(ARTIGO DE HEITOR DE PAOLA) RAÍZES HISTÓRICAS DA INTERVENÇÃO RUSSA NA UCRÂNIA – TERCEIRA PARTE
Deve-se notar que as decisões dos países da OTAN e da EU há muito deixaram de ser democráticas, com consulta a seus povos.
HEITOR DE PAOLA
6 SET, 2023
O principal assunto que devemos cuidar é nos fortalecermos em relação à China vendo a Rússia derrotada na Ucrânia, porque eles são aliados e a Rússia enfraquecida enfraquece a sua aliada China, quer dizer, usando algo como 5% de nosso orçamento militar anual para ajudar a Ucrânia é a melhor despesa de defesa nacional que já tivemos. Não estamos perdendo vidas (americanas) na Ucrânia e os ucranianos estão lutando heroicamente contra a Rússia que tem 1.500 armas nucleares voltadas contra nós, portanto estamos diminuindo o perigo ao devastar os militares russos, por uma porção muito pequena do restante de nossos recursos em relação a nossas despesas de defesa no interesse nacional; (este)o no nosso interesse em ajudar a Ucrânia. E o melhor que podemos fazer para a América é ver gente que possui armamento nuclear dirigido contra nós enfraquecendo
MITT ROMNEY
Senador por Utah, nominalmente Republicano, em entrevista para RISING - THE HILL-TV[1]
Esta declaração de Mitt Romney, um RINO (Republican In Name Only) que votou pelo impeachment de Trump, expressa o real interesse tanto do Deep State americano, hoje no poder, quanto europeu em “ajudar” a Ucrânia a combater a Rússia. Como já se sabia, não há o menor interesse em salvar a Ucrânia, manter sua soberania como um país democrático e zero interesse no povo ucraniano que, como eu já disse em artigos anteriores[2], não passa de bucha de canhão (cannon fodder). A hipocrisia com que Romney se refere à “melhor maneira de combater por ser mais barata (5% do orçamento anual de defesa), sem perder vidas americanas” – e por extensão europeias, pois nenhum país da OTAN está empenhando seus soldados – é impressionante! A ligação de Romney com o Complexo Militar-Industrial é predominantemente com a Raytheon, além de gigantes da Big Pharma, o que explica assuntos não relacionados com o atual artigo. Em sua campanha para a Presidência em 2012 prometeu aumentar os gastos militares e diminuir os civis[3]. Nas entrevistas, os doadores de Romney disseram que as suas contribuições foram desencadeadas pelas suas opiniões favoráveis aos negócios, que também parecem estar em sintonia com o seu gosto por debates sobre políticas e não sobre valores, questões que são econômicas e não sociais[4].
Um país que deixou clara sua posição foi a Polônia: (Há um mês) o conselheiro do Presidente da República da Polônia Marcin Przydacz, responsável pelo Departamento de Política Internacional, acusou a Ucrânia de ingratidão por todo o apoio que tem recebido do país desde o início da invasão russa”.Pawel Jablonski, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, declarou: “A Polônia apoia a Ucrânia — apenas e tanto quanto — na medida em que, isso seja consistente com o nosso interesse nacional” [5]. Yablonsky, após a reunião dos Ministros dos Negócios
[1]Tucker Carlson: The REAL REASON US Elites Hate Russia, Hungary Is Because They’re CHRISTIAN NATIONS.RISING HILL TV
, 1’16’’-2’25’’ (Transcrição, ênfases e tradução minhas)
[2]https://hdepaola.substack.com/p/raizes-historicas-da-intervencao
https://hdepaola.substack.com/p/inedito-artigos-de-heitor-de-paola
https://hdepaola.substack.com/p/artigo-heitor-de-paola-a-questao
[3]Romney Would Boost Pentagon spending, cut civilian workers, https://www.reuters.com/article/us-usa-campaign-romney-defense-idUSBRE89A1PC20121011
[4]LobistasRepublicanos Proeminentesque doaram para a campanha deRomney são Charles Black Jr, lobista da AT&T Inc T.N e Wal-Mart Stores Inc WMT.N; Wayne Berman, que representa a Pfizer Inc PFE.N e Visa Inc V.N; eEd Rogers, que faz lobby para a contratante de defesa Raytheon Co RTN.N e adrugmaker GlaxoSmithKline PLC GSK.L. (https://www.reuters.com/article/us-usa-campaign-money-idUKBRE8281EV20120309)
[5]https://observador.pt/2023/08/03/polonia-acusa-ucrania-de-ingratidao-pelo-apoio-na-guerra-zelensky-diz-que-pais-merece-agradecimento-do-ocidente/
