O AVESSO DO AMBIENTALISMO
COMENTÁRIOS À ENTREVISTA DO PROFESSOR RICARDO FELÍCIO COM PROF. JEAN-MARIE LAMBERT E ARAMIS DE BARROS, AUTORES DO LIVRO O AMBIENTALISMO PELO AVESSO
HEITOR DE PAOLA
"O mundo das nações soberanas criou um caos inacreditável; os poderes dados aos economistas e aos negócios estão nos levando ao desastre; a Terra, seu ar vital, suas águas, sua natureza, sua vegetação e muitas espécies que levaram milhões de anos para se formar, nosso clima estão todos em perigo. Vivemos numa Terceira Guerra Mundial contra a Terra, nosso lar. Tudo isso terminará num desastre global sem precedentes.
ROBERT MULLER
Secretário Geral Assistente da ONU de 1953 a 1981 e idealizador do currículo da UNESCO
Meu comentário se refere à entrevista, que recomendo (pode ser acessada aqui). São 2 horas e 40 minutos e nota-se claramente o tom amistoso e de bom humor dos três participantes. Não é uma entrevista polêmica, o entrevistador – e Prefaciador do livro - e os entrevistados concordaram em todo os pontos. E eu também! Portanto não é de esperar críticas, mas elogios e uma tentativa de ampliar um pouco mais o assunto.
Muito temas interessantes foram tratados sobre política, economia, sociologia, mas vou deixá-los como periféricos, abordando o que me chamou a atenção por ser, ao que eu saiba, a originalidade do livro que se depreende do que foi discutido.
Sempre que escrevo, e há tempos não o faço, o difícil é começar. Mas, por uma dessas razões que a razão desconhece – talvez alguma inspiração superior - escrevi para um dos autores que considero um amigo, embora jamais tenhamos nos encontrado fisicamente, para tirar uma dúvida sobre uma de suas assertivas na entrevista. Aramis prontamente explicou e, ao fazê-lo, citou Ernst Haeckel como criador do termo ‘ecologia’. Deu-me a dica que faltava para iniciar este comentário.
Haeckel é importante porque o que mais impressiona nessa entrevista - e, como disse é a sua originalidade - é a naturalidade com que os três participantes integram os princípios religiosos Judaico-Cristãos com a ciência. Geralmente considera-se religião algo individual com consequências na ética, na moral, nos deveres e direitos dos cidadãos, nas assim chamadas ciências sociais, até mesmo na história, mas raramente se utiliza a Bíblia nas ciências físicas como uma descrição fática de acontecimentos reais que devem ser levados em consideração em investigações científicas.
O tema da Criação e do Juízo Final foi bastante explorado pelos participantes. Ora, a Bíblia, dirão os pseudocientistas que criaram a nova “religião” do ambientalismo, é um livro para ser lido como ficção e ouvir os Rabinos, Padres e Pastores falarem em seus ofícios. Não passam de metáforas, como dizia uma excepcional “exegeta” presidencial. Mas ciência é outra coisa! Reze à vontade, mas não misture suas crenças com a “verdade científica”. É isto que os participantes criticaram, agregando a verdade Bíblica à ciência com muita propriedade.
Haeckel, no lugar do Cristianismo, ofereceu principalmente aos alemães, uma nova religião derivada inteiramente da ciência e do estudo da natureza. Alles ist Natur, Natur ist Alles (tudo é natureza, natureza é tudo) e “a deusa da verdade mora no templo da natureza, nas verdes florestas, no mar azul e nos picos nevados. A antiga religião se caracterizava pela escuridão dos claustros e pelo cheiro de incenso das Igrejas Cristãs, mas a nova religião Monista encontra sua fé no estudo amoroso da natureza e de suas leis” ([1]).
Esta “religião” glorifica o Cosmos harmoniosamente conectado com todos os fenômenos, não faz distinção entre orgânico e inorgânico defende o pampsiquismo: toda matéria é viva e possui todos os atributos normalmente atribuídos apenas aos animais superiores. A natureza, portanto, o planeta, pensa, sente, deseja, ama, odeia – tem alma. Aí estão os germes da moderna concepção de Gaia, a Mãe-Terra (nas seitas latino-americanas Pachamama). A concepção Monista de Deus é de uma espiritualidade divina que está presente em todas as coisas. Deus não criou nada, Deus é a natureza já que Alles ist Natur e quem está familiarizado com a rigidez do pensamento germânico, entende que não há exceção, Alles ist Alles. Os deuses são apenas uma propriedade das coisas como a forma, a função e outras.
