Rival chinês da Starlink entra no mercado global via Brasil
A SpaceSail, que planeja fornecer serviços globais de internet via satélite no próximo ano, é uma das três empresas chinesas que pretendem desafiar a Starlink
THE EPOCH TIMES
21.11.2024 por Lily Zhou
Tradução: César Tonheiro
A SpaceSail, uma das empresas chinesas de satélites pronta para competir com a Starlink, de Elon Musk, assinou seu primeiro acordo no exterior com o Brasil, informou a empresa em 20 de novembro durante a visita de Estado do líder chinês Xi Jinping ao país sul-americano.
De acordo com um comunicado publicado pela estatal SpaceSail, também conhecida como Shanghai Yuanxin Satellite Technology Ltd., a empresa de satélites de órbita terrestre baixa (LEO) assinou um memorando com a empresa estatal de telecomunicações brasileira Telebras na quarta-feira para fornecer serviços de comunicações por satélite no país.
Os principais acionistas da SpaceSail incluem várias empresas estatais ou fundos de investimento, como a Shanghai Alliance Investment Ltd., a China Telecommunications Corporation e uma subsidiária do Shanghai Media Group.
O acordo assinado na quarta-feira foi um dos muitos durante as reuniões de Xi com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na residência presidencial, após uma cúpula do G20 no Rio de Janeiro nesta semana.
Os satélites LEO operam em altitudes de até 1.200 milhas e orbitam a Terra cerca de 16 vezes por dia.
Suas altitudes mais baixas significam que os sinais de e para a Terra podem ser transmitidos muito mais rápido do que os de outros satélites, tornando-os capazes de fornecer internet de alta velocidade em áreas remotas, no mar e durante guerras ou desastres naturais.
A Starlink, operada pela SpaceX e proprietária da maior constelação de satélites LEO do mundo, começou a lançar satélites operacionais em 2019. Em 21 de novembro, havia lançado 7.344 satélites, dos quais 6.676 permanecem em órbita e 6.634 estão funcionando, de acordo com a contagem do astrônomo Jonathan McDowell, que rastreia a constelação.
A empresa agora possui mais de 4 milhões de usuários em mais de 100 países. Ela planeja lançar até 42.000 satélites, de acordo com um relatório de 2019 da revista especializada Space News com base nas aplicações da empresa.
O acordo da SpaceSail segue a suspensão temporária das contas bancárias da Starlink no país pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil para forçar Musk a pagar multas em uma disputa entre o tribunal e a plataforma de mídia social X, que o bilionário também possui.
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, disse à CNN Brasil que o acordo faz parte de um esforço para garantir que "a sociedade brasileira possa ter opções de mais de uma empresa oferecendo o serviço que é essencial e fundamental para a população hoje, especialmente em áreas remotas".
A Constelação SpaceSail, ou Constelação "Qianfan" em chinês, agora consiste em 36 satélites, lançados em 6 de agosto e 15 de outubro.
A SpaceSail disse que começará a fornecer serviços globais de internet em 2025 e iniciou negociações com mais de 30 países.
A empresa planeja lançar 648 satélites até o final de 2025 e mais de 150.000 satélites até 2030.
'Planos de 10.000 satélites'
Em abril de 2020, Pequim acelerou o apoio à indústria de internet via satélite da China, elevando-a ao status de infraestrutura de desenvolvimento nacional.
A SpaceSail é uma das três principais empresas da China com o objetivo de desafiar a Starlink. A empresa chinesa está competindo por espaço e frequência de rádio limitados — gerenciados pela agência das Nações Unidas União Internacional de Telecomunicações (UIT) por ordem de chegada — e pelo mercado global.
Em um discurso proferido na Conferência Global de Desenvolvimento 6G de 2024 no início deste mês, Lu Ben, vice-presidente sênior da SpaceSail, disse que teoricamente há espaço para colocar 60.000 satélites LEO em órbita, enquanto os países enviaram pedidos para lançar mais de 100.000 deles.
O Epoch Times não pôde verificar esses números de forma independente.
De acordo com a mídia estatal chinesa Xinhua, em setembro, o regime chinês havia apresentado pedidos à UIT para cerca de 51.300 satélites, incluindo três "10.000 Planos de Satélites".
Além da SpaceSail, o regime apresentou dois pedidos em 2020 em nome do China Satellite Network Group, uma empresa estatal criada em 2021, que planeja lançar 12.992 satélites como parte de sua constelação GW. Outro pedido foi apresentado em maio deste ano em nome da LandSpace para sua Constelação Honghu de 10.000 satélites.
Separadamente, a partir de 7 de setembro, a Zhejiang Time and Space Daoyu Technology Co., Ltd., lançou com sucesso 20 satélites LEO em sua Geesatcom Constellation, que a empresa chinesa espera que cresça para 5.676 satélites.
A Reuters contribuiu para este relatório.
Lily Zhou é uma repórter baseada na Irlanda que cobre notícias da China para o Epoch Times.
https://www.theepochtimes.com/china/starlinks-chinese-rival-enters-global-market-via-brazil-5763660