Estrangeiros dos países da EU, comentou as declarações do primeiro-ministro ucraniano Denis Shmygal, que classificou a intenção de Varsóvia de prolongar a proibição à importação de cereais ucranianos como uma medida hostil e populista, repetiu: “A Polônia apoiará a Ucrânia apenas naquilo que for benéfico para Varsóvia”.“A Polônia não sacrificará sua agricultura pelo bem da Ucrânia –disse o líder do partido governante ‘Lei e Justiça’ Jarosław Kaczyński,"Precisamos levantar a questão de nossos interesses de forma decisiva. Não podemos levar à destruição da agricultura polonesa. Nossos amigos ucranianos devem estar cientes disso", disse Kaczyński. Ele confirmou que a Polônia estenderá independentemente a proibição à importação de grãos ucranianos, mesmo se essa proibição não for estendida pela Comissão Europeia[1]. Recentemente foi limitado o número de refugiados que deverão pagar por 75% das despesas com emigração e alojamento.Durante a visita de Zelenskyi a Varsóvia, em março deste ano, o Presidente Andrzej Duda fez questão de relembrar a rivalidade histórica entre os dois países: tanto a Ucrânia ficou séculos sob domínio polonês, quanto na década de 40 os ucranianos, comandados por Stepan Bandera, acusado como aliado dos nazistas, foram responsáveis pelo extermínio de 100.000 poloneses, judeus e soviéticos[2].
Deve-se notar que as decisões dos países da OTAN e da EU há muito deixaram de ser democráticas, com consulta a seus povos. Os alemães estão nas ruas em dezenas de cidades protestando contra a “ajuda” à Ucrânia. Os números das mais recentes pesquisas mostram mínimos históricos para o governo do chanceler Olaf Scholz do Partido Social Democrata (31.8%) e caindo, enquanto os conservadores da oposição Democratas Cristãos (29%), bem como a Alternativa para a Alemanha (AfD) (22%) continuam a sua tendência ascendente[3]. Grande parte desta queda se deve à oposição ao envio de armamentos para a Ucrânia e um possível inverno terrível, sem gás da Rússia.
Como já afirmei anteriormente esta guerra da OTAN contra a Rússia, tendo como proxy a Ucrânia, pode ser interminável para girar a roda de construção de armamentos indefinidamente. Um exemplo de que o ocidente pensa nisto é o fato de não darem condições de suporte aéreo para as tropas ucranianas. O tanque Abrams M1, o melhor tanque americano, precisa de apoio aéreo e de blindados de transporte de tropas (Bradley) para atender às expectativas. Sem isto fica um pato manco exposto à artilharia russa, o que vem acontecendo.
Tanto isto é verdade que “o Financial Times publicou que ‘oficiais americanos estão privadamente se preparando para o que inacreditavelmente parece ser uma guerra de atrito que se prolongará até próximo ano’, fazendo eco e uma publicação anterior do Wall Street Journal que dizia que ‘os estrategistas e os políticos influentes em todo Ocidente já estão pensando sobre uma ofensiva de primavera no próximo ano’ e sobre ‘como se preparar para um conflito prolongado’”[4].
Biden espera prolongar a guerra e a “ajuda” à Ucrânia para prevenir que o próximo Presidente cancele o envio de equipamento militar e suspenda o financiamento:
“A administração Biden está tentando chegar a um acordo de ajuda de longo prazo à Ucrânia com os aliados europeus, na esperança de impedir que a Rússia ganhe vantagem no campo de batalha e de prejudicar a capacidade de um futuro presidente de reduzir os compromissos dos EUA, informou o The Wall Street Journal
[1]https://t.me/ukr_leaks_eng/4301
[2]Polish-Ukrainian friendship masks a bitter, bloody history, https://apnews.com/article/poland-ukraine-history-war-bandera-tensions-d6a4743ca945dc3144886d9232ed795d
[3]https://www.dw.com/en/satisfaction-in-german-government-plummets/a-66690143
[4]Why Ukraine War will last YEARShttps://www.youtube.com/watch?v=QSHz6GhZ34Aver a denúncia de líder ucraniano entre 6’57” e 7’15” - REDACTED (transcrição e tradução minhas)
na terça-feira.(...) O esquema surgiu durante conversações paralelas entre os líderes do Grupo dos Sete numa cúpula da OTAN em julho, e até agora envolve negociações entre os EUA e a Ucrânia, e entre o Reino Unido e a Ucrânia, de acordo com o WSJ. É uma tentativa, em parte, de convencer o Presidente russo, Vladimir Putin, de que pode simplesmente esperar até uma nova administração americana, já que vários dos principais candidatos políticos do Partido Republicano manifestaram a intenção de reduzir ou eliminar a ajuda dos EUA, que constitui a maior parte do apoio ocidental.(...) Trump afirmou que poderia resolver a guerra “dentro de 24 horas”. No primeiro debate republicano nas primárias, na quarta-feira, vários candidatos indicaram que apoiariam a redução da ajuda à Ucrânia[1].