É preciso lembrar que Haeckel era primeiramente Alemão e essa religião está ligada primordialmente ao conceito Völkisch de Blut und Boden (sangue e solo). Não é de surpreender, portanto, que a primeira lei moderna de proteção à natureza tenha sido a Reichsnaturschutzgesetz (Lei de Proteção da Natureza do Reich), de 26/06/1935, três meses antes da Leis Raciais de Nuremberg (15/09/1935) às quais estão umbilicalmente ligadas, pois só o sangue germano-nórdico pode rejuvenescer o solo e por ele ser rejuvenescido ([2]).
A juventude da religião monista era estimulada a longas caminhadas sem destino programado sobre o solo alemão, constituindo grande parte dos Wandervogel, movimento de contato com a natureza iniciado no final do século XIX. A palavra pode ser traduzida por “aves que voam livremente”.
Note-se com essa ideia absurda do contato com a natureza e a maldade intrínseca do homem ainda vigora na atualidade. Como dizia o Clube de Roma: “O planeta tem um câncer e este câncer é o homem”.
“Negando a existência de um Deus transcendente e defendendo a imanência do espírito no interior da matéria, Haeckel rejeitou intencionalmente as demandas éticas das Religiões Reveladas e a excepcionalidade do homem” (Gasman, op.cit.). Para tal, retomou os primitivos mitos germânicos panteístas pré-Cristãos. Ao rejeitar a ética emanada da Divindade, principalmente as Leis Mosaicas, elevou o antissemitismo alemão – melhor seria dizer europeu - clássico, abriu caminho para a agressividade imperial alemã e para os totalitarismos monstruosos do século XX ([3]) e, segundo se discutiu na entrevista, para um futuro totalitarismo que não está muito distante, se os pseudocientistas que controlam as comunicações sobre o clima não forem parados a tempo.
Outra consequência lógica da negação da Criação abordada foi a negação do Juízo Final, portanto, um universo permanentemente reciclado, sem meta e sem termos que prestar contas de nossos atos. Ora, se não há início nem fim, não há história no sentido em que a conhecemos.
Mircea Eliade, em seu estudo sobre o mito do eterno retorno ([4]) diz já na Introdução: “Ao estudarmos essas sociedades tradicionais surpreendeu-nos sobretudo um aspecto: a sua revolta contra o tempo concreto, histórico, a sua nostalgia de um regresso periódico ao tempo mítico das origens, à Idade de Ouro”. Como já vimos acima, os mitos germano-nórdicos da Idade de Ouro de Siegfried quando deuses e homens se confundiam como na tradição grega. Acrescente-se que todos os atos importantes foram revelados anteriormente por deuses ou heróis e os homens apenas repetem esses exemplares paradigmáticos.
Os homens primitivos estudados por Eliade baseavam-se exatamente nas mudanças climáticas mais comuns: as estações. Elas se repetem eternamente. Temos aí um retorno que não é mítico, é real, mas que se torna paradigma arquetípico de tudo que se refere ao clima. Mas o que antes era devido à ignorância, na atualidade é um projeto de destruição da obra de Deus, como veremos adiante.
A ‘NOVA’ ESPIRITUALIDADE IMANENTE
“...se o materialismo foi a base filosófica para a Old Left, a espiritualidade parecia provável que desempenhasse esse papel para a New Left, uma matriz de crenças vinculadas – de que estamos invisivelmente ligados uns aos outros, de que existem dimensões que transcendem tempo e espaço, de que a vida de cada indivíduo tem sentido, de que a graça e a iluminação são reais, de que é possível evoluir para cada vez mais altos níveis de entendimento”
WILLIS HARMAN
Diretor da Política de Pesquisa do Stanford Research Institute, 1976
Essa espiritualidade profana - que podemos chamar de espiritualidade materialista - foi um tema muito abordado pelos participantes.
Se o próprio homem é deus, ele criou a si mesmo e não depende de nada que o transcenda, é um ser solitário que só pode existir em grupo com outros seres que assim se sentem. Porém não existe nesses grupos a solidariedade de seres unidos pelo mesmo Criador.
