua vida para gerenciar o aperto financeiro.
"Eu estava pensando em comprar ou reduzir o tamanho de outro imóvel. Mas como as taxas de juros ainda estão altas, adiei isso", disse ela ao Epoch Times.
Muitos americanos como Lomax estão adiando grandes planos de vida devido à alta inflação. Mudar para uma nova casa, comprar novos móveis ou reservar férias agora parecem sonhos distantes.
Enquanto alguns se apegam à esperança de que as coisas finalmente voltem ao normal, outros temem que a inflação alta tenha vindo para ficar.
Susan Garland, 47, de Elkridge, Maryland, acredita que a inflação continua sendo um dos principais problemas enfrentados pelo país.
"Estamos definitivamente sentindo isso. Somos uma família de duas pessoas. Nossa conta de supermercado agora é de mais de US$ 100 por semana", disse ela ao Epoch Times.
Por mais de 10 anos, as contas de supermercado dos Garlands costumavam ser de cerca de US$ 70 por semana – antes da alta inflação, observou ela. Ela e o marido tiveram que reduzir os gastos com tudo, desde férias até alimentação fora de casa.
Seu marido, o encanador Michael Garland, 53, diz que os proprietários também estão reduzindo seus gastos com serviços, o que tem um impacto direto em sua renda.
"Se eles não podem pagar os serviços, não me ligam, o que afeta meu trabalho", disse ele.
A taxa de inflação anual caiu significativamente de seu pico de 9,1% em junho de 2022 para 3,4% em abril deste ano. No entanto, ainda está acima da meta de 2% do Federal Reserve. Alguns economistas alertam que a inflação alta pode ser o novo normal e aconselham os americanos a se prepararem para essa realidade.
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Mergulhando na aposentadoria
Somando-se aos problemas financeiros, um número crescente de americanos está sendo forçado a sacar de suas economias (401(k) mais cedo para cobrir emergências e despesas básicas.
Dados internos da empresa de investimentos The Vanguard Group revelaram que 3,6% de seus participantes fizeram uma "retirada para cobrir dificuldades" no ano passado, ante 2,8% em 2022.
Essa questão é particularmente grave para os aposentados, pois eles correm o risco de esgotar suas economias.
"Embora sejamos geralmente muito frugais, parece que nossos esforços não são suficientes", disse KT Hundsen, de Minneapolis, ao Epoch Times.
"Tenho notado que meu marido sacou várias vezes, negociando títulos ou ações, em valores de US$ 10 mil, para poder pagar nossas contas habituais", disse ela.
Ela e o marido estão encontrando maneiras de reduzir as despesas, cortando seu orçamento em roupas e móveis, ao mesmo tempo em que cultivam mais plantas [hortaliças] e flores a partir de sementes em seu jardim.
"Comemos fora uma ou duas vezes por mês com os netos, mas em vez de jantar, vamos para o café da manhã, que é mais barato", disse ela.
Os aposentados dependem de uma renda fixa de seus planos de previdência ou cheques da Previdência Social, e a inflação está gradualmente esgotando seus investimentos e reservas de emergência. Em um relatório recente, o Boston College projeta que os aposentados de renda média terão que amargar uma queda de 14,2% em sua riqueza financeira entre 2021 e 2025 devido à inflação.
Dennis O'Connor, um aposentado de 84 anos de Temecula, Califórnia, diz que é mais difícil para os aposentados ajustar seus gastos para lidar com a inflação.
"Pessoalmente, como a maioria dos idosos, tivemos que ajustar não apenas nossos gastos atuais, mas também nossos gastos para um futuro muito imprevisível", disse O'Connor ao Epoch Times.
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Antes da recente alta de preços, os americanos lidaram com uma inflação modesta por mais de 40 anos. Assim, a maioria dos fundos de aposentadoria não estava adequadamente preparada para lidar com os desafios de um ambiente de alta inflação, disse ele.