A hipocrisia impera entre os países da OTAN. Mas isto não é novo. Preciso voltar brevemente à sequência do artigo anterior quanto às promessas da OTAN à Rússia.
O QUE YELTSIN OUVIU DOS LÍDERES OCIDENTAIS
Desde que o passado deixou de lançar sua luz sobre o futuro, a mente do homem vagueia na obscuridade
ALEXIS DE TOCQUEVILLE
Atrás do véu diáfano da fantasia a nudez crua da verdade
EÇA DE QUEIROZ
Meu intento nesses artigos é, através da luz da história, levantar o véu da fantasia e enxergar a crua verdade. Esta é que o Ocidente através da OTAN provocou esta guerra e não um suposto, mas nunca comprovado, expansionismo russo pós guerra fria. Enquanto Gorbachëv tentava enganar o mundo dizendo que a dissolução da URSS significava o fim do comunismo, o Ocidente tentava enganar os líderes da nova Federação Russa de que a paz estava selada pelo programa Partnership for Peace (Parceria para a Paz). As mentiras contadas a Gorbachëv já foram abordadas.
Documentos desclassificados de arquivos dos EUA e da Rússia mostram que as autoridades dos EUA levaram o presidente russo Boris Yeltsin a acreditar em 1993 que a Parceria para a Paz era a alternativa à expansão da OTAN, em vez de um precursor dela, ao mesmo tempo que planejavam a expansão após a tentativa de reeleição de Yeltsin em 1996 e dizendo repetidamente aos russos que o futuro sistema de segurança europeu incluiria, e não excluiria, a Rússia.
O relato desclassificado (em 16 de março de 2018)[2]dos EUA de uma conversa importante em 22 de outubro de 1993 mostra o Secretário de Estado de Clinton, Warren Christopher, assegurando a Yeltsin em Moscou que a Parceria para a Paz consistia em incluir a Rússia junto com todos os países europeus, não em criar uma nova lista de membros de apenas alguns países europeus para a OTAN; e Yeltsin respondendo: “Isso é genial!”
Christopher afirmou mais tarde nas suas memórias que Yeltsin entendeu mal – talvez por estar bêbado – a verdadeira mensagem de que a Parceria para a Paz iria de fato “levar à expansão gradual da OTAN”; mas o verdadeiro telegrama escrito pelos americanos relatando a conversa apoia as subsequentesreclamações russas sobre terem sido enganadas.
[1]Biden Admin Seeks Long-Term Ukraine Aid Plan To Prevent Next President From Scaling Back Funding, https://gellerreport.com/2023/08/biden-regime-seeks-long-term-ukraine-aid-plan-to-prevent-next-president-from-scaling-back-funding.html/?lctg=23815691
[2]https://nsarchive.gwu.edu/briefing-book/russia-programs/2018-03-16/nato-expansion-what-yeltsin-heard
Como pode-se ver: James Goldgeier foi o primeiro a apontar a contradição entre o que Yeltsin ouviu e o que os americanos realmente tinham em mente, no seu relato oficial sobre a decisão dos EUA de expandir a OTAN, emNot If But When, p. 59[1]. Sua análise ainda mais detalhada está em WarOnTheRocks, “Promises Made, Promises Broken: What Yeltsin Was Told About NATO in 1993 and Why It Matters”[2], 12 de julho de 2016. Como escreveu Goldgeier: “Embora historiadores, cientistas políticos e políticos com poderes decisórios se tenham concentrado nas percepções erradas criadas pelas reuniões de 1990, mais importante para a desavença que emergiu em meados da década de 1990 durante o alargamento da OTAN foram as percepções erradas resultantes das reuniões entre Clinton, Yeltsin e os seus assessores mais próximos.Resumindo todas as ambiguidades daquele período, mais do que qualquer outra reunião, houve uma conversa que teve lugar em Moscou, em outubro de 1993. O Secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, viajou para Moscou para explicar, antes da cúpula da OTAN de Janeiro de 1994, que os Estados Unidos não apoiaria a adesão de novos membros à aliança, mas preferiria desenvolver uma Parceria para a Paz que incluísse todos os estados do antigo Pacto de Varsóvia, incluindo a Rússia. O alívio de Yeltsin foi palpável. Ele pensou ter escapado do alargamento da OTAN numa altura em que se encontrava numa violenta batalha política contra a linha dura interna. Um ano mais tarde, quando descobriu que o alargamento não estava apenas em projeto, mas que já estava ocorrendo e de fato iria prosseguir, Yeltsin ficou apoplético e criticou publicamente Clinton numa reunião em Budapeste.”