Se a natureza não foi criada, o homem não é apenas um “gerente da natureza” – termo usado por um dos debatedores – que não lhe pertence, foi-lhe cedida por Deus para seu uso, mas pode modificar ou destruir a natureza a seu bel prazer. É claro que o ponto de partida dessa insanidade foram as verdadeiras agressões ao meio ambiente local, como assoreamento dos rios, barragens mal construídas, envenenamento da água por poluentes industriais, etc. Mas são fenômenos locais causados por pessoas reais e facilmente identificáveis. Essas são as mentiras mais perigosas por terem uma base verdadeira e conhecida por todos. O ambientalismo ecológico é outra coisa: é o homem-câncer que destrói o planeta, “nosso lar comum”, como os hipócritas gostam de dizer.
É claro que tais ideias não brotaram espontaneamente em alguns cérebros de homens maus. Eles existem desde a negada Criação, são ideias luciferinas, segundo os debatedores, que são insidiosamente aninhadas em mentes de novos sacerdotes e sacerdotisas de uma seita cuja finalidade é destruir a Criação Divina.
Essa sacralidade do mundo físico foi muito bem explorada pela Teosofia. Os participantes se referiram a Alice Bailey e Robert Muller como elementos importantes, e aqui retorno a antigos artigos meus nos quais pretendo deixar claro como esses personagens agiram ([5]).
Para conhecer melhor as origens da ONU, patronesse do IPCC: Alice Bailey é a inspiradora espiritual de Robert Muller (ver primeira epígrafe), um dos personagens mais sinistros da segunda metade do século passado. Muller foi o idealizador de um método novo de ensino, o World Core Curriculum. A base deste novo método, adotado pela UNESCO na Universidade para a Paz, em San Jose, Costa Rica, é constituída de crenças ligadas à New Age, como o holismo, a Espiritualidade Global, o ensino centrado na Mãe-Terra (Gaia) como o centro de toda as crenças religiosas. Os três princípios fundamentais são: Unidade com o Planeta, Unidade com o Povo e Harmonia do Self.
Há um viés nitidamente anticristão e antijudaico com a preponderância de práticas mágicas indígenas, panteístas e politeístas, além da mudança da ênfase do ensino para os ‘relacionamentos’ entre indivíduos e entre eles e o planeta ([6]). Em 1989 a UNESCO concedeu a Muller o Prêmio de Educação para a Paz e se iniciaram os estudos para que a UNESCO recomendasse que todas as escolas e universidades do mundo se tornassem, lá pelo ano 2000, ‘escolas para a paz e a não-violência’, através do mesmo Curriculum, de ‘modo a preencher a função cósmica inata em cada um de nós’. Muller foi o principal assessor da UNESCO para a educação.
A inspiração para tais ensinamentos provinha de Alice Bailey. Bem, segundo a própria, não exatamente dela, mas de seu ‘guia espiritual’, o Mestre Tibetano Djwhal Khul, que teria vivido há milhares de anos e falaria através de Alice.
“Dentro da ONU está o germe e a semente de um grande grupo internacional de meditação e reflexão – um grupo de pensadores bem informados, em cujas mãos está o destino da Humanidade. Eles estão sob o controle de muitos discípulos do ‘quarto raio’ [...] e seu foco é o plano de intuição Búdica – o plano que comanda toda atividade hierárquica” ([7]).
Robert Muller reescreveu o primeiro capítulo da Bíblia para incluir as Nações Unidas. Sob o título ‘A Nova Gênesis’ o versículo fica assim: ‘E Deus viu que todas as nações da Terra, brancas e negras, ricas e pobres, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, e de todos os credos enviavam seus emissários a uma alta casa de vidro [edifício sede da ONU] nas praias do Rio do Sol Nascente [East River], na Ilha de Manhattan, para ficarem juntos, pensarem juntos, juntos cuidarem do mundo e todos os seus povos. E Deus disse: Isto é Bom. E foi o primeiro dia da Nova Era [New Age] na Terra’. Manhattan é o lugar “onde nossos irmãos indígenas profetizaram que uma civilização de paz se estenderia ao mundo inteiro” ([8]).
Alice Bailey tomou contato com a Teosofia através das ‘Doutrinas Secretas’, obra de uma das maiores escroques e vigaristas que já existiram, Yelena Pietrovna Blavatsky que apareceu misteriosamente nos EEUU em finais do século XIX cuja ideias deixo para comentar em outra oportunidade.
Alice influenciou Muller e até hoje a UNESCO e resultou em outras sociedades como a ‘Igreja Universal e Triunfante’ e o ‘Centro Tara’. Sua ‘mensagem’ é a paz mundial, a unidade de todas as religiões e a dedicação à Humanidade. É considerada a mãe da forma atual do movimento da New Age, a ‘nova espiritualidade’.
