UE apresenta queixa à OMC sobre royalties de patentes de alta tecnologia da China
Os tribunais chineses estabelecem taxas de royalties em todo o mundo para patentes essenciais padrão da UE, mas sem o consentimento dos proprietários das patentes.
23.01.2025 por Alex Wu
Tradução: César Tonheiro
A Comissão Europeia apresentou uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) alegando que a China se envolve em práticas comerciais "desleais e ilegais" ao permitir que seus tribunais determinem taxas globais de royalties para patentes essenciais padrão da UE sem o consentimento dos proprietários das patentes.
Observadores disseram que os tribunais do regime comunista chinês excederam sua jurisdição e que tais práticas hão de piorar as relações comerciais China-UE.
A queixa da UE visa proteger a propriedade intelectual de sua indústria de alta tecnologia, especialmente os direitos de patente no setor de telecomunicações. Os proprietários de patentes essenciais padrão incluem Nokia e Ericsson. As patentes envolvem tecnologias-chave que permitem a fabricação de produtos para atender a um determinado padrão, como o 5G para telefones celulares.
"Isso pressiona as empresas europeias inovadoras de alta tecnologia a reduzir suas taxas em todo o mundo, dando aos fabricantes chineses acesso mais barato a essas tecnologias europeias de forma injusta", disse a Comissão Europeia em um comunicado em 20 de janeiro sobre as práticas da China por meio de seus tribunais.
A comissão solicitou consultas, que é o primeiro passo na solução de controvérsias da OMC, já que "nenhuma solução negociada satisfatória foi apresentada pela China", afirmou.
De acordo com as regras da OMC, a China e a União Europeia têm 60 dias para resolver a questão antes que a UE possa solicitar a criação de um painel para decidir sobre o assunto. O processo do painel de julgamento geralmente leva 12 meses.
O Ministério do Comércio da China negou a acusação em um comunicado de 20 de janeiro, dizendo que "lamenta" a decisão da comissão.
O caso está relacionado a outra queixa que a UE apresentou contra a China na OMC em 2022 sobre a liminar anti-ação de Pequim, que impede os detentores de patentes de telecomunicações estrangeiras de fazer valer seus direitos de propriedade intelectual por meio de tribunais não chineses. As empresas que violarem a liminar enfrentarão pesadas multas e sanções de Pequim.
O painel que trata do caso de 2022 emitirá um relatório no primeiro trimestre de 2025.
Embora o regime chinês tenha expandido à força sua jurisdição, outros países não o aceitam, disse Yeh Yao-Yuan, professor de ciência política e estudos internacionais da Universidade de St. Thomas, no Texas, sobre os casos.
"Mas a maior preocupação é que, uma vez que as empresas estrangeiras entrem na China, elas podem ser sancionadas", disse ele ao Epoch Times em 21 de janeiro.
O fato de os tribunais do regime chinês estabelecerem regras para empresas estrangeiras em todo o mundo é um abuso da lei, disse o advogado Ye Ning, de Nova York, ao Epoch Times em 22 de janeiro.
A liminar do processo priva os cidadãos estrangeiros de seu direito de entrar com uma ação judicial em seus próprios países, disse ele.
"Também interfere na soberania de outros países", acrescentou. "A liminar é ilegal em si e é extremamente rara na história do Estado de Direito em qualquer país."
A China sob o Partido Comunista Chinês (PCC) não é uma sociedade de Estado de Direito, e suas leis são "projetadas para atingir pessoas comuns impotentes e manter a ditadura do lumpemproletariado", disse ele.
As leis do PCC são eficazes apenas na China continental, "mas efetivamente impedirão empresas e entidades estrangeiras de fazer negócios na China", disse ele.
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As tensões comerciais entre Pequim e Bruxelas têm aumentado nos últimos anos. Em 2024, a UE acusou a China de dumping de produtos e impôs tarifas pesadas aos carros elétricos chineses. Em retaliação, Pequim aumentou as tarifas sobre o conhaque europeu e lançou investigações sobre os subsídios da UE a alguns produtos lácteos e suínos.
A mais recente disputa sobre a criação de taxas de royalties mundiais por Pequim para patentes essenciais padrão da UE irá agravar a situação, disse Ye, já que o "comportamento de intimidação" do regime chinês causa ressentimento de outros países.
O PCC usa suas leis para roubar tecnologia e propriedades intelectuais da UE, "o que não é um jogo justo e mostra que não segue as regras", disse Yeh.
"Acredito que a UE implementará contramedidas, como impor sanções às operadoras de telecomunicações chinesas dentro da UE, proibir investimentos chineses ou até mesmo limitar o comércio entre a China e a UE, tudo para pressionar Pequim a cessar suas atividades ilegais", disse ele.
Luo Ya e Reuters contribuíram para este relatório.
Alex Wu é um escritor do Epoch Times baseado nos EUA com foco na sociedade chinesa, cultura chinesa, direitos humanos e relações internacionais.