“As reuniões de 1990 e 1993 simbolizam a narrativa de toda a década: embora desejosos de uma nova relação com a Rússia, os Estados Unidos viam-se como vencedores da Guerra Fria e tinham o poder de moldar a dinâmica de segurança em toda a Europa. Yeltsin, entretanto, acreditava ter sido responsável pela derrubada do comunismo e queria que o lugar do seu país na Europa fosse reconhecido, mas não tinha poder para reagir contra as iniciativas dos EUA que ele acreditava que apenas serviram para fortalecer os seus adversários mais nacionalistas na Rússia” (ibid).
1994 foi o ano da decisão final para a expansão da OTAN. Segundo um dos principais empresários políticos, Ronald D. Asmus[3], a expansão da OTAN era sem dúvida uma das coisas mais distantes da mente de Bill Clinton quando tomou posse como Presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 1993. Governador do pequeno estado do Arkansas, no sul, tinha sido eleito com base numa agenda de renovação interna após a fim da Guerra Fria. Ao longo da campanha presidencial, Clinton concentrou-se nas fraquezas internas dos EUA. “Colocar as pessoas em primeiro lugar” foi o slogan de sua campanha. O grito de guerra da campanha: “é a economia, estúpido!”, cunhada por James Carville in 1992 foi, pelo menos em parte, uma crítica à negligência do Presidente George H W Bush relativamente às questões internas e ao seu interesse pela política externa. Clinton evitou cair no mesmo problema “mas em 1994 foi o ano em que a Administração Clinton atravessou o Rubicão ao decidir expandir a OTAN. Essa decisão não ocorreu num passo claro ou decisivo, mas sim através de uma série de medidas políticas que, cumulativamente, colocaram a Administração no rumo certo para abrir a porta da OTAN à Europa Central e Oriental. Numa cúpula da OTAN em janeiro, os EUA e os seus aliados abraçaram em princípio o objetivo da expansão da OTAN rumo ao Leste. O Presidente Clinton reuniu-se então com os chefes de Estado do Visegrád
[1]Not Whether But When: The U.S. Decision to Enlarge NATOhttps://www.amazon.com/Not-Whether-But-When-Decision/dp/081573171X
[2]Promises Made, Promises Broken? What Yeltsin Was Told about NATO in 1993 and Why it Matters
[3]Opening NATO's Door: How the Alliance Remade Itself for a New Era, Columbia Univ. Press, 2002
(República Tcheca, Hungria, Polônia e Eslováquia)em Praga, onde afirmou que o alargamento ‘já não era uma questão de se, mas de quando e como’.
A marcha da OTAN para leste já havia começado, com a aliança incorporandofinalmente não só antigos satélites soviéticos, mas até antigas repúblicas soviéticas. Com efeito, as decisões políticas dos EUA responderam favoravelmente às aspirações dos Estônios, Letões e Lituanos, ao mesmo tempo que desconsideravam os interesses de segurança russos, aparentemente assumindo que os líderes do Kremlin não tinham outro recurso senão ceder.
“Enquanto a Rússia permaneceu fraca, esse pode muito bem ter sido o caso. Como que para insistir no assunto, os sucessores de Clinton até brincaram com a ideia de convidar a Geórgia e a Ucrânia a aderirem à OTAN – mais ou menos o equivalente a incorporar Cuba e o México no Pacto de Varsóvia, nos velhos tempos.Nessa altura, um líder do Kremlin que confiava menos no Ocidente do que Gorbachev tinha decidido que já era suficiente (enough is enough). Vladimir Putin teve uma participação política no KGB, mas é também indiscutivelmente um patriota russo, e deixou claro que a expansão da OTAN para leste tinha terminado. A intervenção armada de Putin na Geórgia em 2008, a anexação da Crimeia em 2014 e as múltiplas incursões na Ucrânia iniciadas nesse mesmo ano suscitaram gritos de protesto por parte dos comentaristas de Washington. Putin, acusaram, estava atropelando as normas de conduta internacional que deveriam governar o comportamento no mundo pós-Guerra Fria” [1].
