Uma contribuição ao entendimento do que ocorre no conflito Palestino-Israelense
Eliahu Feldman, Psiquiatra e Psicanalista
Como psiquiatra e psicanalista, creio que não existe percepção pura e simples, objetiva, “limpa” de qualquer “parti-pris”. Toda percepção ganha significado, transformando-se em uma apercepção de acordo com o que lhe é atribuído pela observadora.
Não me eximo desta mesma postura, a de que certamente minhas percepções são subjetivas e nào absolutamente “objetivas”.
Assim, tudo o que percebemos, receberá um significado de acordo com nossos conhecimentos, experiências de vida, preferências políticas e/ou necessidades emocionais.
Como psicanalista, creio que qualquer fenômeno humano (e possivelmente sociológico) só pode ser entendido se considerado dentro de um contexto histórico e da dinâmica pessoal do observador.
Não é raro se defrontar com opiniões de pessoas que não conhecem suficientemente o contexto histórico do que ocorre entre Israel e os árabes - Palestinos que habitam a margem ocidental do Jordão e Gaza, e nem portanto, levam este contexto histórico em conta ao expressr suas opiniões.
Assim, a falta de informação histórica – seja na vida de um paciente, seja na vida de uma sociedade ou país – é prejudicial à avaliação dos eventos que ora surgem, e podem levar a distorções gravíssimas do entendimento do que de fato está em jogo.
Exemplos disso existem ao longo da história, quando a ignorância levava as sociedades a considerarem as doenças como “coisas do demônio”, as doenças mentais (como a histeria) como “degeneração”, até que alguém descobriu que o “texto histérico” deveria ser entendido dentro de um “contexto histórico de vida”.
Quero então me ater a alguns contextos que talvez possam trazer um conhecimento adicional aos eventos que ocorrem entre Israel e os habitantes árabes da margem ocidental do rio Jordão e Gaza – os Palestinos.
Alguém há de perguntar: porque você não os chama de “palestinos” simplesmente?
Explico:
a. Pois parte considerável de minha familia que vive em Israel nasceu na então “Palestina”, portanto a eles tambem caberia o titulo de palestinos, mas eles são chamados de “israelenses”. Não quero confundir as coisas.
b. Pois este titulo de palestino foi desqualificado por um membro importante da direção da Organização para a Libertação da Palestina (OLP – fundada em 1964 quando não havia qualquer “ocupação” israelense na margem ocidental do rio Jordão) em 1977, em entrevista ao jornal holandês Trouw.
Assim se pronunciou Zahir Muhsein:
“O povo palestino não existe. A criação de um estado palestino é somente um meio para continuar a nossa luta contra o estado de Israel para a nossa unidade árabe. Na realidade hoje não há diferença entre jordanianos, palestinos, sírios e libaneses. Somente por razões táticas e políticas falamos hoje sobre a existência de um povo palestino, pois o interesse nacional exige que nós afirmemos a existência de um povo palestino afim de opor-se ao sionismo”.
O Contexto Histórico:
a. A relação entre muçulmanos e judeus ao longo dos séculos:
Alem do massacre cometido por Maomé pouco tempo depois de ter proposto uma “Hudna” (trégua) a tribos judias que viviam na península Arábica, outros fatos são indiscutíveis:
Ao contrario do que se propaga, de que as relações entre muçulmanos e judeus (que viviam em países sob domínio muçulmano) eram cordiais, a verdade histórica é bem outra:
Os judeus eram considerados cidadãos de segunda classe (Dhimmis) que eram obrigados a pagar altos impostos, alem de restrições diversas, como por exemplo, a de que não tinham o direito de pisar a mesma calçada no caso de um muçulmano estar andando nela.
A quantidade de massacres cometida por muçulmanos contra populações judaicas ao longo dos séculos ( e antes de qualquer “ocupação judaica” dos territórios a oeste do rio Jordão) e em diversos locais é grande. Darei uma lista (certamente incompleta), que pode ser verificada através de consultas à Wikipedia e outras fontes de informação histórica:
Lista de Massacres:
Em Marrocos, no século XII, período de Idris, dezenas de milhares .
Em meados do século XII os Almohas massacraram 200.000 judeus.
Em Granada, no chamado “período de ouro”, 5000 judeus foram massacrados por árabes baseados em rumor de que um judeu tentou ter relações sexuais com uma mulher muçulmana.