Comparando com a ‘Revolução Cultural’ de Gramsci, Olavo de Carvalho diz que ‘[ambas] tem algo em comum: ambas pretendem introduzir no espírito humano modificações vastas, profundas e irreversíveis. Ambas convocam à ruptura com o passado, e propõem à humanidade um novo céu e uma nova terra ([9]).’
Alice fundou a Lucifer Publishing Company, a qual por razões óbvias, trocou de nome para Lucis Trust como editora dos livros teosóficos. Interessa saber que sua sede fica até hoje no nº 866, United Nations Plaza, Suite 482. Coincidência incrível.
Falando em Lúcifer.......
A LUTA ETERNA ENTRE O BEM E O MAL
A REVOLTA DE LÚCIFER
Para que não nos esqueçamos de pelo menos um reconhecimento expresso ao primeiro radical: de todas as nossas lendas, mitologia e história (e quem saberá onde a mitologia termina e a história começa – ou qual é qual), o primeiro radical conhecido pelo homem que se rebelou contra o establishment e fez isso de forma tão eficaz que pelo menos ganhou seu próprio reino — Lúcifer.
SAUL ALINSKY
Dedicatória de Rules for Radicals ([10])
Uma rede sem líder mas poderosa está trabalhando para fazer uma mudança nos Estados Unidos. Seus membros romperam com certos elementos do pensamento Ocidental e podem até ter rompido com a continuidade da história. (...) A Conspiração de Aquário representa o “e agora?” Nos movemos para o desconhecido: o conhecido falhou-nos completamente. (...) Nós somos o futuro. Nós somos a revolução.
MARILYN FERGUSON
The Aquarian Conspiracy
Os protagonistas colocam o ambientalismo ecológico atual como parte de um plano não apenas para a destruição dos valores Judaico-Cristãos como também para a própria destruição dos seres humanos – os homens-câncer do Clube de Roma.
Marilyn Ferguson nos informava (1981) que “A visão transformativa era partilhada por indivíduos e vários movimentos sociais – redes sobre loucura, morte, nascimentos alternativos, ecologia, nutrição. Uma rede de doutores ‘holísticos’....formulou...formas alternativas de pensar sobre saúde e doença. Teólogos independentes e membros do clero ponderaram uma ‘nova espiritualidade’ que crescia rapidamente enquanto as igrejas decaíam. Existem redes de educadores ‘transpessoais’ inovadores, conselhos de legisladores e uma fusão de economistas-gerentes-engenheiros-teóricos sobre sistemas, todos buscando alternativas humanistas criativas” ([11]).
Numa pesquisa por telefone no Estado de Washington em 1976 a maioria expressou preocupação com o abuso do meio ambiente e com o crescimento descontrolado do crescimento populacional. Viam a terra como uma espaçonave com espaço e recursos limitados. Se opuseram à ideia da dominância humana sobre a natureza e apoiavam a visão dos ambientalistas. Em nenhum outro lugar era mais evidente a vida total do que em nossa consciência ecológica acordada – ainda não tinham inventado a palavra woke. O cuidado com o planeta juntava-se aos itens econômico, legal, político, espiritual, estético e médico. O livro Ecotopia, de Ernest Callenbach, lançou algo como um culto gerando até mesmo um site (ver aqui). É sobre um país formado pela secessão dos Estados de Washington, Oregon e norte da California onde existiria a propriedade de fazendas e empresas pelos empregados, a semana de trabalho de vinte horas, a eliminação fanática da poluição, “mini-cidades” (cidades de 15 minutos?) que derrotam a superlotação, devoção às árvores beirando a adoração, um governo dominado por mulheres e jogos de guerra sangrentos e rituais. (Ferguson, op. cit, pp. 357-360).
O que pretendem esses grupos? Se apresentam como defensores do planeta, mas há aqui uma contradição: também são parte da humanidade, então também são o câncer da Terra e devem ser eliminados. Ou não? Pertencem a uma autonomeada elite que deseja para si todo o usufruto do planeta que foi criado por Deus para todos.
Após criar o universo, a luz, os animais, o homem e a mulher “Deus os abençoou: frutificai, disse Ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a Terra. Deus disse: Eis que vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra, e todas as árvores frutíferas que contém em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de alimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus, a tudo que se arrasta sobre a terra e em que haja sopro de vida, eu dou toda a erva verde por alimento” (Gen 1:28-30).
