Questões importantes levantadas pelo ataque de drones "incrível" da Ucrânia contra bombardeiros russos
Fred Fleitz - 6 Junho, 2025
Os drones da Ucrânia podem ter destruído bilhões em bombardeiros russos, expondo as vulnerabilidades de Moscou, prejudicando a iniciativa de paz de Trump e abalando a complacência da defesa dos EUA.
No domingo, a Ucrânia realizou uma ousada operação secreta na Rússia que destruiu ou danificou cerca de uma dúzia de bombardeiros pesados russos e possivelmente um avião AWACS. Esses ataques podem ter destruído aviões militares russos insubstituíveis, avaliados em bilhões de dólares, usando drones que custam menos de US$ 50.000.
No início da semana, o presidente Trump teria descrito o ataque surpresa ucraniano aos seus assessores como "forte" e "durão". No entanto, ontem, o presidente expressou sua insatisfação com a operação e levantou preocupações sobre a declaração de Putin de que planeja retaliar.
Em 1º de junho, a Ucrânia enviou 117 drones para atacar bombardeiros russos em quatro bases aéreas. Duas delas estavam a menos de 800 quilômetros da fronteira entre a Rússia e a Ucrânia. As outras duas bases estavam distantes: a base aérea de Olenya, na Península de Kola, perto de Murmansk (a 1.700 quilômetros da fronteira com a Ucrânia), e a base aérea de Belaya, na Sibéria (a aproximadamente 4.440 quilômetros da fronteira com a Ucrânia).
Peças para os drones foram contrabandeadas para a Rússia, onde foram montadas. Os drones foram levados por caminhões para locais próximos às bases aéreas russas e lançados dos caminhões. A Ucrânia alega ter danificado 41 bombardeiros russos no ataque com drones, embora relatos da imprensa confirmem que entre 10 e 20 foram destruídos ou danificados — principalmente bombardeiros Tu-95 e Tu-22M.
A operação de drones ucranianos ressalta a rápida evolução da guerra moderna e seu impacto no processo de paz entre Rússia e Ucrânia.
1. Quão vulneráveis são os EUA a ataques semelhantes de drones?
O ataque com drones ucranianos foi um alerta para os Estados Unidos e mais um sinal dos avanços significativos em tecnologias de guerra da Guerra Ucrânia-Rússia. Assim como a Rússia, aeronaves militares americanas permanecem expostas em bases aéreas americanas e são vulneráveis a ataques de drones explosivos de baixo custo. Especialistas acreditam que o Pentágono não fez o suficiente para se defender contra essa ameaça. Há uma ameaça semelhante de drones em outras instalações do governo americano e em autoridades americanas. A ameaça de drones certamente aumentará com a chegada de novas tecnologias de drones de ataque, como drones difíceis de bloquear, controlados por cabos de fibra óptica e drones guiados até seus alvos por IA.
Autoridades americanas devem tomar medidas para se defender contra as crescentes ameaças de ataques de drones contra aeronaves militares americanas e outros alvos governamentais. Esses ataques podem ser conduzidos por forças hostis ou por meio do lançamento de drones a partir de pequenas embarcações ou "transportadores de drones" contra bases americanas, especialmente no Golfo Pérsico e no Pacífico.
2. Como o ataque de drones afetará os esforços do presidente Trump para negociar um cessar-fogo na Guerra da Ucrânia?
Apesar do comentário do presidente Trump, que supostamente chamou o ataque com drones ucranianos de "incrível", ele está irritado com o fato de o governo ucraniano ter conduzido o ataque na véspera das negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, na segunda-feira. Isso não quer dizer que os bombardeiros russos não fossem alvos legítimos para a Ucrânia — os líderes ucranianos tinham justificativa para tomar medidas para destruir aeronaves russas que atacam seu país diariamente. No entanto, o momento desses ataques foi infeliz, pois minaram o esforço de paz de Trump e provavelmente levaram Putin a endurecer sua posição sobre um cessar-fogo. Autoridades do governo Trump provavelmente aconselharão Zelensky a se abster de novos ataques como este enquanto o processo de paz liderado pelos EUA permanecer ativo.
3. O que esse ataque indica sobre a competência do governo russo e das autoridades militares?
O ataque com drones ucranianos expôs fragilidades ainda mais significativas na liderança do governo russo e na segurança interna. Também é provável que indique excesso de confiança por parte do presidente russo Putin e sua subestimação da Ucrânia como adversária. O ataque foi um constrangimento para os serviços de segurança russos, dos quais agentes ucranianos se esquivaram para montar os drones na Rússia e transportá-los por longas distâncias através do país para realizar ataques contra os bombardeiros. Foi também uma grande falha da inteligência russa, que não conseguiu detectar o planejamento do ataque. Além disso, os líderes russos não ouviram as preocupações de especialistas militares russos antes do ataque de que aeronaves militares estacionadas em bases aéreas eram vulneráveis a ataques da Ucrânia, especialmente porque a Ucrânia lançou ataques semelhantes contra aviões russos em bases aéreas na Crimeia.
4. O que o ataque de drones indica sobre as capacidades militares da Rússia?
O ataque com drones foi mais um sinal de quão deterioradas as forças armadas russas se deterioraram desde a era soviética. Os bombardeiros danificados ou destruídos pela Ucrânia faziam parte da tríade nuclear russa e de sua capacidade de exercer poder militar russo em todo o mundo. Muitos desses aviões serão difíceis, senão impossíveis, de substituir. Isso inclui pelo menos sete bombardeiros Tu-95, que datam da década de 1950 e não estão mais em produção. A Rússia possui um número limitado desses aviões, e alguns teriam sido canibalizados para a obtenção de peças que mantivessem outras aeronaves operacionais. O substituto do Tu-95, o Tu-160, está sendo fabricado em ritmo lento, tem um alcance menor e pode transportar menos bombas e mísseis.
5. A Ucrânia teve ajuda para organizar este ataque? O que a CIA sabia?
Segundo relatos da imprensa, a Ucrânia conduziu o ataque com drones contra bombardeiros pesados russos por conta própria e após 18 meses de preparação. A Ucrânia supostamente não informou os EUA sobre o ataque com antecedência. Como ex-analista da CIA, duvido que a Ucrânia tenha conduzido esta operação sem a assistência de especialistas estrangeiros e informações, especialmente imagens de satélite espião, de serviços de inteligência estrangeiros. Além disso, considerando a proximidade da CIA com a Ucrânia há mais de 20 anos, é difícil acreditar que os agentes da CIA não soubessem do planejamento desta operação. Os agentes da CIA podem ter sabido que a operação era iminente e podem ter ajudado em seu planejamento.
Como os agentes de inteligência dos EUA trabalham para o Presidente dos Estados Unidos e não para si próprios, acredito ser essencial que a Casa Branca e os comitês de supervisão de inteligência do Congresso investiguem o que a CIA e outras agências de inteligência dos EUA sabiam com antecedência sobre o recente ataque de drones ucranianos e se desempenharam algum papel nele. Uma questão crucial será determinar se agentes de carreira da CIA sabiam desse ataque com antecedência, mas ocultaram essa informação do diretor da CIA, John Ratcliffe, e do presidente Trump.