Em Algiers – 1805,
Bagdad - 1828,
Damasco – 1840, 1848 e 1890,
Beirute – 1862 e 1874,
Dair-al-Kamar – 1847, Jerusalem – 1847,
Cairo - 1844, 1890 e 1901–02,
Mansura – 1877 ,
Alexandria - 1870, 1882, 1901 a 07,
Port Said – 1903 e 1908,
Damanhur - 1871, 1873, 1877 e 1891,
Istanbul – 1870 e 1874,
Buyukdere - 1864,
Kuzguncuk – 1866,
Eyub - 1868,
Edirne – 1872,
Izmir 1872 e 1874,
Tabriz 1830,
Mashhad – 1839.
Judeus massacrados e sobreviventes forçados à conversão:
Barfurush – 1867,
Hebron – 1834 e 1929,
Bagdad – Farhud em 1941 (de inspiração nazista).
Como se pode depreender deste quadro, aparentemente, a tentativa de realizar uma “limpeza étnica” sempre esteve na agenda politico-religiosa de muçulmanos - árabes ou não - e não na agenda politico-religiosa de judeus.
Isto na verdade vai frontalmente de encontro à afirmação vazia de diversos “especialistas”, que aparentemente não tem qualquer noção da história das relações entre muçulmanos e judeus, mas afirmam algo que é oposto ao que tem ocorrido – e ainda é hoje – parte da agenda declarada de entidades árabes como o Hamas, EI (ISIS), Hizbollah e e outras menos identificadas bem como outra entidades muçulmanas não árabes, como o Irã.
Ora, será que se Israel de fato estivesse interessado em uma 'limpeza étnica”, não poderia tê-la feito há muito tempo? Nos idos de 1948 ou logo em seguida? E se quisesse – como alegam alguns das correntes ditas “anti-sionistasa” cometer “genocídio” na margem ocidental do Jordão ou em Gaza não poderia tê-lo feito? Faltava-lhe por acaso o poderio militar para tal?
Alem destas ignorâncias flagrantes, os “anti=sionistas” parecem ignorar tambem que cerca de 15% da população que vive em Israel é de origem árabe, de religião muçulmana, cristã ou druza, sendo que uma parte considerável destes mesmos se consideram palestinos, mas tem representação no parlamento israelense e ainda não sofreram qualquer tipo de tentativa de “limpeza étnica” como alegam os “especialistas” - numa expressão de insustentável opinião.
Lembro ainda que no superior tribunal de justiça de Israel há um juiz “palestino” (de origem árabe e muçulmano), e que no exército de Israel há oficiais superiores de origem druza, alem dos “palestinos” muçulmanos e cristãos que são defensores da existência e persistência do estado de Israel, e se consideram “sionistas ardorosos”, como a Sra. Sarah Zoabi, e a jornalista Lucy Aharish.
A rigor, isto mostra que o dito popular “seus olhos só veem o que seus olhos querem ver” tem nestes ëspecialistas” uma expressão magna.
Esta e otras “confusões conceituais” (embora saibamos que nada é por acaso, mas inconscientemente determinado) como decretar que Israel é um pais “Apartheid”, “Genocida”, “Racista” e outros epítetos, decorrem de outra motivações – certamente emocionais - que não a observação objetiva dos fatos.
A Palestina antes do Sionismo:
Um relato fidedigno é o do Padre Hadriani Relandi, “Palaestina, ex monumentis veteribus illustrata”, publicada em 1714. Além de Padre, Relandi é geógrafo e cartógrafo, fluente em hebraico, árabe e grego antigo, bem como em línguas européias, que vem à Terra Santa em 1696 afim de fazer um levantamento geográfico e demográfico do local. O livro, escrito em latim descreve suas andanças por mais de 2500 localidades na região da Terra Santa, e sua metodologia foi de primeiramente mapear a Terra de Israel, em seguida identificar cada localidade mencionada na Mishna ou no Talmud, e finalmente fazer um levantamento populacional e censo de cada local.