O'Connor e sua esposa agora gastam menos em viagens, refeições fora e idas ao cinema.
"A inflação tem sido muito maior do que os 19% que a imprensa divulga. Por exemplo, costumávamos almoçar regularmente em um restaurante especial e o custo aumentou 40%", disse ele.
"E não para por aí; os preços de suprimentos para casa, presentes, ferramentas e até itens como ração para cães e pássaros dispararam. É assustador."
Consumidores recorrem a produtos mais baratos
De acordo com um novo relatório da Adobe Analytics, os consumidores estão trocando cada vez mais por produtos mais baratos para lidar com a inflação persistente nas principais categorias de comércio eletrônico, como cuidados pessoais, eletrônicos, vestuário, móveis e mantimentos.
A Adobe analisou os hábitos de compra pela internet dos consumidores de 1º de janeiro a 3 de abril. A análise revelou que os itens de baixo custo representaram uma parcela substancial das vendas on-line em comparação com cinco anos atrás.
A participação das vendas unitárias que vieram do quartil mais barato de produtos aumentou 96% em cuidados pessoais, 64% em eletrônicos e 47% em vestuário.
Além disso, os compradores estão migrando para as marcas de lojas (private label) para economizar dinheiro.
"Comprar mercadorias mais baratas é claramente uma exigência se quisermos cumprir nosso orçamento estabelecido. Há muitos alimentos que limitamos em nossas refeições", disse O'Connor.
Algumas empresas estão acompanhando de perto essa tendência e até ajustaram sua estratégia para ofertar produtos com preços vantajosos ou marcas próprias.
"Os clientes estão comprando, mas permanecem cautelosos, quando podem buscam mercadorias mais em conta e ofertas", disse Andy Jassy, CEO da Amazon, durante a teleconferência de resultados da empresa recentemente.
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Embora ilegal, milhões de americanos também estão tentando comprar medicamentos prescritos do Canadá, México ou outros países para economizar dinheiro.
Mais de 2 milhões de americanos, ou 1,5%, compram medicamentos prescritos do exterior, de acordo com um estudo de 2020 da Universidade da Flórida.
No mês passado, a inflação anual caiu de 3,5% em março para 3,4%, de acordo com os últimos dados do Departamento do Trabalho, aumentando a possibilidade de cortes nas taxas de juros em um futuro próximo e trazendo um raio de esperança para os mercados financeiros.
Em 15 de maio, o presidente Joe Biden saudou a queda da inflação, embora reconheça que ainda há progresso a ser feito.
"O núcleo da inflação caiu para o menor nível em três anos. Mas muitas famílias estão lutando e temos muito mais a fazer", afirmou o presidente Biden na rede social X.
"É por isso que tenho um plano para reduzir os custos de habitação, baixar os preços dos medicamentos sujeitos a receita médica e reduzir os custos dos cuidados infantis."
O clima do público, no entanto, continua azedo. De acordo com a pesquisa ABC News/Ipsos, a economia e a inflação estão entre os problemas mais importantes para os eleitores nas eleições presidenciais de 2024, com mais americanos confiando no ex-presidente Donald Trump nessas questões em relação ao presidente Biden.
No geral, os preços subiram quase 20% desde que o presidente Biden assumiu o cargo em janeiro de 2021. De acordo com dados do Bureau of Labor Statistics dos EUA, os preços da gasolina aumentaram mais de 55%, enquanto os preços dos alimentos e da habitação subiram 21% cada.
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Stacy Robinson contribuiu para este relatório.
Emel Akan é correspondente sênior da Casa Branca no The Epoch Times, onde cobre o governo Biden. Antes desse papel, ela cobriu as políticas econômicas do governo Trump. Anteriormente, trabalhou no setor financeiro como banqueira de investimentos no JPMorgan. Ela se formou com um mestrado em administração de empresas pela Universidade de Georgetown.
https://www.theepochtimes.com/article/behind-rosy-economic-data-americans-struggle-to-make-ends-meet-5651988