É aqui que retorno ao início do comentário. Segundo entendi, os participantes concordam em tomar tais palavras não como simbólicas, mas sim como fatos históricos e científicos. Poderíamos dizer mesmo tecnológicos, a “tecnologia Divina” que criou o Universo.
E é contra todo o Gênese que se rebelam os que seguem a Nova Era. O que interessa no nosso caso é a rebelião contra o homem ser apenas um “gerente do planeta”, passando a ser o destruidor, o câncer que o corrói. E quem foi o primeiro revoltado contra a Criação se não Lúcifer como bem o disse o comunista Alinsky?
Essas ideias são antigas, porém renasceram após a fundação da ONU e suas organizações conhecidas e milhares de ONGs impossíveis de rastrear. Mas podemos começar o The Population Bomb: the End of Affluence and how to be a Survivor (disponível em pdf gratuito), de Paul R.Ehrlich (1968) onde a invenção malthusiana – poderíamos dizer luciferina – é elevada ao nível de ciência com o intuito de apavorar os seres humanos. No seu primeiro capítulo define O Problema: TOO MANY PEOPLE, TOO LITTLE FOOD, A DYING PLANET. Ehrlich argumentou que a população humana era muito grande e que, embora a extensão do desastre pudesse ser mitigada, a humanidade não poderia evitar fomes severas, a propagação de doenças, a agitação social e outras consequências negativas da superpopulação. Sua receita para evitar a morte da Mãe Terra inclui, obviamente, planejamento familiar. A pílula anticoncepcional tinha sido inventada há poucos anos (1960). Diz Erlich: Ao oferecer apenas meios para que os casais controlem a fertilidade, "ele negligencia os meios para que as sociedades o façam."
Com isso tentava-se de uma tacada só dois objetivos: acabar com o “frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a” e atribuir aos governos e a instituições como a Planned Parenthood (fundada em 1916), o controle – pois “sociedade”, como tal, não age - retirando-o dos pais. Em 1973 a Suprema Corte (USA) torna legal o aborto, que um dos participantes lembrou bem sobre a entrega dos bebês a Moloch como ato sacrificial. Segundo a Bíblia, nos rituais de adoração, havia atos sexuais e sacrifícios de crianças. A Planned Parenthood lançou campanhas estaduais para impedir o enterro de fetos: tratá-los de forma diferente de outros resíduos hospitalares significa considerá-los seres humanos. Talvez seja pior do que nos tempos de Moloch em que ao menos eram reconhecidamente crianças.
Deus os criou homem e mulher? Não, pode-se mudar de sexo à vontade, pois retirou-se da gramática o significado de gênero, incluiu-se o uso anárquico dos pronomes e inventou-se um diagnóstico, disforia de gênero, que permite a falsa mudança de sexo. Segundo os debatedores a intenção é atingir a androginia, assim chamado o homem perfeito: “...integrar, unificar, totalizar, numa palavra: abolir os contrários – coincidentia oppositorum - e reunir os fragmentos representa na Índia o caminho do espírito. A coincidentia oppositorum, ou o mistério da totalidade, se refere às técnicas místicas da união dos contrários, os mitos do andrógino e os ritos da androginização ([12]). As antigas técnicas místicas, hoje são as técnicas hormonais e cirúrgicas que permitem criar falsos andróginos.
Segundo Eliade Mefistófeles não ataca diretamente a Deus, mas à vida que Ele criou. E isto está óbvio na Declaração da Agenda 2030 da ONU, onde é exposta a eliminação dos gases de efeito estufa e da extinção do carbono. Este é o elemento essencial da vida, a base da química orgânica, ou bioquímica. Para que se usam estufas, se não par acelerar o crescimento das plantas? Não é perfeita a Criação de seres que absorvem O² e exalam CO² (animais) e outros seres que só conseguem viver através do processo de fotossíntese absorvendo CO² e exalando O² (vegetais), uma maravilhosa complementação? O chamado NET ZERO representará o fim da humanidade e das plantas. E é a isto que essas organizações como a ONU (THE 2030 AGENDA FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT), WEF, IPCC, IPBES (Global Assessment Report on Biodiversity and Ecosystem Services) e a miríade de ONGs mencionadas por Marilyn Ferguson decidiram que é preciso chegar. Não é o trabalho exato de Lúcifer para destruir a Criação? Não é por outra coisa que Paul Driessen publicou em 2003-2004 seu livro ([13]) no qual inclui um capítulo com o irônico, mas realístico título de “Mosquitos Sustentáveis – Povos Descartáveis” sobre a proibição do DDT levando ao aumento exponencial de mortes por malária nos países africanos. Por nada, pois na minha infância aspergia-se DDT (diclorodifeniltricloroetano) para matar mosquitos no quarto de dormir. E ao que parece estou vivo.