As principais conclusões que se pode tirar do longo e minucioso livro do Padre Relandi são:
1. Nenhum assentamento na Terra de Israel tem nome de origem árabe. A maioria dos nomes dos assentamentos se originam no hebraico, grego ou latim. Isto se mantém até hoje, e os nomes em árabe (`a exceção de Ramallah) são distorções desprovidas de qualquer sentido. Não há qualquer sentido em árabe para nomes como Acco (Acre), Haifa, Jaffa, Nablus, Gaza ou Jenin. As cidades chamadas Ramallah, el Halil e el-Kuds (Jerusalem) não tem qualquer raiz histórica ou filológica em árabe. Em 1696, o ano em que o Padre Relandi percorreu o local, Ramallah, por exemplo era chamada de Bet'allah (do hebraico Beit El – Casa de deus), e Hebron era chamada já de Hebron (Hevron) e os árabes chamavam Mearat Ha Machpelah (Caverna da Multiplicação) de El Halil, seu nome para o antepassado (patriarca) Abraão.
2. 2. A maior parte do país estava vazia, desolada, com muito poucos habitantes principalmente concentrados nas cidades de Jerusalem, Acre, Safed, Tiberíades e Gaza. A maioria dos habitantes era constituída de judeus e o resto cristãos. Havia poucos muçulmanos, essencialmente beduínos nômades.
3. Nablus, conhecida como Schem, era excepcional, pois lá viviam aproximadamente 120 pessoas muçulmanas, membros da familia Natsha e aproximadamente 70 Shomronitas (judeus samaritanos). Em Nazaré, capital da Galiléia, viviam aproximadamente 700 cristãos, e em Jerusalem viviam aproximadamente 5000 pessoas, a maioria judeus, e alguns cristãos.
4. O Padre Relandi menciona muçulmanos como sendo nômades beduínos que chegaram à região como reforço de trabalho sazonal para agricultura e construção. Em Gaza, por exemplo, vivam aproximadamente 550 pessoas, 50% judeus e o resto principalmente cristãos. Os judeus trabalhavam em suas vinhas, oliveiras e trigais, e os cristãos trabalhavam em comércio e transporte de bens e produtos. Tiberíades e Safed eram essencialmente judaicas, e exceto a pesca no Mar da Galiléia, uma ocupação tradicional em Tiberíades, não é mencionada outra ocupação. Um el-Phahem era uma cidade onde viviam 10 familias – umas 50 pessoas (Familia Shehadah), todos cristãos – e havia uma pequena igreja maronita.
Este livro portanto, contradiz frontalmente qualquer teoria post-moderna alegando uma “herança palestina” ou uma nação palestina na “Terra Santa” – o que parece não ser do conhecimento dos “especialistas”. O livro efetivamente fortalece a conexão, relevância, pertenência e parentesco da Terra de Israel com os judeus alem da absoluta falta de pertinência dos árabes, que se apropriaram do nome latino (romano) Palestina como se isto lhes tivesse sido dado desde tempos imemoriais por sua presença desde sempre no território da Terra Santa...
5. Alguns dados demográficos:
6. População de Jerusalem de 1844 a 1948:Jerusalem Otomana (Arquivos do Império Otomano)
1844 - 15.510 pessoas das quais 7.120 judeus, 5.000 muçulmanos e 3.390 cristãos.
1860 - 18.000 pessoas das quais 8.000 judeus, 6.000 muçulmanos e 4.000 cristãos.
1876 – 25030 pessoas das quais 12.000 judeus, 7.560 muçulmanos e 5.470 cristãos.-
1896 - 45.420 pessoas das quais 28.112 judeus, 8.560 muçulmanos e 8.748 cristãos.-
1910 - 73.700 pessoas das quais 47.400 judeus , 9.800 muçulmanos e 16.500 cristãos.
7.
Jerusalem durante o Mandato Britânico (Arquivos Britânicos):
1922 - 52.081 pessoas das quais 33.971 judeus, 13.411 muçulmanos e 4.699 cristãos.
1931 - 90.451 pessoas das quais 51.222 judeus, 19.894 muçulmanos e 19.335 cristãos.
1948 - 165.000 pessoas das quais 100.000 judeus, 40.000 muçulmanos e 25.000 cristãos.
Estes dados demográficos oficiais mostram claramente a imensa prevalência de população judaica em Jerusalem – o que hoje é contestado pelos árabes sob a alegação de que Jerusalem teria sido “sempre” uma cidade árabe, que foi “usurpada” por judeus.
