RAÍZES HISTÓRICAS DA INTERVENÇÃO RUSSA NA UCRÂNIA
A mídia ocidental clama em uníssono e algumas mídias conservadoras ecoam sem pensar, reagindo somente por emoções: “temos que salvar a Ucrânia”.
ARTIGO INÉDITO DE HEITOR DE PAOLA
30 MAIO, 2023
hdepaola.substack.com
Em uma intervenção grosseira e inoportuna, o presidente não eleito do Conselho UEropUE, Herman Van Rompuy, alertou Vladimir Putin de que a UE pretende, em última análise, controlar todos os países do flanco ocidental da Rússia. Nesta entrevista, Van Rompuy disse que Bruxelas pretende, de fato, criar uma fronteira nacional da UE desde o Círculo Polar Ártico até a fronteira turca com o Iraque. Admite que não sabe se há apoio público para tal movimento, “Mas nós o faremos de qualquer maneira.”
BREIBART
1º de maio de 2014
Nesta "guerra da Ucrânia” Putin está sendo feito de Satã, mas não creio que tenha sido uma guerra de agressão pura, como a mídia ocidental clama em uníssono e algumas mídias conservadoras ecoam sem pensar, reagindo somente por emoções: “temos que salvar a Ucrânia”, porém sem entender quem é o inimigo real. Não se leva em conta a expansão da UE, como referida por Rumpoy, e da OTAN, que junto com os EUA são os maiores responsáveis por provocar a Rússia até Putin não aguentar mais. O que vocês acham que teria acontecido se a Rússia enchesse de mísseis o México e o Canadá? E ainda quisesse torná-los sua área de influência? Como reagiriam os USA? Guerra na certa! Como quase foi em 1962 com a crise dos mísseis soviéticos em Cuba1. Pois foi isto que fizeram desde o início deste século: OTAN e UE, com apoio dos USA avançaram a leste (Drang nach Osten, velho plano alemão) até as fronteiras da Rússia e colocaram mísseis na Polônia, na Romênia e laboratórios de guerra biológica (biolabs) na Ucrânia. Zelenskyi segue as diretrizes do World Economic Forum e aceitou entrar para a UE e OTAN e insiste nisso! Talvez se ache muito importante, mas não passa de um puppet dos globalistas da UE e do WEF que o abandonarão tão logo consigam seus intentos. Esta guerra é do Ocidente contra a Rússia usando a Ucrânia como proxi e o povo ucraniano como bucha de canhão! Querem espremer a Rússia contra a parede e corremos o risco de guerra nuclear se Putin se sentir acuado.
Não tenho a intenção de defender Putin – um assassino do KGB que comandou desde Dresden, na então Alemanha comunista, a maioria das organizações terroristas, é um autocrata que liquidou com a oposição, portanto um ditador2 - e muito menos negar o direito do povo ucraniano à independência duramente conquistada em 1991. Mas é necessário entender que a fronteira ocidental russa é como uma almofada que separa a Rússia dos países da Europa Ocidental, os quais a Rússia historicamente teme, com razão, que a ataquem. Por sua vez, os países que a cercam a temem, também com razão! Principalmente a própria Ucrânia (a lembrança inapagável da morte de milhões pela fome no Holodomor). O medo é dos dois lados e não é um sentimento que estimule o funcionamento da razão. Mas é exatamente este medo mútuo que é explorado pela terceira parte desta guerra, pelos EUA – do corrupto e inepto Biden, com Trump não seria assim – pela UE e pela OTAN. Ao invés de atuarem racionalmente estão explorando o que há de pior neste medo.
José Manuel Barroso, o “ex”-maoísta português que era presidente da Comissão Europeia em 2007, disse gostar de comparar a UE “à organização de um império”: “Temos a dimensão de um império. Acredito que seja uma grande construção.” De um império que vá direto para a borda da pátria russa, Ródina (Родина). As atitudes de Rompuy e Barroso certamente ameaçam os laços históricos, comerciais e políticos da Rússia com a Europa Oriental, por isso é improvável que os russos acreditem em Van Rompuy quando ele insiste que a UE não pretende criar uma “mudança geopolítica”. O então vice-líder do UKIP (United Kingdom Independent Party), Paul Nuttall, disse que as palavras de Van Rompuy “demonstram a assustadora mentalidade expansionista dos fanáticos federalistas”. Acrescentou que Van Rompuy “mostra um raro vislumbre de honestidade quando admite que o desejo de expansão da UE virá sem qualquer aprovação pública”. Só que este “raro vislumbre de honestidade” fugiu da tônica de formação da UE, toda ela levada a efeito de acordo com a afirmação de Arnold Toynbee, Diretor de Estudos do Royal Institute of International Affairs, Chatham House (em 1940): “No momento, estamos trabalhando discretamente, mas com todas as nossas forças, para arrancar essa misteriosa força política chamada soberania das garras dos estados-nação do mundo. E o tempo todo negamos com nossos lábios o que estamos fazendo com nossas mãos”. Particularmente importante é a avaliação de Walter Schellemberg, SS Brigadeführer und Generalmajor der Polizei, Sicherheistdienst, no Gestapo Handbook for the Invasion of Britain 19403: “o Dr. Arnold J. Toynbee, professor da Universidade de Londres, é essencialmente um homem prestativo e hábil”. Veremos num próximo artigo qual a importância desta avaliação. Parte dela já está no meu livro que sairá em breve pela PHVox: Rumo ao Governo Mundial Totalitário: As Grandes Fundações, os Comunistas, Fabianos e Nazistas.