A OTAN atual é composta por 31 nações, mais de duas vezes e meia do que o número de membros quando o Secretário Baker prometeu a Gorbachëv que a aliança não avançaria um único centímetro para leste. E há quem diga que não, a OTAN não se expandiu! Apenas aceitou o pedido dos países que queriam fugir da área de influência russa. Garantias dadas foram jogadas no lixo!E isto foi seguir normas de conduta internacional que deveriam governar o comportamento no mundo pós-Guerra Fria?
UMA GUERRASEM SENTIDO E INCONSTITUCIONAL
The War Powers Resolution é uma lei federal destinada a limitar o poder do presidente dos EUA de comprometer os Estados Unidos em um conflito armado sem o consentimento do Congresso dos EUA. A resolução foi adotada na forma de uma resolução conjunta do Congresso dos Estados Unidos. Declara que o objetivo desta Lei é cumprir a intenção dos redatores da Constituição dos Estados Unidos e garantir que o julgamento coletivo do Congresso e do Presidente se aplique à introdução das Forças Armadas dos Estados Unidos em hostilidades, ou em situações em que o envolvimento iminente nas hostilidades seja claramente indicado pelas circunstâncias, e ao uso continuado de tais forças nas hostilidades
Joint resolution concerning the War powers of Congress and the President
07/11/1973
Deixo a palavra com o Juiz Andrew Napolitano [2]:
“Todo o poder do governo federal vem da Constituição e de nenhuma outra fonte. O Congresso, no entanto, conseguiu alargar o seu alcance para além dos limites da
[1]Andrew Bacevich, When Washington Assured Russia NATO Would Not Expand: How America's failure to honor a 1990 commitment led to many of today's global criseshttps://hdepaola.substack.com/p/war-artigo-que-corrobora-o-que-tenho
[2]Judge Andrew Napolitano: War and Honesty, https://heartlanddailynews.com/2023/06/judge-andrew-napolitano-war-and-honesty/
Constituição no nível interno, gastando dinheiro em áreas que não pode regular e comprando o cumprimento aos estados através de suborno.
O mesmo acontece na política externa. O Congresso não pode declarar legalmente guerra à Rússia, uma vez que não há razão militarmente fundamentada para o fazer. A Rússia não representa nenhuma ameaça à segurança nacional americana. Além disso, os EUA não têm nenhum tratado com a Ucrânia que desencadeie uma defesa militar americana. Mesmo assim, o Congresso gasta dinheiro na guerra na Ucrânia.
Segundo a Constituição, apenas o Congresso pode declarar guerra. A última vez que o fez foi para iniciar o envolvimento americano na Segunda Guerra Mundial. Mas oCongresso concedeu autoridade limitada aos presidentes e permitiu-lhes travar guerras não declaradas. Exemplos disso são as invasões criminosas do Presidente George W. Bush no Afeganistão e no Iraque – será que alguma vez encontrou essas armas de destruição em massa? - e a Resolução sobre Poderes de Guerra de 1973.
O Congresso não só não declarou guerra à Rússia; não autorizou o uso de forças militares americanas contra ela. No entanto, deu ao presidente Joe Biden um cheque em branco de 113 bilhões de dólares e autorizou-o a gastá-lo em equipamento militar para a Ucrânia da maneira que achar melhor.Ele prometeu continuar a dar à Ucrânia tudo o que for necessário “enquanto for necessário”.
Quanto tempo for necessário para fazer o quê? Ele não pode responder a essa pergunta porque não tem um objetivo militar claro. Eliminar as tropas russas da Ucrânia e da Crimeia ou o presidente russo, Vladimir Putin, do cargo não são objetivos militares americanos realisticamente alcançáveis.Os tratados dos quais os EUA são parte limitam a sua guerra ao que é necessário, defensivo e proporcional. Assim, se uma potência estrangeira estiver prestes a atacar – como no 11 de Setembro, enquanto o governo dormia – o presidente pode atacar primeiro. Para além de um ataque iminente, a base para a guerra deve ser real, a ameaça militar do adversário deve ser grave e palpável, o objetivo da guerra deve ser claro e alcançável e os meios devem ser proporcionais à ameaça.
