Vídeo arrepiante de Robert Fico prevendo seu próprio assassinato
A tentativa de assassinar o primeiro-ministro eslovaco serve como uma lição comovente para a vizinha Polónia e um aviso contra o jogo com emoções negativas
REMIX
GRZEGORZ ADAMCZYK - 16 MAI, 2024
Há trinta e cinco dias, surgiu na Internet um breve vídeo com o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, alertando que a tensão na Eslováquia tinha aumentado a um ponto que poderia resultar no assassinato de um importante político do governo.
“Não estou exagerando nem um milímetro”, declarou Fico no vídeo. O seu aviso revelou-se quase profético, pois apenas alguns milímetros pouparam a sua vida das balas de um assassino 35 dias depois.
Fico gravou a sua mensagem sinistra em Michalovce durante uma sessão conjunta dos governos eslovaco e ucraniano. O primeiro-ministro criticou os meios de comunicação social por alimentarem o clima hostil, instando o “eleitor progressista” a adoptar um comportamento “vulgar e agressivo”.
Após a tentativa de assassinato de Fico, Martin Hanus, editor-chefe do Postoj.sk, comentou sobre o estado da democracia na Eslováquia.
“A nossa democracia transformou-se numa zombaria movida pelo instinto, onde emoções primitivas são manipuladas não apenas por políticos, mas também por jornalistas. Todos nós nos atolamos na lama, alguns mais fundo do que outros”, escreveu Hanus.
Jaroslav Daniška, editor-chefe da Standard.sk, refletiu sobre o incidente, enfatizando a necessidade de uma mudança na cultura política.
“A essência da política deveria ser que não nos percebamos como lobos, prontos para atacar uns aos outros. Durante muito tempo, alimentamos divisões internas, começando por falsos ensinamentos e segregando o eleitorado com base na educação, como se alguns pudessem ser menos morais do que outros”, afirmou Daniška.
Ele destacou a questão contínua da divisão social, da agressão e da monopolização do desdém e do ódio, que ultrapassou os limites razoáveis, observando que nem os aldeões sem instrução nem as pessoas profundamente religiosas são os que dão o tom.
“Talvez finalmente percebamos que uma Eslováquia não pode sentir-se moralmente superior a outra. Que uma parte da sociedade não pode se considerar mais decente e agir agressivamente em relação à outra. (…) O cultivo da imagem de um inimigo já ultrapassou há muito limites razoáveis”, enfatizou o jornalista eslovaco.
Os recentes acontecimentos na Eslováquia servem como uma lição comovente para a vizinha Polónia, sinalizando a necessidade urgente de uma reavaliação da dinâmica política e social para evitar uma nova escalada de violência e divisão.