A entrevista de Rompuy foi dada em 1º de maio de 2014, mas as preparações eram anteriores e os serviços de inteligência russos provavelmente detectaram. Putin invadiu a Crimeia antes que a ameaça fosse maior.
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É preciso lembrar a Imperatriz Catarina II, a Grande, que disse: "Não tenho como proteger minhas fronteiras ocidentais, então terei que invadi-las e neutraliza-las." A anexação da Crimeia expulsando os turcos em 1783 foi obra de seu então amante Grigory Alieksandrovich Potemkin. Através dessa anexação e aquisição dos territórios do Kanato da Criméia, que se estendia das montanhas do Cáucaso até o rio Bug, no sudoeste da Rússia, a Rússia controlava a costa norte do Mar Negro e estava em posição de ameaçar a existência do Império Otomano e estabelecer uma posição no Mediterrâneo. O calcanhar de Aquiles da Rússia como potência sempre foi a inexistência de mares não gelados onde estabelecer um porto comercial e bases militares. A Frota do Mar Negro, fundada por Potemkin em 13 de maio de 1783, tem a sua principal base em Sebastopol, é uma frota de enorme importância política e histórica. Embora não seja ideal, pois estando no Mar Negro cuja saída é pelo Bósforo controlado pela Turquia, é melhor do que Murmansk, Kaliningrad no Báltico espremido pela Polônia e Lituânia e com saída também estrangulada por inimigos -Suécia e Dinamarca -, Vladivostok e Petropavlovsky4.
Existe um plano lógico e metódico que remonta a um longo caminho, pelo menos até 2007, quando Putin alertou a Europa e ao mundo, de que Moscou não aceitaria a expansão da OTAN. E então, um ano depois em 2008, a OTAN, num claro desafio, abriu as portas para a Geórgia e a Ucrânia.
Durante os últimos 30 anos, altos especialistas em política externa dos Estados Unidos alertaram repetidamente que, ao expandir a OTAN para a Europa Oriental, os Estados Unidos estavam cometendo um perigoso erro político. Em 1997, quando a OTAN dava um grande passo em direção à expansão, George F. Kennan, talvez o mais eminente estadista americano então vivo (durante a década de 1940, ele foi pioneiro na política de contenção da União Soviética durante a guerra fria e mais tarde serviu como embaixador na União Soviética) alertou que
“expandir a OTAN seria o erro mais fatal da política americana em toda a era pós-guerra fria”.
Kennan lamentou a falta de sentido de todo o projeto expansionista, perguntando: por que, com todas as possibilidades esperançosas engendradas pelo fim da Guerra Fria, as relações Leste-Oeste deveriam se centrar na questão de quem seria aliado de quem e, por implicação, contra quem, em alguma fantasia totalmente imprevisível. Um ano depois, em entrevista a Thomas Friedman, o estadista de 94 anos respondeu à ratificação do Senado da expansão da OTAN:
“Acho que é o início de uma nova guerra fria. Acho que os russos reagirão gradualmente de forma bastante adversa e isso afetará suas políticas. Acho que é um erro trágico. Não havia nenhuma razão para isso. Ninguém estava ameaçando ninguém. O apoio americano a essa expansão faria os Pais Fundadores se revirarem em seus túmulos” 5.
E acrescentou: “As pessoas não entendem? Nossas diferenças na Guerra Fria eram com o regime comunista soviético, não com a Rússia.” Kennan não estava sozinho. Muitos outros - incluindo falcões proeminentes - também argumentaram contra a expansão. Fiona Hill, acadêmica e especialista em relações exteriores britânico-americana e ex-funcionária do Conselho de Segurança Nacional dos EUA sob John Bolton, especializada em assuntos russos e europeus, hoje Chanceler da Universidade de Durham, UK, reconhece diretamente o papel crucial que a expansão da OTAN e as invasões militares ocidentais desempenharam na motivação das ações russas na Ucrânia, apesar de ser considerada uma hawkish (falcão) em relação à Rússia.