A Rússia ameaçou os EUA? Não. Que atos graves os militares russos cometeram contra os EUA? Nenhum. Qual é o objetivo de Biden? Ele não vai dizer.
O Congresso defende a Constituição? O presidente? As respostas são óbvias. Depositamos a Constituição para guarda nas mãos de hackers políticos desonestos que a ignoram. As consequências são a morte de inocentes, dívidas intermináveis e a perda em massa da liberdade pessoal”.
Os motivos mais estapafúrdios são apresentados para a ação americana não previstos na Constituição. Reparem os leitores que a Resolução sobre os Poderes de Guerra é do ano 1973, ainda durante a Guerra do Vietnam, uma guerra não declarada, inconstitucional e que chegou a envolver meio milhão de soldados americanos, sendo que 10% deles retornaram em caixões de defuntos. Há este risco atual? Sim. Já existem tropas americanas na Ucrânia, mas quais são, quantos são, para quê, estão matando soldados russos? Mistério para enganar o povo americano!
1. Um dos motivos ridículos é que a guerra é para preservar a integridade territorial e a soberania da Ucrânia e sua “pujante” democracia. Totalmente improcedente, já que Zelenskyifechou 11 partidos de oposição, estatizou todos os meios de comunicação televisivos e acabou de cancelar as eleições legislativas marcadas para outubro de 2023 e a presidencial para março de 2024 com a desculpa esfarrapada de que não tem dinheiro para realizar eleições em tempo de guerra e só poderá ocorrer se a OTAN pagar. Antes havia afirmado que a Constituição proíbe eleições quando sob Lei Marcial, depois, como sempre faz, chantageou o ocidente: pagam que eu faço! E a Constituição? Vende-se?Zelenskyi fez os comentários no domingo em resposta aos apelos do senador Lindsey Graham (R-SC) para que a Ucrânia realizasse eleições em 2024. O líder ucraniano reconheceu que o seu país poderia perder algum apoio ocidental por não realizar eleições enquanto a guerra estava a ser vendidacomo uma batalha para defender a democracia[1].Disse que as eleições em tempos de paz custariam 5 bilhões de hryvnia (135 milhões de dólares) e que não tinha a certeza de quanto custaria realizá-las em tempos de guerra. O líder ucraniano acrescentou que não usaria dinheiro destinado a armas para realizar uma votação. “Não vou tirar dinheiro das armas e dá-lo às eleições”, acrescentou. Exemplo de democrata, não?
2. O motivo apresentado por Mitt Romney, por mais hipócrita que seja, não está dando certo.
Em primeiro lugar as sanções contra a Rússia foram um tiro pela culatra[2]: As sanções contra a Rússia provaram ser uma farsa, com um efeito negativo prejudicial contra as economias europeias, as contínuas (mas nunca mencionadas) importações ocidentais de energia da Rússia, uma grande recuperação no crescimento do PIB russo desde o início de 2022 e um importante programa russo de substituição de importações visando uma longaautossuficiência a prazo em bens e serviços anteriormente adquiridos do Ocidente. Nos primeiros 7 meses de 2023, a Rússia foi o segundo maior fornecedor de GNL (Gás Natural Liquefeito) aos países da EU.
Embora a importação do petróleo russo esteja proibida, os combustíveis derivados do petróleo russo estão a inundar a Europa. Isto acontece porque as vendas de petróleo russo para a China, a Índia e a Turquia cresceram – de onde é transformado em derivados petrolíferos que são exportados para o Ocidente.
As importações de da Índia da Rússia pela Índia atingiram um pico de 69 milhões de barris em maio, quase dez vezes mais do que no mesmo período de 2021, enquanto a Índia enviou 5,1 milhões de barris de diesel e 3,2 milhões de barris de combustível de aviação para a UE em junho, em comparação com 1,68 milhões de barris de diesel e 0,51 milhões de barris para aviação em junho de 2021.
A Ucrânia apelou ao Ocidente para proibir o fornecimento de todos os produtos petrolíferos refinados aos países do G7 se estes fossem produzidos com petróleo russo, mas tal medida arriscaria sérios custos econômicos para as economias industriais num momento de inflação elevada e de uma temida recessão.
É claro que o ocidente não está disposto a isto. Perdas? Nunca! Só de vida de cidadãos ucranianos.Hipocrisia na continuação do comércio ocidental com a Rússia “por debaixo dos panos”.