Estes fatos aparentemente tampouco são do conhecimento ou importam para os “especialistas”, que parecem adotar sem qualquer juízo critico afirmações feitas de modo leviano e sem conhecimento histórico de fatos e contextos relevantes para o entendimento da situação atual.
8. A Nakba:
Apesar da “ampla documentação” a que se referem os “especialistas” sobre o evento chamado de Nakba (Catástrofe), descrita como a expulsão de “mais de 700 mil palestinos”, estes não parecem parece tomar conhecimento de qualquer documento que descreve o que em grande parte ocorreu em 1948, quando da declaração da independência do Estado de Israel. Explica o Professor Beni Morris, historiador e critico frequente da política israelense, respondendo a uma pergunta de leitor:
"Os árabes palestinos não foram responsáveis “de algum modo bizarro” pelo que lhes aconteceu em 1948. Sua responsabilidade foi muito simples e direta:
Em desafio à vontade da comunidade internacional representada pela Assembleia Geral da ONU em sua resolução de 29 de novembro de 1947 (numero 181), eles iniciaram hostilidades contra a comunidade judaica na Palestina na esperança de abortar a emergência do estado judeu a talvez de destruir esta comunidade. Mas eles perderam, e um dos resultados foi o deslocamento de 700.000 de seus lares.
É verdade, como apontou Erskine Caldwell há tempos, que não houve emissões de rádio árabes, incentivando os árabes de fugir em massa; na verdade, houve emissões por diversas rádios urgindo-os a ficarem em seus lugares. Porém, a nível local, em dúzias de localidades na Palestina, lideres árabes aconselharam ou ordenaram a evacuação de mulheres e crianças ou de comunidades inteiras, como ocorreu em Haifa no fim de abril de 1948, apesar de que o prefeito de Haifa, Shabtai Levy pediu, em 22 de abril para que ficassem, sem qualquer resultado.
A maioria dos 700.000 "refugiados" fugiram de suas casas por causa do malho da guerra (e na expectativa de em breve voltar para suas casas nas costas dos invasores árabes vitoriosos). Mas também é verdade que houve várias dezenas de locais, incluindo Lod e Ramla, de onde as comunidades árabes foram expulsos por tropas judaicas.
O deslocamento dos 700.000 árabes que tornaram-se "refugiados" - e eu coloquei o termo entre aspas, pois dois terços deles foram deslocados de uma parte da Palestina para outra e não do seu país (que é a definição usual de um refugiado ) - não foi um "crime racista" (David Landy, 24 de janeiro), mas o resultado de um conflito nacional e uma guerra, com conotações religiosas, a partir da perspectiva muçulmana, lançada pelos próprios árabes.”
Pode-se depreender disto, que houve sim uma catástrofe – que se prolonga até hoje – em grande parte resultante da má liderança a que os árabes estavam e ainda estão submetidos até hoje por seus lideres, que ao invés de defenderem suas legitimas necessidades e anseios, defendem seus interesses pessoais políticos e financeiros – vide onde vivem hoje a viuva de Yasser Arafat, e o líder do Hamas Khaled Mashal, apenas para citar dois exemplos gritantes. Esta sim, é uma verdadeira Nakba, talvez mais significativa do que o deslocamento a que se submeteram por contingências de uma guerra, pois deslocamentos de populações por conta de guerra são uma constante, e não uma exceção ocorrida no “pais sionista”.
9. Basta olhar o que ocorre hoje no nosso entorno – Darfur, Síria, Iraque, Líbano - de onde os cristãos se evadiram nos princípios do século XX por conta de perseguições religiosas por parte de muçulmanos, e em parte imigraram para o Brasil, onde formaram um forte comunidade (Juiz de Fora).
Então, alem dos “especialistas” aparentemente ignorarem este depoimento de um historiador responsável, ignora outro fato de extrema relevância ocorrido concomitantemente, com um resultado inteiramente distinto do que teria sido a Nakba:
Neste período, aproximadamente 900 mil judeus que viviam (alguns deles) há séculos (se não milênios) em países árabes (talvez desde a expulsão dos judeus de Israel pelos romanos no ano 70) foram sumariamente perseguidos, despojados de todos seus bens, e instados a abandonarem seus países de origem milenar.