A OTAN foi fundada para enfrentar a crescente ameaça soviética à Europa e à América e deveria ter sido extinta com o fim da URSS e a democratização e neutralização ou até apoio ao ocidente da maioria dos países anteriormente aliados no Pacto de Varsóvia, a resposta soviética à OTAN.
A história de uma Rússia perversa, irracional e intrinsecamente expansionista, com um líder paranoico no comando, oposta por Estados Unidos e Europa virtuosos, é uma confabulação confusa e estranha, inconsistente com toda uma série de eventos direcionados durante os últimos 30 anos— eventos cujo significado deveria ter sido prontamente aparente. As provocações que os Estados Unidos e seus aliados fizeram à Rússia são erros políticos tão sérios que, se a situação tivesse sido invertida, os líderes dos EUA teriam há muito arriscado uma guerra nuclear com a Rússia. Para os líderes dos EUA afirmarem o contrário, como estão fazendo agora, representa um perigoso desrespeito à realidade. Em alguns casos, esse descaso certamente representa demagogia intencional.
O nexo entre a burocracia e o interesse comercial que o presidente Eisenhower, um general cinco estrelas do Exército, chamou de complexo militar-industrial, sobre o qual alertou o público americano em seu último discurso televisionado como presidente dos Estados Unidos, está presente e precisa de guerra para aumentar seus lucros. Essa narrativa também permite que os líderes europeus mais contrários à Rússia e militaristas, bem como aqueles com menos coragem, enfrentem as políticas americanas equivocadas. A narrativa obscurece a mente dos cidadãos americanos e europeus, levando ao chauvinismo e à guerra.
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O governo dos EUA, por meio de suas palavras e ações, pode ter levado os líderes ucranianos e o povo ucraniano a adotar posições intransigentes em relação à Rússia. Em vez de pressionar e apoiar uma paz negociada no Donbass 6 entre Kyiv e os autonomistas pró-russos, os Estados Unidos encorajaram fortemente as forças nacionalistas na Ucrânia. Biden chegou a exigir a retirada de Putin do poder, numa interferência inusitada em assuntos internos de outro país, entre fortes ofensas pessoais ao próprio. Despejou armas na Ucrânia, intensificou a integração militar e o treinamento com os militares ucranianos, recusou-se a renunciar aos planos de incorporar a Ucrânia à OTAN e pode ter dado a impressão aos líderes e ao povo ucraniano de que poderia ir diretamente à guerra com a Rússia em nome da Ucrânia.
Em 19 de fevereiro, cinco dias antes da invasão da Ucrânia, Zelenskyi se encontrou em Munique com o chanceler alemão Olaf Scholz. De acordo com o The Wall Street Journal, Scholz propôs intermediar um acordo de paz. Ele disse a Zelenskyi que a Ucrânia deveria renunciar às suas aspirações de entrar para a OTAN e declarar neutralidade como parte de um acordo de segurança europeu mais amplo entre o Ocidente e a Rússia. O pacto seria assinado por Putin e Biden, que juntos garantiriam a segurança da Ucrânia. Zelenskyi disse que não se pode confiar em Putin para defender tal acordo e que a maioria dos ucranianos deseja ingressar na OTAN. Sua resposta deixou as autoridades alemãs preocupadas com o fato de que as chances de paz estivessem diminuindo 7.
Em uma entrevista recente, Richard Sakwa, Professor Emérito de Política Russa e Europeia na Universidade de Kent e de 2001 a 2007 chefe do Departamento de Política e Relações Internacionais da Universidade, pesquisador sênior da National Research University-Higher School of Economics em Moscou e professor honorário da Faculdade de Ciências Políticas da Universidade Estatal de Moscou e autor do livro Frontline Ukraine: Crisis in the Borderlands 8, sugeriu que Zelenskyi poderia ter feito as pazes com a Rússia falando apenas sete palavras: “A Ucrânia não se juntará à OTAN”. O livro é sobre as origens da Guerra Russo-Ucraniana. Argumenta que os conflitos no espaço pós-soviético são causados pelo expansionismo da "Europa Ampla" ocidental/atlantista e pela agressão revanchista (contra o anterior domínio comunista) dos Estados do Leste europeu, com os EUA e a OTAN desencadeando uma nova Guerra Fria. O livro adverte contra a segurança europeia se tornar "refém de um país distante", a Ucrânia. Sakwa argumenta que é "equivocado na conceituação e perigoso em suas consequências" descrever a Rússia como expansionista: "A Rússia sob Putin não é um estado grileiro, é um poder profundamente conservador e suas ações são projetadas para manter o status quo... [Rússia] não pretende revisar a ordem internacional existente, mas torná-la mais inclusiva e universal." Sakwa argumenta que as guerras da Rússia com a Geórgia são guerras defensivas contra o expansionismo da OTAN.