Embora preguem o ódio à Rússia, certos países ocidentais ainda conseguem exportar grandes quantidades para o país. Por exemplo, houve um aumento maciço nas exportações alemãs para o Quirguistão! Por que? – porque de lá podem ser exportados para a Rússia! Da mesma forma, as exportações de automóveis alemães para o Cazaquistão cresceram 507% entre 2021 e 2022, e para a Armênia
[1]Dave DeCamp, https://hdepaola.substack.com/p/zelensky-diz-que-as-eleicoes-na-ucrania?utm_source=substack&utm_medium=email
[2]Rodney Atkinson, https://hdepaola.substack.com/p/a-hipocrisia-das-sancoes-do-ocidente?r=2gg6nv&utm_source=substack&utm_medium=email
761%. As exportações de produtos químicos para a Armênia aumentaram 110% e para o Cazaquistão 129%. As vendas de equipamentos elétricos e de informática para a Armênia cresceram 343%. Quase todos à venda para a Rússia! E os EUA, como aponta a Bloomberg, ainda importam enormes quantidades de urânio da Rússia porque a Rosatom ainda é o maior fornecedor mundial de urânio e fornece quase um quarto dos 92 reatores nucleares dos EUA(ibid).E há muito mais nesta fonte!
“Toda essa maracutaia é conhecida como transshipment (transbordo) e sabe-se lá que tipo de acordo ocorre na coxia desse teatro mambembe de quinta categoria. No ínterim milhares de inocentes e néscios estão sendo executados. Tamanha insanidade em algum momento será eliminada[1].
Outro ponto falho é a transferência de fundos russos congelados como parte das sanções, para os veteranos ucranianos: Christopher C. Black, um advogado criminal internacional com 20 anos de experiência em crimes de guerra e relações internacionais, disse à Sputnik que “não era legalmente possível” fazer o que Blinken declarou que os EUA alegavam fazer.“Parece-me que as declarações de suas intenções de usar bens apreendidos para financiar o regime ucraniano são mais para fins de propaganda do que para efeitos econômicos reais. Eles fazem esses anúncios de vez em quando para tentar humilhar a Rússia e mostrar à Rússia quem manda, ou assim pensam”, disse Black à Sputnik, acrescentando que tais medidas visavam prejudicar o prestígio russo. “Mas ocorre o contrário. É a sua reputação e prestígio [dos EUA] que são minados, a sua alegada adesão ao Estado de direito, ao direito à propriedade e à justiça. Eles revelam-se pelo que são e a consequência é que os cidadãos e os governos nacionais ficarão relutantes em ter qualquer tipo de bens colocados nessas nações se puderem ser confiscados sob qualquer pretexto. Por isso, acaba por prejudicar as suas próprias economias e o sistema econômico mundial.”[2]
3. A contraofensiva ucraniana está vencendo a guerra?
Esta mentira é propagandeada pela mídia ocidental diuturnamente, mas como já vimos acima, já estão preparando outra para a próxima primavera (março a junho de 2024). A verdade é que a contra ofensiva foi um fracasso total. “Já se passaram quase três meses desde o lançamento da tão esperada contraofensiva da Ucrânia, que muitos “especialistas” alegaram que seria o golpe fatal que removeria completamente as forças russas do país. A ação inicial ganhou pouco; cerca de 90 milhas quadradas de território em junho e um punhado de aldeias, e com grande custo.Os números oficiais do Departamento de Defesa afirmam que a Ucrânia perdeu mais de 100.000 soldados desde o início do conflito (quase o dobro da quantidade de mortos dos EUA durante toda a Guerra do Vietname). Outras estimativas são muito mais altas. Combatentes estrangeiros que regressam das linhas da frente relatam um exército ucraniano mal gerido e caótico que utiliza tácticas mal concebidas. Alguns dizem que as unidades para as quais foram designados perderam 80% ou mais dos seus homens nos últimos meses. A liderança militar da Ucrânia também tem utilizado indevidamente a sua frota de tanques e veículos blindados da NATO, enviando-os “diretamente para campos minados” em alguns casos. Como observam os voluntários, os ucranianos
[1] Comentário de César Tonheiro
[2]Not Legally Possible’ for US to Transfer Seized Russian Assets to Ukraine - Int’l Lawyer
receberam formação sobre como operar os veículos, mas nenhum treino sobre como utilizá-los eficazmente num combate”.[1]
Culpa dos soldados ucranianos? Não. Estão combatendo heroicamente, mas como já referido estão recebendo equipamentos para os quais não estão treinados e nem esclarecidos de como e quando utilizá-los, como os tanques Abrams e Leopard. “tem utilizado indevidamente a sua frota de tanques e veículos blindados da OTAN, enviando-os “diretamente para campos minados” em alguns casos. Como observam os voluntários, os ucranianos receberam formação sobre como operar os veículos, (mas não treinamento intensivo)mas nenhum treino sobre como utilizá-los eficazmente num combate” (ibid).
