Veteranos do PCC exigem clareza sobre o sucessor de Xi em meio à turbulência econômica
Xi Jinping, da China, está sob pressão dos veteranos do Partido Comunista Chinês por um sistema de sucessão mais definido, dizem fontes internas.
21.10.2024 por Zhong Yuan e Olivia Li
Tradução: César Tonheiro
Podemos estar testemunhando o período mais desafiador e tumultuado para o Partido Comunista Chinês (PCC) desde que chegou ao poder, com a sucessão da liderança se tornando um tópico urgente.
Insiders revelaram recentemente que os veteranos do Partido pediram um sistema de sucessão mais definido durante o Terceiro Plenário em julho. O PCC realiza a sessão de planejamento a cada cinco anos ou mais para decidir sobre as principais políticas econômicas e sociais.
O líder do PCC, Xi Jinping, está agora sob intensa pressão, não apenas dos veteranos do Partido, mas, mais importante, do declínio contínuo da economia chinesa, que inclui questões como a queda do mercado de ações, a crise imobiliária e os problemas da dívida local. Internacionalmente, ele também enfrenta desafios significativos, desde o comércio exterior e as exportações até as consequências de seu apoio à invasão da Ucrânia pela Rússia, onde investiu esforços, dinheiro e recursos consideráveis.
Diante das demandas dos veteranos do Partido, o próprio Xi pode estar relutante em nomear um sucessor nesta fase, mas não pode mais ignorá-las. Isso dá esperança àqueles que se veem como potenciais sucessores.
Desde a fundação do PCC, seus líderes normalmente vêm do Comitê Permanente do Politburo. Seguindo essa tradição, o primeiro-ministro Li Qiang, como o segundo membro do escalão, parece pronto para suceder Xi. Além desse status nominal, no entanto, Li carece de vantagens substanciais e não há garantia de apoio dos veteranos do Partido.
Membros aposentados da facção de Jiang, também conhecida como camarilha de Xangai, que são aliados do agora falecido ex-líder do PCC Jiang Zemin, podem se opor implacavelmente a Li porque, em seu papel anterior como prefeito de Xangai, ele minou sua influência em Xangai a pedido de Xi.
Além disso, a falta de experiência de Li no governo central significa que ele não tem conexões cruciais em Pequim.
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Em contraste, Cai Qi, diretor do Escritório Geral do PCC e membro do quinto escalão do Comitê Permanente do Politburo, passou o ano passado adquirindo mais títulos e controle sobre os principais comitês, tornando improvável que ele aceite Li como superior.
Xi ainda deve ter uma palavra a dizer na sucessão, mas administrar a rivalidade entre Li e Cai será um grande desafio para ele.
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Ding Xuexiang, de 62 anos, o primeiro vice-primeiro-ministro e o sexto membro do Comitê Permanente do Politburo, parece ser um potencial sucessor arranjado por Xi. Ao manter Ding no Comitê Permanente, Xi parece estar deliberadamente posicionando-o como um candidato viável à sucessão. Embora Ding tenha menos experiência e nenhum histórico em governança local, Xi pode ter pensado que sua idade relativamente jovem o colocasse como um candidato adequado quando Xi originalmente pretendia governar por toda a vida.
Ding, tendo seguido de perto Xi e dirigido o Escritório Central, está bem familiarizado com as lutas internas entre os membros do PCC e provavelmente tem muitos segredos de funcionários de alto nível em suas mãos – embora ganhar a aceitação dos veteranos do Partido continue sendo um obstáculo.
Esse cenário indica que nenhum dos membros do Politburo atualmente possui uma vantagem decisiva sobre seus rivais, criando uma atmosfera tensa.
Eles também devem permanecer vigilantes contra os azarões emergentes, incluindo o ex-membro do Politburo Hu Chunhua. Outrora um candidato favorecido pela facção do ex-líder do PCC Hu Jintao, Hu Chunhua desfruta de uma vantagem da idade e pode atrair o apoio de certos veteranos.
Em 8 de outubro, um artigo de Hu Chunhua foi destaque em vários meios de comunicação estatais. Como vice-presidente da Conferência Consultiva Política, ele defendeu que o órgão consultivo político deveria aderir às diretrizes de Xi. O artigo teve como objetivo expressar lealdade e aumentar a visibilidade, indicando que Hu acredita que pode competir pela posição de liderança do PCC. No entanto, retornar ao Politburo e avançar para o Comitê Permanente são passos essenciais em direção às suas ambições.
O resultado provavelmente dependerá das decisões dos altos escalões do PCC, incluindo os veteranos aposentados do Partido. Esse grupo está obcecado com os privilégios e benefícios que garantiu para si mesmo e, sem dúvida, lutará para manter o Partido Comunista Chinês no poder.
Assim, em meio à crise atual, a questão mais urgente que o PCC enfrenta pode não ser mais o destino de Xi ou o equilíbrio de poder, mas sim a direção que o Partido deve tomar no próximo estágio – como superar sua situação atual e quem pode liderar o Partido para fora desta crise.
As opiniões expressas neste artigo são opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.
Zhong Yuan é um pesquisador focado no sistema político da China, no processo de democratização do país, na situação dos direitos humanos e nos meios de subsistência dos cidadãos chineses. Ele começou a escrever comentários para a edição em chinês do Epoch Times em 2020.