Não bastassem os interesses americanos, ex-primeiro-ministro e pseudo-Brexiteer Boris Johnson foi enviado ao Texas por seus amigos do lobby da guerra como parte de uma “missão” para pressionar os republicanos a apoiar a guerra ucraniana. O ex-primeiro-ministro Johnson deixou o cargo depois de acelerar a migração em massa, aumentar os impostos e não cumprir o Brexit. Seu legado doméstico foi escândalo político, bloqueios pandêmicos e migração em massa – voou para Dallas para jantar com “figuras conservadoras importantes, incluindo políticos, doadores e capitães da indústria” pelo Centro de Análise de Política Europeia (CEPA), uma organização não governamental financiada pela BAE Systems, Lockheed Martin, OTAN e o Departamento de Estado dos EUA, certamente organizações e empresas muito interessadas na paz!– queria “levar seu caso enérgico e pró-conservador para a guerra fora da metrópole D.C. e profundamente no território republicano”.
“Você está apostando no cavalo certo. A Ucrânia vai ganhar. Eles vão derrotar Putin”, disse Johnson, apesar das fortes afirmações em contrário de líderes europeus que ainda estão no comando de seus países, em vez de atuar como lobistas para grandes corporações com interesses bélicos. “Eu apenas peço a todos que continuem com isso”, disse Johnson. Dallas foi apenas uma “parada” para Johnson, antes de uma conferência fintech em Las Vegas, “onde ele recebeu uma quantia esperada de seis dígitos por um discurso”, brilhando ao lado de Mike Pompeo, Bill Barr, Karl Rove e Gary Cohn no hotel Bellagio.9
O governo Biden deixou claro que favorecia uma escalada na luta, não o fim dela, como uma oportunidade para “enfraquecer” a Rússia, um rival geoestratégico junto com a China. Portanto Biden é contra qualquer acordo de paz e pouco se importa de que quantos ucranianos e russos morrerão nesta empreitada sem fim! E certamente sob os aplausos dos produtores de armamentos! Desde então, o Reino Unido tem estado na vanguarda dos esforços europeus para consolidar o conflito, ajudando a fazer lobby para o fornecimento de armas, treinamento e inteligência militar para as forças ucranianas. Tanques britânicos e milhares de projéteis de tanques – incluindo, controversamente, alguns feitos de urânio empobrecido. Tais munições são consideradas armas “sujas” que ao explodirem espalham radioatividade cancerígena que permanecem meses ou anos, levando a população num grande raio ao perigo de contaminação e morte. Esses são os “bonzinhos” que querem proteger os ucranianos do satã Putin? Na semana passada, o Reino Unido adicionou centenas de drones de ataque de longo alcance ao inventário 10.
Zelenskyi foi eleito com 70% dos votos em nome da paz. O que mudou? Pressão dos ultranacionalistas armados e incompetência de um comediante sem experiência política e, aparentemente sem assessores à altura? Ou seu compromisso com a paz é pura cortina de fumaça? Isto foi demonstrado, enquanto eu escrevia este artigo (31/05/2023) com a notícia de que a assessoria de imprensa de Volodymyr Zelenskyi divulgou um vídeo 11 (editado) dele com o senador norte-americano Lindsey Graham durante a reunião na última sexta-feira (26/05), na qual Graham teria dito “Os russos estão morrendo… é o melhor dinheiro que já gastamos”. O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse que “é uma vergonha para um país ter um Senador como este” e o Comitê Investigativo da Rússia, a principal agência de investigação criminal do país, abriu um inquérito criminal contra Graham, de acordo com a Associated Press. Além disso, o Ministério do Interior da Rússia emitiu um mandado de prisão contra ele. Porém, na versão em vídeo completa do encontro entre Graham e Zelenskyi, o que Graham realmente disse foi que o envio de ajuda dos EUA à Ucrânia – não as mortes reais dos russos – foi um investimento valioso na segurança global dos Estados Unidos. Zelenskyi não quer paz, quer estimular antagonismos e prolongar o conflito, ou foi traído por sua assessoria?