Mas o que ocorreu com estes judeus? Ficaram encerrados, encurralados como gado em campos de refugiados, como os árabes que daqui saíram, servindo de “bucha de canhão” para os interesses escusos de seus lideres? A verdade é que todos os que puderam e vieram para Israel foram abrigados e lentamente absorvidos, diferentemente dos árabes, que foram mantidos como quistos em Gaza e no sul do Líbano, sem quaisquer direitos civis por parte dos países que os tinham em seu território.
A diferença gritante entre os “refugiados árabes” e os “refugiados judeus” (em igual ou maior numero e com perda mais significativa de bens materiais) é que os refugiados árabes foram mantidos como tal, contrariando todas as normas da ONU concernentes ao assunto. O prazo limite para um “refugiado” seguir nesta situação com a proteção formal da ONU é de 15 anos, após os quais deve ser absorvido pelo país no qual se instalou.
Não só os árabes não foram absorvidos, mas ainda foi criada um sub-seção da ONU – a UNRWA, caso único na história de migrações populacionais, e em infringência absoluta das normas das ONU, que considera como refugiado somente aquele que nasceu em certo país e teve que se evadir, mas não a sua descendência. Os netos e bisnetos dos árabes que saíram de Israel ainda são formalmente considerados “refugiados”, o que transformou 700 mil pessoas em aproximadamente 5 milhões: uma verdadeira inflação. Uma decisão deveras surpreendente e contrária não só ao bom senso como às regras da própria ONU.
10. O Período de 1948 a 1967
11. Durante este período, Gaza e a margem ocidental estavam respectivamente sob a jurisdição territorial do Egito e Jordânia. Foram 19 anos nos quais poderia se ter criado o estado Palestino, sem qualquer interferência de Israel, pois não havia “ocupação” nem na margem ocidental e nem em Gaza. Por alguma razão “obscura” isto não só não se deu, como se sucediam ataques de terroristas (Fedayin) a Israel e em 1964 foi criada a OLP (organização para a Libertação da Palestina).
Pergunta-se que Palestina? A da margem ocidental do Jordão e Gaza? Certamente que não, pois estes territórios estavam sob jurisdição de países “amigos”, que poderiam imediatamente conceder a pátria Palestina almejada.
É evidente que a criação da OLP tinha por finalidade a “libertação do território ocupado pelo estado de Israel”, ou seja, o abortamento, o aniquilamento deste estado, recentemente criado pela ONU.
Alguns Dados sobre a Margem Ocidental, Autoridade Palestina e Gaza post 1967 e Oslo:
Numero de Universidades antes de 1967 = Zero
Numero de Universidades após 1967 = Sete
Auxílio Financeiro Recebido pela AP (oficialmente):
De 1993 a 1997 – não há dados exatos
De 1997 a 2003 – A AP recebeu neste período U.S.$ 2.000.000.000 (2 Bilhões de dólares)
De 2003 a 2012 – a AP recebeu aproximadamente U.S.$ 18.100.000.000 (18.100 Bilhões de dólares)
É de se perguntar como foi utilizado este dinheiro – se para a construção de infraestrutura, casas, hospitais, escolas, plantações, investimentos industriais, ou para a compra de armas, construção de túneis, pagamento régio aos lideres e pagamento aos 'mártires'. Esta não é uma Nakba menor do que a que os “especialistas” lamentam.
Estes dados naturalmente não incluem os auxílios recebidos “extra-oficialmente”de países como Irã, Arabia Saudita, Emirados Árabes, Qatar por exemplo, cujo poderio econômico decorrente de petrodólares é incalculável.
O espírito moderno, libertário, não aceita que a liberdade de um povo seja conseguida às custas de outro povo. É verdade que é duro chegar-se a uma situação destas, mas o que será que ocorreu quando os portugueses chegaram à Terra de Santa Cruz e lá encontraram os verdadeiros donos da terra – os índios? A criação do Brasil não foi às custas dos índios? E hoje em dia? Têm os índios brasileiros os direitos civis que um cidadão brasileiro de origem europeia tem? A Wikipedia afirma que: “Ainda falta muito para que eles consigam garantir suas terras e uma sobrevivência digna e independente da tutela do governo, que historicamente os entendeu como incapazes e chamou a si a responsabilidade de "administrá-los", mas tem sido também incapaz de assegurar-lhes os direitos que já foram definidos constitucionalmente, e vem sendo acusado até de promover profundos retrocessos de maneira deliberada que dão continuidade a um secular genocídio.”
