Veículos elétricos chineses baratos inundam o Brasil e levantam preocupações entre fabricantes locais
O Brasil é a porta de entrada da China no mercado sul-americano para absorver seu excesso de capacidade de automóveis, disse um economista

22.06.2025 por Alex Wu
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Como o Brasil se tornou um dos mercados-alvo mais importantes para as montadoras chinesas que buscam gerenciar seu excesso de capacidade de veículos elétricos (EVs), a indústria automobilística local e as associações trabalhistas expressaram preocupações crescentes com o impacto da enxurrada de carros chineses baratos.
A maior empresa de carros elétricos e híbridos plug-in da China, a BYD, enviou quatro lotes de seus produtos para o Brasil até agora este ano, totalizando cerca de 22.000 veículos.
Estima-se que, em 2025, a importação de veículos completos da China para o Brasil aumentará quase 40%, para 200.000 veículos, representando cerca de 8% dos registros de veículos leves do país, de acordo com a principal associação automobilística do Brasil.
Em 2015, o Brasil renunciou às tarifas sobre a BYD e outros fabricantes para promover EVs. A fim de atrair investimentos e desenvolver a indústria automobilística doméstica do Brasil, em 2024 o governo brasileiro restaurou a tarifa de 10% sobre EVs estrangeiros e planejou aumentá-la a cada seis meses para que chegue a 35% até 2026.
A indústria automobilística e os grupos trabalhistas do Brasil estão preocupados com o fato de as montadoras chinesas estarem aproveitando a janela antes que as tarifas de importação sejam totalmente aumentadas para despejar veículos em grandes quantidades, em vez de investir na construção de fábricas no Brasil e na criação de empregos para as comunidades locais.
A BYD anunciou em 2023 que havia adquirido a antiga fábrica da Ford na Bahia, Brasil. Originalmente, estava programada para ser colocada em uso em 2024, mas devido a uma investigação sobre violações trabalhistas, a data de produção total foi adiada para o final de 2026.
Um promotor trabalhista brasileiro processou a BYD em maio por tráfico de pessoas, alegando que os trabalhadores chineses em sua fábrica no Brasil eram análogos ao "trabalho escravo".
Outra empresa chinesa, a Great Wall Motor, também adiou seu plano de instalar uma fábrica no Brasil por mais de um ano e ainda não iniciou oficialmente a produção.
A indústria automobilística brasileira e grupos trabalhistas estão pressionando o governo brasileiro para aumentar a tarifa de importação de veículos elétricos dos atuais 10% para 35% um ano antes, em vez de aumentá-la gradualmente, para proteger a indústria doméstica.
"Apoiamos a chegada de novas marcas ao Brasil para produzir, promover o setor de componentes, criar empregos e trazer novas tecnologias", disse Igor Calvet, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Veículos Automotores. "Mas a partir do momento em que um excesso de importações provoca menor investimento na produção no Brasil, isso nos preocupa."
A economia lenta da China e o fraco consumo doméstico pressionaram ainda mais os fabricantes chineses de veículos elétricos, que já lutam com o excesso de capacidade.
A BYD lançou uma campanha de redução de preços em larga escala em maio, com 22 modelos reduzidos em até 34%. Outras montadoras chinesas tiveram que seguir o exemplo, reduzindo os preços. A indústria automobilística da China também caiu em uma competição interna de preços sem precedentes.
Para absorver o excesso de capacidade, as exportações de automóveis da China aumentaram significativamente nos últimos cinco anos. EVs chineses baratos têm fluído para a Europa, Sudeste Asiático e América Latina, o que pressionou suas indústrias automobilísticas domésticas.
Em resposta, os Estados Unidos impuseram tarifas de 100% sobre os veículos elétricos importados da China. Para proteger sua indústria doméstica, a União Europeia aumentou as tarifas sobre os EVs da China para 45%.
O Brasil está se tornando um novo foco da expansão global da China na indústria automobilística.
"Países ao redor do mundo começaram a fechar suas portas para os chineses, mas o Brasil não", disse Aroaldo da Silva, presidente da IndustriALL Brasil, uma confederação de sindicatos em seis setores industriais. "A China fez uso disso."
Brasil: porta de entrada para o mercado sul-americano
"Agora, o mundo inteiro está em guarda contra o despejo maciço de EVs na China", disse Li Hengqing, economista independente baseado nos EUA, ao Epoch Times em 20 de junho. "Eles temem que, uma vez que entrem em seus mercados, isso derrube todas as indústrias de veículos elétricos de seus países.
"O Brasil é uma ponte importante para a China entrar no mercado sul-americano. Agora eles não podem deixar o Brasil liderar esses países sul-americanos para boicotar seus veículos elétricos."

Li observou que o atual governo no Brasil, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é de esquerda e próximo da China, e "tem uma relação muito tensa com os Estados Unidos". Li antecipou que o governo brasileiro pode não tomar medidas imediatas para conter os veículos elétricos chineses.
O economista chinês independente Leng Yan, também conhecido por dirigir o programa de finanças independentes "Caijing Lengyan", disse ao Epoch Times em 20 de junho que a suposta violação dos direitos trabalhistas da BYD no Brasil de fato causou uma forte resposta no país e pode fazer com que o público brasileiro se oponha aos produtos chineses.
"Mas acho que o governo brasileiro tomará uma medida de compromisso", disse Leng. "[O] governo brasileiro é relativamente pró-China, e a economia do Brasil é altamente dependente da China."
Como exemplo, ele citou as crescentes importações de soja do Brasil pela China para substituir essas importações dos Estados Unidos em meio à guerra comercial entre a China e os Estados Unidos.
“Além disso, o Brasil também tem algum minério de ferro ou minerais, e produtos agrícolas exportados para a China, que é um mercado muito grande", disse. "O Brasil não ofenderá facilmente o governo chinês."
Luo Ya e Reuters contribuíram para este relatório.
Alex Wu é um escritor do Epoch Times baseado nos EUA com foco na sociedade chinesa, cultura chinesa, direitos humanos e relações internacionais.
Já li em algum lugar que a probabilidade do carro elétrico acabar ferindo de forma mais grave caso atropele pessoas ou colida contra algum objeto, a gravidade de acidente é maior pelo fato do EV ser mais pesado do que carro movido a energia fóssil ou álcool.