A situação está tão desesperadora que a Polônia está extraditando, a pedido da Ucrânia, todos os fugitivos capazes de lutar [2] e na falta de homens já estão recrutando mulheres [3] e pessoas normalmente incapacitadas para lutar.
Durante uma reunião com parlamentares europeus o Secretário Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, não contestou a afirmação da Deputa Irlandesa Claire Daily: “Você disse que a Ucrânia está conquistando territórios gradualmente. Porém isto não é correto. Meio milhão de pessoas morreram. Agora começaram a mobilizar até os doentes em condições limitadas”. Stoltenberg evitou uma resposta direta, mas afirmou que “vemos que a Rússia construiu sua defesa corretamente” (Comentário no Telegram)
Até mesmo fontes que geralmente mentem para dar uma aparência de que há chances para a Ucrânia, como a Radio Free Europe estão reconhecendo: “Embora as forças ucranianas tenham feito alguns progressos na região sul de Zaporizhzhiya e na região oriental de Donetsk, os avanços foram pequenos. Alguns dos apoiadores ocidentais da Ucrânia expressaram frustração com o ritmo lento da ofensiva”[4]. Como talvez último recurso, a Ucrânia está oferecendo US$ 500,000 para cada soldado russo que deserte e se uma às suas forças [5]. De onde sairá este dinheiro?
“O destino da Ucrânia foi selado muito antes a sua contraofensiva ser reprimida pelas defesas da Rússia. As raízes do desastre militar da Ucrânia podem ser encontradas nos campos de treino da OTAN, onde os soldados ucranianos foram induzidos a acreditar que o treino que recebiam lhes daria capacidade semelhante à da OTAN no campo de batalha. Mas o léxico da guerra de armas combinadas, a menos que esteja ligado a princípios, tácticas, técnicas e procedimentos doutrinariamente sólidos, é apenas uma colecção de palavras desprovidas de significado e substância.” [6]
De acordo com o Washington Post, muitos cidadãos da Ucrânia estão experimentando um sentimento sombrio sobre a guerra e a unidade nacional
[1]Contraofensiva fracassada: a Ucrânia está perdendo porque os combatentes estrangeiros estão indo embora?https://hdepaola.substack.com/p/contra-ofensiva-fracassada-a-ucrani
[2]They're kicking Ukrainian men out of Poland, sending them back to fight,Redacted News:
[3]Ukraine has NO men left and now they're recruiting women to fight",Redacted News
[4]Breakthrough. Bridgehead. Salient. Glimmers Of Progress, And Hope, In Ukraine's Advances
https://www.rferl.org/a/ukraine-counteroffensive-hope-advances-breakthroughs/32581270.html
[5]Bolsa Rendição” – Ucrânia paga até US$500 mil pela rendição de pilotos russos
[6]Scott Ritter,https://hdepaola.substack.com/p/o-destino-da-ucrania-foi-selado-muito?utm_source=substack&utm_medium=email
começa a se desgastar. Esta mudança nos sentimentos surgiu pelos resultados da contraofensiva da primavera que falharam nos propósitos de retomar territórios importantes, apesar do aumento do número de baixas. Os ucranianos, que necessitam de boas notícias, não recebem nenhuma. Washington publicamente diz que enviou tudo que a Ucrânia precisa para uma contraofensiva bem sucedida. No entanto, oficiais ocidentais admitiram ao Wall Street Journal que as forças não tinham equipamentos críticos. Uma soldada ucraniana, Alla Blyzniuk, referiu que “antes o povo estava unido, agora há um sentimento de desapontamento coletivo”. Não será pela percepção de que ninguém, na verdade, parece estar muito preocupado com os ucranianos hoje ou o que sobrará da Ucrânia amanhã, como disse Tiago Franco, do jornal português Página Um, ao comentar que os supostos aliados mandam muito dinheiro mas equipamentos inadequados?