É nesse ponto que se unem as reflexões “científicas” e as crenças míticas e místicas da New Age.
Constance E. Combey em seu polêmico livro The Hidden Dangers of the Rainbow: The New Age Movement and Our Coming Age of Barbarism ([14]) faz esta conexão profudamente. O título se refere a Gênesis 9:12-17: Após o dilúvio, Deus estabelece uma aliança com Noé e todos os seres vivos, prometendo nunca mais destruir a Terra com um dilúvio. Como sinal dessa aliança, Deus coloca um arco-íris nas nuvens, declarando: "Eu coloquei o meu arco-íris nas nuvens, e ele será o sinal da aliança entre mim e a terra". No entanto, o Movimento da Nova Era usa o arco-íris para simbolizar a construção do arco-Ponte (antahkarana) entre o homem e Lúcifer, que, segundo eles, é a superalma.
Cumbey é atacada por criticar duramente todas as religiões, exceto o cristianismo e o judaísmo, e aqueles que se interessam por elas. Mas o que dizer de uma missa negra na qual o satanista urina sobre um Crucifixo, a Bíblia e uma Hóstia Consagrada?
Sinto que já escrevi demais. Fiquem aqui meus parabéns aos protagonistas dessa magnífica entrevista.
HEITOR DE PAOLA
Rio de Janeiro, março de 2025
[1] Ernst Haeckel, Energik und Substanzgesesetz, citado em The Scientific Origins of National Socialism, Daniel Gasman, Transaction Publishers, 2007 [1971]
[2] Pode-se dizer que o NSDAP (Partido Nazista) foi o primeiro partido Verde da história. Em 1932 o Reichslandbund criou o Grün Front (Frente Verde). Quem hoje insiste em comprar produtos “orgânicos” saiba que deve isso ao Dr. Alwin Seifert, conhecido como “Sr. Mãe Natureza” e a Richard Walther Darré, Mnistro da Agricultua do III Reich de 1933 a 1942.
[3] Para ilustrar: após o fim da II Guerra e a divisão da Alemanha, Haeckel era venerado na Alemanha Oriental onde havia um grupo denominado Haeckel-Haus.
[4] O Mito do Eterno Retorno: Arquétipos e Repetição, Edições 70, Lisboa, 1969 [1947]
[5] Grande parte desses parágrafos são do meu artigo True Lies II, hoje não publicado desde o fim do Mídia sem Máscara
[6] Berit Kjos, Brave New Schools, Harvest House Publishers, Eugene, Oregon,1995
[7] Alice Bailey, Discipleships in the New Age, Lucis Trust
[8] Robert Muller, The Desire to be Human: a Global Reconnaissance of Human Perspective in an Age of Transformation, Miranana, 1983. Tudo sobre Robert Muller, por ele mesmo, pode ser encontrado nos seguintes sites: www.goodmorningworld.org , www.robertmuller.org e www.robertmuller.org/decide.
[9] A nova Era e a Revolução Cultural, 1993, disponível para download em:
http://www.olavodecarvalho.org/livros/neindex.htm Recomendo, em especial, a leitura atenta do cap. III, pp. 69-72
[10] Alinsky foi o tema da tese de graduação de Hillary Clinton: There is only the fight..... An Analysis of the Alinsky Model, Wellesley College, 1969
[11] Marilyn Ferguson, The Aquarium Conspiracy: Personals and Social Tranformations in the 1980s, Routledge & Kegan Paul, London, 1981
[12] Mircea Eliade, Mefistofeles y al Androgino, Ed. Guadarrama, Madrid, , 1969, [Gallimard, 1962]
[13] Paul Driessen, Eco Imperiaism: Green Power, Black Death, Free Enterprise Press, 203-2004
[14] The Hidden Dangers of the Rainbow: The New Age Movement and Our Coming Age of Barbarism Constance Cumbey, Lafayette, Louisiana, 1983
HEITOR DE PAOLA
Março, 2025