E o que ocorreu nos Estados Unidos? E no Canadá, e em toda a América Latina? E na África? E Ásia? Muitos dos críticos de Israel ora por ignorância ora por cinismo, ora por terem todas as explicações pré-fabricadas em função de preferências ideológicas discriminatórias, fazem de conta de que todo este “mal-feito” é produto exclusivo dos dentes e garras do sionismo.
É do conhecimento público que na mesma época da criação do Estado de Israel, em 1948, a India teve que ceder um naco de seu território para criar o Paquistão e que houve uma imensa (milhões de cidadãos) troca de populações – Hindus para cá e Muçulmanos para lá.
É público e notório que há no mundo mais de 200 litígios territoriais, mas que nenhum deles ganha o “prestigio” que ganha o litígio territorial entre judeus e árabes.
Sabem os “especialistas” que significado tem a palavra e o conceito de Apartheid? É ter um Juiz do supremo árabe? É ter uma miss Israel árabe? É ter um embaixador de Israel no Brasil de origem Druza?
12. A situação de Gaza e o embargo marítimo
Desde 1967 e até os acordos de Oslo, a entrada de árabes provenientes da margem ocidental e de Gaza para o território israelense fluía relativamente facilmente. Trabalhadores árabes iam e vinham com mínimas medidas de exame de fronteiras. O fato é que em certa época era corrente em Israel o roubo de automóveis – até por encomenda – de “ricaços” árabes da margem ocidental. Eu estava aqui e sabia disto.
Após os acordos de Oslo, a situação não se modificou deste ponto de vista até que começaram a explodir locais, ônibus e outros. A vigilância aumentou. Concomitantemente, Israel construiu um aeroporto em Gaza, e permitia o livre transito de embarcações diretamente a Gaza, sem qualquer interferência.
Em setembro de 2000, após a fracassada tentativa de Camp David, teve início a segunda intifada sob as ordens diretas de Arafat - segundo seu ministro da propaganda anunciou em comício em novembro de 2000 no estádio de Gaza, veiculado em um filme.
As embarcações seguiam chegando a Gaza livremente, até que foram pilhados algumas proveniente do Irã repletas de armas em direção a Gaza. Foi instaurada uma fiscalização para a chegada de embarcações a Gaza, o que recebeu o nome de embargo marítimo. Este embargo, no entanto não era absoluto, mas apenas exigia um exame prévio do carregamento das embarcações, afim de evitar a importação de toda sorte de armas.
Gaza tem fronteiras com Israel de um lado e como o Egito de outro. Em momento algum cessaram as passagens de bens e mantimentos para Gaza através de Israel pela passagem de Erez. Mas o Egito – pais “irmão” dos árabes de Gaza - este sim, fechou a fronteira de modo quase absoluto, o que levou a população de Gaza a construir túneis de contrabando (de bens, armas e artigos de luxo), que só recentemente, por conta de divergências do atual governo Egípcio com o Hamas, foram obliterados através da inundação dos túneis.
Assim, autora, creio que é necessário ter uma visão mais ampla do que por aqui ocorre (reconheço que é difícil saber de fato, como me era difícil entender o que ocorria em Kosovo...), e não se ver presa fácil de ideias pré-concebidas e fruto de ideologias em que o maniqueísmo domina a máquina de pensar, que fica impossibilitada de levar em conta os fatos e contextos.
Os “especialistas” raramente se manifestam para dizer uma palavra sobre os massacres dos lideres árabes contra seus irmãos, que em termos numéricos de vitimas, produziram em menos de 3 (três anos) talvez mais de 50 vezes o numero de vitimas do conflito judeu-árabe que dura para lá de 100 anos.
Penso que os educadores deveriam se preocupar com o tipo de educação que é dada às crianças árabes na margem ocidental e Gaza – como por exemplo, ensinar um bebê de aproximadamente 18 meses a segurar um lançador de foguetes RPG antitanque (tenho foto disponível), e se informar de modo mais fundamental sobre esta conturbada região, antes de tomar uma postura (pseudo)-“justiceira” emitindo opiniões de intolerável leviandade.