HEITOR DE PAOLA: NO QUE SE TRANSFORMOU A PSIQUIATRIA?
Comentários de Heitor De Paola (Psicanalista) a dois artigos (publicados aqui) sobre a nefasta ideologia de gênero, que assola e desgraça nossas crianças
HEITOR DE PAOLA
21 JUNHO, 2023
ARTIGOS REFERIDOS NO FINAL DESTE
Esta é apenas uma breve introdução a dois artigos que serão publicados a seguir neste Substack sobre “ideologia de gênero”, que começou lentamente substituindo sexo por “gênero” apenas como mais uma das bobagens do politicamente correto, logo tomou impulso e penetrou na burocracia, que a adotou chegando aos documentos oficiais. E como eu já previra, atingiu em cheio a medicina.
Este assunto já foi abordado por mim e inúmeros autores já o fizeram dos pontos de vista científico, moral, religioso e civilizacional. Limitar-me-ei nesta breve introdução a comentar a subversão dos conceitos médicos que surgiram com o avanço desta nefasta ideologia e que são expostos nos artigos publicados.
A suposição básica é que algumas pessoas sentem que não pertencem ao “gênero” que sua biologia comanda: se tiver cromossomos XX é mulher, se for XY é homem. Não há alternativa. Para criar uma, inventaram um pseudo diagnóstico que já está catalogado nos manuais de saúde mental (Diagnostic and statistical manual of mental disorders -DSM-5): disforia de gênero. Mas isto não bastou porque se está nesses manuais é uma doença e, como tal, pode e deve ser tratada. É preciso que tal fantasia adquira foros de legitimidade. Como diz a Dra. Claire McCarthy, MD, pediatra de Atenção Primária no Hospital Infantil de Boston no primeiro artigo[1]: Algumas pessoas – incluindo crianças – sentem fortemente que seu gênero não é o que lhes foi atribuído no nascimento. Não é nem mesmo um sentimento; é algo que eles sabem com certeza.
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Enfatizei as últimas palavras porque elas indicam a certificação e legitimação da assertiva. Se tem têm certeza é porque o que dizem deve ser tomado como verdade absoluta e incontestável. Para quem contesta já existe também outro pseudo diagnóstico: transfobia.
Prossegue a autora:
“Quando uma criança nasce, ela recebe um sexo (ou ‘gênero natal’) com base em suas características corporais - ou cromossomos, nos casos em que as características corporais não são tão claras. Na maioria das vezes, as crianças estão bem com sua designação de homem ou mulher. Mas, às vezes, essa atribuição pode parecer muito errada; às vezes, as crianças realmente sentem que estão no corpo errado, ou que não se encaixam em nenhum dos sexos, ou que se movem entre os dois. Certamente é comum que crianças pequenas explorem a identidade de gênero – mas isso é diferente. Esta não é uma fase; trata-se de quem eles sabem que são”.
A pergunta que eu faria à Dra. McCarthy é como ela, a doutora, sabe disto? Como pode afirmar tal coisa? Quais as pesquisas científicas realizadas por ela ou outros colegas, que fundamentam esta crença?
Não existem! Sabe-se muito bem, e ela mesma cita, que apenas cerca de 0,6% dos adultos e 0,7% dos adolescentes se identificam como transgêneros ou "não conformes ao gênero". Na maioria das crianças que alguma vez sentem que “estão no corpo errado” em determinada fase do desenvolvimento esta fantasia é abandonada em pouco tempo. Como distinguir?
É óbvio que isto gera enorme sofrimento durante esta fase do desenvolvimento. Muita ansiedade, depressão e até algumas tentativas de suicídio. Mas afirmar que este sofrimento é causado pela não aceitação por parte dos pais e da sociedade é algo muito comum e qualquer psicólogo, psiquiatra ou psicanalista conhece bem: é a projeção para fora da oposição interna de uma parte da pessoa que reconhece a realidade de seu corpo. Dentro de todo “transgênero” há uma parte de sua personalidade que recusa essas fantasias.
A conclusão do artigo é a recomendada, segundo a autora, pela Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Associação Americana de Psiquiatria: “os jovens que não se conformam com o gênero não precisam apenas de proteção, mas também de cuidados de afirmação de gênero (gender-affirming care). O cuidado de afirmação de gênero é um cuidado adequado ao desenvolvimento baseado em evidências que apoia os jovens que não se conformam com o gênero a serem quem eles sabem que são. Esse cuidado é fundamentado no entendimento de que a diversidade de expressão de gênero não é um transtorno de saúde mental, mas sim parte da diversidade humana natural”.
O segundo artigo, na verdade um vídeo[2], traz uma afirmação excêntrica e extremamente perigosa: as crianças trans já conhecem seu gênero “verdadeiro”, já “sabem” que são transgêneros” desde o período fetal! Como sabem os ilustres colegas do Boston Children Hospital? E o que propõe fazer? Por enquanto sugerem “aceitação e amor”. Mas a experiência mostra que brevemente serão sugeridas cirurgias intraútero e/ou administração de hormônios sexuais cruzados, tudo baseado nas premonições baseadas nas fantasias e delírios de médicos e paramédicos, talvez até de consultas a cartomantes e adivinhos.
Alguns leitores podem ficar chocados com o que eu disse, mas o combate a essas práticas dignas de modernos Mengeles muitas vezes só é possível desmoralizando suas afirmações dementes.
Em artigo já publicado aqui[3] a autora, Pamela Garfield-Jaeger, demonstra claramente que os promotores da ideologia de gênero estão amedrontados com a inesperada reação contrária e grande oposição de médicos e profissionais de outras áreas, de modo que numa Conferência da California Association of Marriage and Family Therapists, muitos exigiam que suas apresentações não fossem filmadas e pergunta: “se você é um especialista que compartilha informações clínicas importantes das quais tem certeza, por que deseja que seu workshop seja ocultado?”
Mas, follow the money: noutro artigo aqui publicado[4] mostra-se como os ricos, poderosos e às vezes estranhos primos Pritzker estão de olho em um novo objetivo divino: usar a ideologia de gênero para refazer a biologia humana. Como diz um velho ditado: de médico e de louco todos nós temos um pouco.
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Heitor De Paola é psicanalista, aposentado.
[1] THE CARE THAT TRANSGENDER YOUTH NEED AND DESERVE
https://www.health.harvard.edu/blog/the-care-that-transgender-youth-need-and-deserve-202203142704, Harvard Health Publishing, Harvard Medical School
[2] TRANS KIDS KNOW GENDER FROM THE WOMB
https://www.dailymail.co.uk/video/news/video-2787645/Video-Boston-Childrens-Hospital-trans-kids-know-gender-womb.html Boston Children Hospital
[3] https://hdepaola.substack.com/p/eles-estao-com-medo-os-defensores
[4] https://hdepaola.substack.com/p/technocracy-familia-bilionaria-incentivando