Além do que, Zelenskyi nunca recebeu nenhum apoio americano substancial para prosseguir com sua suposta agenda de paz. Em vez disso, ele foi submetido a repetidas visitas de importantes políticos americanos e funcionários do Departamento de Estado, todos os quais proferiram um princípio teórico de absoluta liberdade ucraniana, definida como o “direito” de ingressar na OTAN e estabelecer um posto militar avançado dos EUA na fronteira da Rússia. Embora tenha promovido os objetivos dos Estados Unidos - ou, mais precisamente, os interesses de certas facções políticas, militares e financeiras americanas – ameaça destruir a Ucrânia.
A Ucrânia, como país, é irrelevante para a América. E se os líderes dos Estados Unidos e da OTAN tivessem reconhecido esse fato óbvio, nada disso estaria acontecendo. Em contraste, para a Rússia - com sua fronteira compartilhada de 1.200 milhas e sua história de três grandes invasões do Ocidente pela rota terrestre, a mais recente das quais, durante a Segunda Guerra Mundial, causou a morte de aproximadamente 13% de toda a população russa — a Ucrânia é o mais vital dos interesses vitais russos.
Os russos temem, e com razão, que se Zelenskyi ganhar, a Ucrânia vai instalar na fronteira bases de mísseis balísticos de alcance intermediário e mísseis de cruzeiro (Tomahawk) que facilmente atingem Moscou. Realmente, que pessoa racional poderia acreditar que colocar um arsenal ocidental na fronteira da Rússia não produziria uma resposta poderosa? Que pessoa racional poderia acreditar que colocar esse arsenal aumentaria a segurança americana? Em 2008 o embaixador dos EUA na Rússia, William Burns, que agora dirige a CIA de Biden, telegrafou a Washington que, para a Rússia, a Ucrânia era a linha mais vermelha das linhas vermelhas. Não é preciso ser um cientista de foguetes para entender o porquê. Putin fez o que qualquer Tzar ou líder comunista ou democrático faria!
Há forças obscuras clamando por guerra na Ucrânia para encher seus próprios bolsos e expandir seu poder. A América deve ser forte e pronta para se defender, mas deve evitar a ideia de ir à guerra em nome de uma potência estrangeira só porque pode. A Europa é um caso perdido. Sempre desconfie e tenha cuidado com aqueles que são rápidos em pedir guerra, principalmente quando dizem que é para defender os direitos humanos. Lembre-se que a guerra mata e mortos não têm interesse por direitos.
Poucos sabem que o ganhador foi Khrushchëv: conseguiu de Kennedy o compromisso de que os EUA jamais invadiriam Cuba e a retirada dos mísseis balísticos americanos da Turquia uns três meses depois para não dar tanto na vista. Mas as ogivas foram desativadas imediatamente. Kennedy saiu de herói, o que pouco importava para Khrushchëv que não devia nada à opinião púbica por ser ditador.
Para melhor entendimento ler The Man Without a Face: the unlikely rise of Vladimir Putin, de Marsha Gessen, Penguin Group, 2012
https://www.amazon.co.uk/Invasion-1940-Nazi-Plan-Britain/dp/0953615138
Ainda existem outros portos comerciais: Arkangel, Nakhodka, Novorossiysk, Primorsk, Vostochnyy, Kavkaz (terminal de petróleo), São Petersburgo (no Rio Nieva), Ilha de Sakhalin (terminal de gás natural liquefeito).
Os fundadores americanos tinham uma visão de envolvimento limitado nos assuntos de outras nações que é simples de demonstrar: a América cuidava de seus próprios negócios e deixava que outras nações cuidassem dos deles. Essa política foi seguida com quase nenhum passo em falso pelos líderes americanos desde a época dos fundadores até a presidência de Theodore Roosevelt. Foi um sucesso espetacular e a América se destacou entre as nações. Quem terminou com isto foi o fascista Woodrow Wilson com sua desastrada intervenção na I GM, quando os Impérios europeus entraram em guerra entre si e não ameaçavam em nada os EUA. Pelo contrário, a ameaça era o próprio Wilson, que estabeleceu um regime fascista no seu país instalando a censura, estimulando a prática de delações e incrementando assustadoramente o poder do Estado sobre os indivíduos.
Um detalhada e neutra exposição deste conflito é encontrada neste link: https://www.swp-berlin.org/10.18449/2019RP05/#en-d16368e161
Parte desses últimos parágrafos é baseado no livro de Benjamin Abelow, How the West Brought War to Ukraine: Understanding How U.S. and NATO Policies Led to Crisis, War, and the Risk of Nuclear Catastrophe, Siland Press, Edição do Kindle.
https://www.bloomsbury.com/us/frontline-ukraine-9781350340817/
31/05/2023 -